A inadimplência entre clientes do agronegócio, que teve a contribuição de “situações oportunistas” que se aproveitaram para incentivar pedidos de recuperação judicial da empresas do setor, já atingiu o seu ápice e deve começar a cair no primeiro semestre de 2026, segundo Carlos Antônio Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, que falou com exclusividade ao InfoMoney Entrevista.
Vieira comparou o atual cenário do crédito rural ao que ocorreu no mercado imobiliário brasileiro há cerca de 15 anos, quando o excesso de liquidez levou a investimentos desordenados e dificuldades financeiras. Segundo o executivo, o agronegócio passou por um período de expansão de crédito que, em parte, resultou em excesso de financiamento destinado à formação de bens econômicos, que demandam tempo para maturação.
Ainda assim, segundo Vieira, a situação foi agravada por oportunistas que estimulam solicitações de recuperação judicial. “Temos, sim, hoje um problema a discutir, além de outros aspectos ligados, que são situações oportunistas [criadas] por aqueles que não querem o bem do Brasil e que estão chamando essas empresas a entrar no processo de recuperação judicial. Isso é ruim para todo mundo”, afirmou Vieira.
Recentemente a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, afirmou que escritórios de advocacia estavam incentivando pedidos de recuperação judicial focados no banco, classificando a situação como litigância predatória e estudando medidas legais para combater o problema.
Apesar do aumento da inadimplência, Vieira acredita que a curva está próxima do ápice e que a tendência de queda deve começar já no início de 2026. “Estamos no momento em que, na fase seguinte, teremos a queda dela, acredite, já a partir de janeiro ou do primeiro trimestre de 2026”, afirmou.
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Inadimplência no agro e litigância
A inadimplência no agronegócio tem crescido nos bancos públicos federais, como Caixa, Banco do Brasil (BB), Banco do Nordeste (BNB) e Banco da Amazônia (Basa), refletindo desafios climáticos e econômicos enfrentados pelo setor. Na Caixa, a inadimplência do agronegócio subiu para 7,02% no segundo trimestre de 2025, um aumento de 4,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior, levando o banco a restringir o crédito ao setor.
No Banco do Brasil, maior agente financeiro do agronegócio com quase 50% de participação de mercado, a inadimplência do segmento atingiu 3,94% no primeiro semestre de 2025, ante 1,32% um ano antes.
Especialistas apontam que os principais fatores para a piora são eventos climáticos adversos, como excesso de chuva no Sul e seca no Nordeste, além do impacto da alta da taxa Selic, que chegou a 15% ao ano, elevando o custo do crédito e pressionando a capacidade de pagamento dos produtores.
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