Apesar do receio de muitos profissionais, a melhor forma de garantir um emprego diante da evolução da inteligência artificial é ficar o mais próximo possível dela — e de seus avanços. A opinião é compartilhada por Clifford Young, presidente de assuntos públicos da consultoria Ipsos para os EUA, e Julie Shah, professora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
“20% dos americanos têm algum tipo de automação no trabalho hoje. Observamos que as pessoas que têm contato com a tecnologia são naturalmente mais propensas a vê-la como positiva. A proximidade e o entendimento são cruciais para a boa relação entre humano e inteligência artificial”, disse Young durante o “Delivering The Future”, evento realizado pela Amazon em Seattle, nos EUA*.
Segundo Shah, a implementação e a maior proximidade entre tecnologia e profissional trazem resultados melhores para as empresas. “A co-criação de atividades entre robôs e humanos é o principal item que pode potencializar o nosso trabalho em meio ao avanço da IA e tecnologia de forma geral. O profissional precisa pensar como a IA pode trabalhar a seu favor”, avalia a professora, que também participou do evento.
Ela coordena um laboratório no MIT com uma equipe que vem estudando como os funcionários e as organizações são afetados por tecnologias como robôs e inteligência artificial (IA).
Na visão da especialista, a colaboração entre humanos e robôs é a chave para ser possível adaptar os profissionais à nova era tecnológica. Mas isso só será possível se os profissionais souberem utilizar a tecnologia.
“Treinamentos para as pessoas que não estão atualizadas é a principal coisa a se fazer e uma das críticas para a indústria. Há várias formas de trazer educação, mesmo com o profissional em casa, para cada vez mais engajar os funcionários no tema”, avalia a pesquisadora.
Tye Brady, chefe de tecnologia do Amazon Robotics, centro de distribuição focado em robótica, afirmou que a adoção de tecnologia vem trazendo mudanças para a varejista americana.
“A Amazon começou a investir em robótica em 2012 nos EUA e de lá para cá criamos milhares de empregos. Nesse período, muitas funções sofreram transformações. Mas ao reformular a nossa relação com a máquina, nossos profissionais foram também se adaptando. Percebemos que a nossa produtividade melhorou, além da criação de novas soluções pela integração de funcionários e tecnologia”, afirmou o executivo, também presente no evento da Amazon.
Clifford acrescentou que a colaboração homem-máquina inclui ações governamentais. “Vejo no futuro um papel importante do governo ao intervir e auxiliar com investimentos e criar novas soluções em parceria com todos os agentes envolvidos”, disse.
*A repórter viajou a Seattle a convite da Amazon.
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