Após a aprovação dos inéditos ETFs (fundos de índice) à vista de Bitcoin (BTC) dos Estados Unidos no início deste ano, o assunto que passou a dominar o mercado de criptomoedas foi o halving, atualização que corta a nova emissão do ativo digital pela metade. Previsto para ocorrer nesta sexta-feira (19) pela quarta vez na breve história do Bitcoin, o evento técnico representa uma mudança significativa na dinâmica de oferta da maior moeda digital do mercada e costuma dar uma chacoalhada nos preços dos criptoativos. Abaixo, o InfoMoney responde as principais dúvidas sobre o evento.
1) O que é o halving?
O halving é um evento programado na blockchain do Bitcoin que reduz a nova emissão da criptomoeda pela metade. A mudança ocorre a cada 210 mil blocos criados, algo que acontece normalmente a cada quatro anos. O bloco é como uma “caixinha registradora” com transações confirmadas na rede – ou seja, ele guarda as informações sobre quem enviou e recebeu criptos.
No primeiro halving, que ocorreu em 28 de novembro de 2012, a emissão caiu de 50 para 25 BTC por bloco emitido a cada 10 minutos, aproximadamente. No segundo, em 9 de julho de 2016, foi reduzida de 25 para 12,5 BTC; no terceiro, em 11 de maio de 2020, passou de 12,5 BTC para 6,25 BTC. Após o halving de 2024, 3,125 BTC serão emitidos a cada 10 minutos.
2) Quando o halving vai ocorrer exatamente?
Como a programação do halving não se dá pelo calendário, mas sim pela contagem de blocos de informações criados na rede, a data em que o evento irá ocorrer depende da velocidade de mineração da criptomoeda, e pode mudar com frequência. Algumas ferramentas como Coingecko, CoinMarketCap e Nicecash permitem fazer a contagem quase em tempo real. Segundo elas, o próximo halving do Bitcoin ocorrerá na noite de sexta-feira, 19 de abril, entre as 19h e as 20h, pelo horário de Brasília.
3) Quem criou o halving?
O halving foi criado por decisão de Satoshi Nakamoto, criador (ou criadores) do Bitcoin. Desenvolvedores, jornalistas, pesquisadores e entusiastas já levantaram algumas hipóteses sobre a quem é ele ou eles, mas ninguém até hoje descobriu sua identidade, que permanece um dos grandes mistérios da indústria cripto.
Outras criptomoedas semelhantes ao Bitcoin também passam pelo evento. O Bitcoin Cash (BCH), um dos principais “clones” do Bitcoin, passou por halving no início deste mês. A Litecoin (LTC), também sucessora do BTC, teve seu upgrad” em novembro de 2023.
4) Por que o halving é importante?
A atualização é uma parte fundamental da política monetária do Bitcoin, pois ajuda a controlar a inflação da moeda ao longo do tempo, garantindo que a oferta de unidades de BTC seja limitada e previsível. No total, somente 21 milhões de Bitcoins podem minerados, algo que deve ocorrer por volta do ano de 2140. Atualmente, há 19,68 milhões de Bitcoins em circulação, segundo o agregador CoinMarketCap.
As criptomoedas mineradas basicamente são as recompensas pagas aos mineradores que usam poder computacional para resolver problemas matemáticos complexos e conseguir registrar as transações na blockchain. Esse “pagamento” aos mineradores é entendido como a “emissão” de novas unidades do ativo digital, visto que elas são colocadas em circulação no mercado.
5) Como o halving afeta o preço do Bitcoin?
Na curta história do Bitcoin, o halving foi sinônimo de catalisador de preço da criptomoeda. Um ano após o primeiro evento, ocorrido em 2012, o Bitcoin subiu 7.956%. Após o segundo halving, em 2016, o criptoativo avançou 270% nos 365 dias seguintes. Já na sequência do terceiro, realizado em 2020, o BTC registrou alta de 533% no mesmo período.
6) Por que o preço caiu antes?
Segundo analistas, o Bitcoin cai nos dias que antecedem a atualização porque os investidores realizam lucro após alta de 100% no acumulado do ano. Além disso, mineradores tendem a vender parte de suas moedas para cobrir custos operacionais, o que ajuda a aumentar a pressão vendedora.
“Para os investidores e entusiastas do Bitcoin, o halving pode ser um momento emocionante, mas também volátil. É importante estar preparado para a possibilidade de flutuações de preço e considerar estratégias de curto e longo prazo para lidar com elas”, disse Lucas Panisset, assessor de investimentos na Transfero Prime.
7) E depois, o Bitcoin pode mesmo subir?
Após uma volatilidade inicial, analistas apontam que a criptomoeda deve subir no ano seguinte ao halving por causa da diminuição da oferta e da alta procura. Mas parte dessa alta já pode ter sido adiantada pela chegada dos ETFs de Bitcoin aos EUA. “Há um pouco de preocupação de que os ETFs [de Bitcoin nos EUA] tenham puxado a demanda”, disse David Lawant, chefe de pesquisa da FalconX, em relatório recente.
Os produtos atraíram fluxo líquido de US$ 12,5 bilhões desde que foram lançados, ressaltou Fred Thiel, CEO da Marathon. O movimento “essencialmente trouxe à tona o que poderia ser uma valorização que normalmente teríamos visto três a seis meses após o halving”, disse ele à Bloomberg.
Outro indicativo de antecipação do rali seria o rompimento da máxima histórica próximo dos US$ 74 mil antes do halving, algo que nos três eventos anteriores ocorreu apenas após o evento. Para analistas da exchange Coinbase, isso sugere que a atualização já pode ter sido precificada por traders experientes. Por outro lado, disseram, a “crença coletiva de que o halving poderá fazer o preço subir poderá resultar em comportamento de recuperação”.
8) Até quanto o Bitcoin pode ir?
Existem dúvidas quanto à força do rali imediatamente após o halving, diversos analistas e gestores mantêm alvos ambiciosos para o Bitcoin no longo prazo. O capitalista de risco Tim Draper prevê que a moeda digital atinja US$ 250 mil até o fim do ano. Michael Saylor, fundador da MicroStrategy, vê alta de 10 vezes no ativo nos próximos anos, a ponto de superar o ouro. Para a gestora Cathie Wood, a criptomoeda pode subir para US$ 3,8 milhões até 2030. Por outro lado, o JPMorgan aponta que o preço ainda pode recuar para US$ 42 mil após o halving.
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