Algumas das grandes histórias de sucesso começam com um fracasso – e a trajetória da gigante da moda Farm, hoje parte do Grupo Soma (SOMA3) não foi diferente. A primeira empreitada dos amigos e sócios Marcello Bastos e Kátia Barros deu muito errado. A primeira razão para isso, segundo o próprio Marcello, em entrevista ao podcast Do Zero ao Topo, era a falta de experiência na área.
Antes, ele trabalhava como representante comercial de jornais argentinos e ela, formada em ciências contábeis, estava empregada em uma das grandes consultorias de negócios.
“A gente escolheu a marca errada, para o público errado, no shopping errado. Em um ano de operação, perdemos dois apartamentos em Ipanema e três carros 0km. Assim começa a minha aventura com a Kátia”, diz.
A virada de chave
Depois de assumir a derrota e decidir fechar a loja, Kátia conheceu a Babilônia Feira Hype, uma grande feira de moda que acontecia embaixo de uma gigantesca lona de circo com estandes de 4 metros quadrados. Convencida de que esse era o ponto de partida ideal para uma nova empreitada no setor de moda, Kátia conversou com Marcello para que testassem a venda de bodys. “Eu não sabia nem o que era isso. Ela disse que era tipo um ‘collant’ que fecha embaixo e que era isso que eu precisava saber, por enquanto”, resume.
Em um pedaço de papel, ela desenhou seis modelos e disse “isso é o que vai bombar”. A dupla, sem saber muito bem por onde começar, foi para um polo têxtil no Rio de Janeiro e entrou em uma loja de tecidos. “Fomos atendidos por uma moça que acabou virando uma das maiores consultoras de moda do Brasil, a Renata Abranchs. Chegamos na loja às 10h, saímos umas 16h com tudo comprado para fazer a quantidade de roupa que a gente queria”, relembra Marcello.
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A dupla saiu de lá direto para uma facção para aprovar os pilotos e a coleção. “Resultado: saímos às 2h da manhã dessa facção com a coleção da Farm pronta. Eram 190 peças em seis modelos porque era o que a gente tinha dinheiro para comprar”, afirma. E completa: “Começamos a Farm com R$ 1.200 que era o dinheiro do aluguel do estande e das roupas e no ano passado fechamos quase R$ 2 bilhões na Farm e Farm Global em 2023”, afirma.
No quinto evento — era um por mês — aquele pequeno espaço de 4 metros quadrados já era o que mais vendia entre os 250. Com o sucesso, os dois foram aprender: Kátia entrou em uma faculdade de moda e Marcello foi estudar varejo. “A gestão do negócio de varejo é muito difícil, porque precisamos de caixa o tempo inteiro. Eu olhava o caixa e a gente tinha R$ 2.000. Um tempo depois, ia olhar de novo e, mais uma vez, tinha R$ 2.000”, afirma.
Crescendo aos poucos, a Farm só foi ter sua primeira loja física dois anos depois da estreia na feira. Mas, sem dinheiro para pagar uma luva de shopping (e ainda um pouco traumatizados com a experiência anterior), os sócios fizeram uma escolha um tanto incomum: abriram um espaço em um edifício comercial. “Era um prédio com contador, dentista. E abrimos uma loja com arquitetura de shopping no sétimo andar. Você não tem ideia do que aconteceu com o prédio. Na hora do almoço, fazia fila de 30 metros para entrar nos elevadores”, relembra.
A quase falência da Farm
Em dois momentos, a Farm quase quebrou. Logo no começo, quando já tinha três lojas, a empresa montou um planejamento que acabou se desregulando. Em 15 de dezembro de 2001, Marcello olhou para o estoque e definiu que para as vendas de fim de ano, precisaria ter 15.000 peças no estoque.
“Olhei em volta e achei que tinha um pouco mais, então resolvi fazer um inventário – que nunca tinha feito. Quando contei as primeiras 5.000 e comparei com o resto, percebi que tinha muito mais. Minha pressão subiu e tive que ir para o hospital. Estava com 45.000 peças: naquele momento, estávamos tecnicamente quebrados”, diz.
Desesperados com o estoque gigante, pensaram onde conseguiriam vender tantas peças. A solução foi ir para Búzios, um dos destinos mais procurados do Brasil no fim do ano. “Encontramos a única loja disponível na Rua das Pedras e alugamos. Montamos com uma instalação. Conseguimos sair do buraco e o mercado todo ficou pensando: ‘nossa, esses meninos da Farm estão bombando’. Mal sabiam eles que era desespero absoluto”, afirma.
O segundo momento em que a Farm quase quebrou acabou resultando na fusão com a Animale. Para saber mais detalhes sobre este episódio e conhecer outros capítulos da história da empresa, sua estratégia para o crescimento internacional e seus planos para o futuro, veja o episódio completo publicado na última sexta-feira (05) no Do Zero ao Topo. O programa está disponível em vídeo no YouTube e em sua versão de podcast nas principais plataformas de streaming como ApplePodcasts, Spotify, Deezer, Spreaker, Google Podcast, Castbox e Amazon Music.
Sobre o Do Zero ao Topo
O podcast Do Zero ao Topo é uma produção do InfoMoney e traz, a cada sexta-feira, a história de mulheres e homens de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio.
O programa já recebeu nomes como José Roberto Nogueira, fundador da Brisanet; Fernando Simões, do Grupo Simpar; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; Rodrigo Galindo, chairman da Cogna; Mariane Morelli, cofundadora do Grupo Supley; Luiz Dumoncel, CEO e fundador da 3tentos; Antonio Carlos Nasraui, CEO do Rei do Mate; Stelleo Tolda, um dos fundadores do Mercado Livre; o empresário Abílio Diniz; Paulo Nassar, fundador e CEO da Cobasi; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; e contou dezenas de histórias de sucesso. Confira a lista completa de episódios do podcast neste link.
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