O álcool líquido 70% registra seu último final de semana de vendas nos supermercados e nas farmácias do país. Na segunda-feira (29), será o último “respiro”, quando o produto terá seu último dia de presença nas gôndolas. A partir de terça (30), a venda do líquido já estará proibida em todo o Brasil.
A medida segue determinação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que, após quatro anos de prorrogações, resolveu “aposentar” a versão líquida do produto — a forma em gel continuará sendo comercializada.
O varejo, porém, desaprova o fim do álcool líquido. A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) questiona a posição da Anvisa e, com muita pressão, conseguiu uma audiência pública para discutir a questão na Câmara dos Deputados.
Segundo Marcio Milan, vice-presidente da Abras, foram convidados representantes de toda a cadeia produtiva para o debate do assunto que será realizado em breve em Brasília. “Acreditamos que, com esta ação, o Congresso Nacional quer ouvir a população e trazer essa discussão para o Legislativo. Assim, podemos harmonizar a necessidade que o consumidor tem de continuar usando o produto, que ele aprendeu a usar em seu dia a dia”, diz.
O executivo fez ainda um pedido para que os órgãos regulatórios responsáveis olhem para as necessidades do consumidor e deixem que ele tome a decisão.
Segundo o representante da Abras, a proibição da comercialização do álcool líquido vai retirar do consumidor o acesso ao produto de melhor relação custo-benefício, que é comprovadamente eficaz nos cuidados com a saúde, na sanitização de ambientes e na proteção contra doenças, incluindo a Covid-19.
A Abras acrescenta que, desde a autorização da Anvisa em 2022 que permitiu o retorno das vendas do produto, mais de 64 milhões de unidades de álcool líquido 70% foram comercializadas pelos supermercados. “O setor tem observado que o consumidor mantém a preferência pelo álcool 70% na forma líquida por não deixar resíduos em móveis e objetos”. Agora, Milan admite que várias lojas já estão sem o álcool líquido disponível, por causa do fim dos estoques.
Nas farmácias, a informação é de que os estoques também estão menores, mas não houve uma corrida pelo produto antes do fim do prazo. Pelo contrário, algumas empresas alegam que o próprio consumidor já vinha reduzindo a compra com o fim da pandemia.
Entenda a proibição
A venda do produto na forma líquida havia sido autorizada em 2020 como resposta à emergência sanitária da pandemia de Covid-19, mas o prazo da última autorização expirou em dezembro do ano passado.
A permissão de venda, que inicialmente tinha prazo de 180 dias, foi sendo prorrogada diversas vezes em função da crise sanitária. A última autorização de venda do produto se estendia até 31 de dezembro de 2023. Mas para esgotar os estoques nas farmácias e supermercados foi estabelecido um prazo de mais 120 dias, que termina agora no final de abril.
A proibição por 22 anos se deve ao grande número de acidentes registrados por causa da alta inflamabilidade do produto. Segundo a Sociedade Brasileira de queimaduras (SBQ), cerca de um milhão de casos anuais envolvem acidentes com álcool no Brasil, sendo 300 mil deles com crianças menores de 12 anos. Mas vale lembrar que a venda do álcool em gel 70% continua liberada, só o líquido será proibido.
De acordo com o Ministério da Saúde, são registradas cerca de 150 mil internações anuais em decorrência de queimaduras. Com base em levantamentos e consultas com participação da sociedade, a Anvisa explica que, em geral, a situação mais perigosa envolvendo queimaduras está relacionada ao uso do álcool no momento em que as pessoas acendem churrasqueiras e fogueiras.
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