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Pressão sobre preço do petróleo deve seguir com conflitos e demanda, dizem analistas

Bomba para extração de petróleo nos arredores de Almetyevsk, na República do Tartaristão, Rússia 4/6/2023 REUTERS/Alexander Manzyuk/Arquivo
Conteúdo XP

A ampliação do conflito no Oriente Médio, ainda que de maneira pontual, tem pressionado o petróleo. No entanto, a commodity já vem dando sinais de alta há algum tempo.

Maria Irene Jordão, analista de estratégia global da XP, no programa Expert Talks da XP, afirma que “existe uma simetria mais para alta do petróleo do que para baixa”. Para ela, as questões geopolíticas estão longe de serem resolvidas e há chance alta de piora do cenário global.

A analista acrescenta, no entanto, que a pressão do petróleo não vem apenas do conflito entre Israel e Hamas, agora mais ampliado no Oriente, ainda que de forma pontual, com atuação da milícia houthi no Mar Vermelho, e o ataque do Irã ao território israelense no final de semana.

Influência nas eleições nos EUA

Outros riscos de pressão do petróleo estão no desenvolvimento da Guerra da Ucrânia, onde os alvos na Rússia têm se concentrado na infraestrutura do petróleo russo.

Além disso, Maria Irene Jordão diz que há necessidade de reposição dos estoques de petróleo nos EUA, o que cria uma “força de compra”, embora o governo esteja analisando como adotar a medida já que pode elevar o preço do combustível e no ano eleitoral não seria uma estratégia positiva.

Jordão cita ainda a influência da Opep e o aumento da demanda global, com a retomada na China, como outros indutores importantes do preço do petróleo.

Petróleo: demanda global

Helena Kelm, analista de óleo, gás e petroquímicos no Research da XP, que também participou do Expert Talks, afirma que o preço forte registrado no início do ano para o petróleo não teve somente componentes geopolíticos, mas também aumento da demanda global.

Alexandre AAgesen, investor XP Unique, no mesmo programa, afirma que hoje “o petróleo está muito ao sabor das notícias mais quentes” no mundo que mexem com as commodities, e não mais tanto a reboque tanto de uma grande demanda de um país.

Mais dificuldades dos bancos centrais

Francisco Nobre, economista da XP, mostrou preocupação com a inflação no Expert Talks, que sempre sofre pressão quando o petróleo sobe.

“Alta do petróleo traz mais um elemento para se preocupar nos EUA. Ele tem efeito direito no headline da inflação”, afirma. O economista menciona que se o petróleo perdurar com alta por mais tempo pode afetar o núcleo de inflação nos EUA, que é o que o Fed observa sobre o ciclo inflacionário.

“No ambiente atual, que a inflação continua alta, acima da meta, nos EUA e Europa, qualquer aumento da perspectiva da inflação acaba dificultando o trabalho dos bancos centrais para cortar juros”, afirma.

“O cenário continua incerto e o petróleo adiciona volatilidade e incerteza as perspectivas monetárias lá fora”, acrescenta.

Processo de desinflação ameaçado

Elijah Oliveros-Rosen, economista-chefe para mercados emergentes da S&P Global Ratings, aponta que os ataque de drones do Irã a Israel poderá exercer ainda mais pressão ascendente sobre os preços do petróleo, ameaçando os processos de desinflação dos mercados emergentes.

“Isto poderá abrandar ou atrasar a redução das taxas de juros pelos bancos centrais, uma vez que se espera que aliviem a política nos próximos trimestres”, diz.

“Isto é especialmente verdadeiro para os principais importadores líquidos de energia dos mercados emergentes, uma vez que o potencial para contas externas mais fracas associadas, poderia manter os bancos centrais mais cautelosos na redução das taxas para evitar saídas desordenadas de capitais”, avalia.

Ele lembra que entre os principais mercados emergentes, o Chile, a Hungria, a Polônia, a Turquia, as Filipinas, a Tailândia e a Índia são os maiores importadores líquidos de energia.

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