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Por que a Açotubo vê recuperação no horizonte de 2024

Depois dos solavancos de demanda e preço que atingiram a indústria brasileira do aço em 2023, a distribuidora de produtos siderúrgicos Açotubo, fundada há meio século pela família Bassi, aposta que 2024 será um ano de melhor desempenho. Projeta-se uma venda maior, de até 15%, com sinais mais consistentes da economia do país. Com isso, a expectativa é recuperar a perda de receita do ano passado. 

“Estamos mais otimistas para este ano”, afirma Bruno Bassi, que assumiu o cargo de CEO da empresa três anos atrás, marcando a chegada da segunda geração familiar ao comando. Ele diz que a demanda nos setores de fabricação de caminhões e máquinas agrícolas, na mineração e em óleo e gás (com estratégia de investimentos da Petrobras) vem mostrando reação. O executivo aponta ainda o setor elétrico, que realizou dois grandes leilões de linhas de transmissão de energia (mais dois certames estão previstos em 2024). “Por meio de uma das nossas empresas, a Incotep, fornecemos sistemas de suporte (tirantes de aço) para as torres dessas linhas”. 

Bassi diz tomar por base o maior entusiasmo de clientes da Açotubo neste início de 2024. A empresa atua com diversos tipos de aço, para aplicações em vários setores da indústria, em máquinas e equipamentos do agronegócio e em obras de infraestrutura. A empresa faz, por exemplo: tubos de inox usados na indústria de alimentos. E também tubos de aço carbono para gás, óleos e produtos químicos. Os tubos são um dos carros-chefes da companhia. 

A expectativa é de vender 115 mil toneladas de produtos beneficiados no ano, entre aços ao carbono, inoxidáveis, tirantes e outros. O objetivo da companhia, que tem suas operações na região metropolitana de São Paulo (município de Guarulhos), é retomar o nível de receita de 2022, quando bateu o recorde de R$ 2,4 bilhões. O ano passado fechou na casa dos R$ 2 bilhões.

Com a  Açotubo Soluções, a empresa atende fabricantes de cabines para tratores na indústria de transportes, além de outros fabricantes. Para geração de energia solar, que vive uma onda de investimentos no país, produz estruturas para suporte dos painéis. “São grandes clientes que têm projetos em fazendas solares”, informa o empresário, acrescentando que a demanda vinda daí é robusta.

A empresa fez em 2021 uma joint venture com a fabricante francesa de tubos sem costura Vallourec, que tem unidades siderúrgicas em Minas Gerais, para atuar em tubos industriais. A capacidade é para 70 mil toneladas anuais e um dos mercados é o automotivo. A Açotubo tem 25% do negócio, com direito a um representante no conselho de administração. 

Na busca de novos nichos de negócios, no ano passado a empresa passou a produzir aços forjados, usando material da unidade de aços especiais da Gerdau. Um dos mercados é o construção mecânica, com peças e componentes para caminhões pesados. E neste ano a empresa está levando ao mercado uma linha de acessórios que atuem no combate de incêndio. São itens acoplados em grandes peças e componentes, funcionando como sprinklers (dispositivo para apagar chamas usando água).

Bassi diz que o programa de investimentos prevê de R$ 30 milhões a R$ 35 milhões no ano, concentrado nas operações industriais. O CEO garante que a companhia não tem endividamento financeiro – se financia pela geração de caixa. Além do parque fabril em Guarulhos, a Açotubo conta com filiais espalhadas em seis estados das regiões Sudeste e Sul.  O grupo tem ainda  participações em duas empresas situadas no Peru e Colômbia. Ambas atuam na fabricação de tirantes de aço (sistemas de ancoragem de estruturas diversas). 
 
O executivo informa que 85% do aço que distribui e beneficia é adquirido no país, de empresas como Gerdau, Vallourec e Aperam. “Os 15% que trazemos de fora são tipos de aços não fabricados no país”, afirma Bassi. 

Sobre a forte entrada de aço no mercado nacional, principalmente de China, Coreia do Sul, Rússia, entre outros países, afirma que gera um dilema para o país. Por uma lado, mais produtos a preço mais baixo traz mais competitividade para a cadeia industrial; por outro lado, afeta as operações das siderúrgicas que estão operando no Brasil. “Nós, como distribuidor, temos de nos adequar a esse cenário”.  

Passados três anos de gestão, Bruno Bassi diz que o foco tem sido em digitalização das atividades na empresa, melhorias de governança (conta com assessoria de consultoria internacional há dois anos) e em ESG (sigla para ações de meio ambiente, sócio-econômicas e de governança). “Queremos publicar o primeiro balanço social ao final deste ano ou em 2025. Criamos um Comitê de Finanças e Riscos”, diz. Além dos três acionistas (o pai e dois tios), o conselho de administração tem dois membros independentes. 

Na gestão da Açotubo, atualmente estão quatro membros da segunda geração da família – Bruno (CEO), Vinícius (no Marketing), Larissa (Recursos Humanos e Business Partners) e Natália (Coordenação do Conselho de Família). A irmã Caroline, que fez carreira no exterior, vai se juntar a eles em breve. O Conselho de Família trata dos interesses dos herdeiros e da preparação da  geração futura. “Já são quatro herdeiros da terceira geração e um quinto está a caminho”, comenta o executivo. Atualmente, a  companhia tem 960 funcionários. 
 


 


 

 

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