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Volatilidade no mercado livre de energia aumenta necessidade de gestão de riscos

A elevação dos preços e uma maior incerteza em relação aos reservatórios das usinas hidrelétricas em 2024 ligaram um sinal de alerta a comercializadoras do mercado livre de energia. A gestão dos riscos passou a ser uma questão de maior preocupação no segmento.

No segundo semestre do ano passado, os preços subiram rapidamente, com a crise hídrica. Como os níveis de reservatórios de hidrelétricas são importantes para dar segurança ao setor elétrico e as chuvas não foram suficientes, os valores praticados pelo mercado permaneceram altos, quando se esperavam quedas a partir do período chuvoso.

O cenário gerou tensão no mercado, sobretudo com as notícias de que a comercializadora Gold Energia corria risco de entrar em default, ou seja, não conseguir honrar as obrigações financeiras.

Como sua empresa pode aproveitar o mercado livre de energia

Na época, a Gold precisou renegociar contratos e evitar um cenário adverso, segundo informações do Brazil Journal e da MegaWhat. A companhia conseguiu reequilibrar as contas e administrar uma potencial crise que poderia ter efeitos em todo o setor.

Gestão aprofundada

Assim como no mercado financeiro, a gestão de risco também é analisada no mercado livre de energia, para prever cenários e controlar a alocação de recursos.

As comercializadoras utilizam ferramentas como o value at risk (VaR) para otimizar estratégias de investimento, mas a compreensão dos cenários pode ser ainda mais aprofundada com o uso de outros mecanismos.

O sócio da Armor Energia Fred Menezes defende que outras abordagens podem prever ainda mais possibilidades.

Descontos na conta de luz de até 35% para empresas e 20% para consumidores

“Eu acredito que stress test é um conceito que ainda é pouco debatido e acho que não tem tanta utilização como deveria. É um mecanismo superimportante para você ver se a sua posição é segura em um período realmente estressado”, diz.

O stress test abre um leque maior de situações, como crises, desvalorização de ativos e até eventos geopolíticos. É uma ferramenta que pode avaliar a resiliência de instituições e carteiras de investimento.

Amadurecer análises

Como a negociação de energia no mercado livre pode sofrer com a volatilidade repentina, Menezes entende que as comercializadoras precisam amadurecer as análises, para se proteger de problemas.

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O sócio da Armor vê com bons olhos aprimoramentos regulatórios recentes, como a exigência de um patrimônio líquido mínimo para comercializadoras operarem no mercado, a necessidade de aportes à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e a divulgação do fator de alavancagem.

Mesmo assim, o gestor acredita que é possível trazer mais publicidade ao setor, para dar mais segurança ao mercado.

“É possível pensar em algum tipo de proporcionalidade, dependendo de quantos megawatts médios a empresa opera. Nesse caso, se faria um aporte de garantia proporcional ao montante negociado. Esse tipo de medida pode ser aprimorado, mas, a priori, estamos indo em uma direção de mais transparência e melhor segurança para o mercado”, afirma.

Para a advogada Bruna de Barros Correa, da BMA Advogados, o consumidor que migra para o mercado livre precisa entender de forma ampla a dinâmica das negociações e os riscos envolvidos.

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Na visão dela, é necessário que o cliente entenda as diferenças das práticas das comercializadoras e das distribuidoras.

“No ambiente regulado, o consumidor tem mais segurança, mas está preso àquele contrato com aquela tarifa regulada. A busca de sair e de conseguir fazer essa otimização melhor dos custos e das políticas de sustentabilidade da empresa traz benefícios, mas traz riscos”, diz.

A resolução 1.081 de 2023 da Agência Nacional de Energia (Aneel) permitiu que as distribuidoras possam assumir as operações de clientes adimplentes que tiveram fornecimento suspenso no mercado livre.

Alterações legislativas

Já que a energia elétrica precisa ser fornecida, o consumidor pode optar por voltar ao ambiente regulado.

Com a possibilidade de abertura do mercado para consumidores de baixa tensão, a advogada acredita que será necessária uma discussão ampla no âmbito da regulação e das alterações legislativas.

“Esse é um dos desafios dessa pauta de modernização do setor elétrico e de abertura do mercado livre. É preciso entender como ficam essas obrigações, tanto da distribuidora de assistir quanto da comercializadora. Para termos todas essas mudanças, também é preciso de uma mudança estrutural, que vai envolver regulação, legislação e contratos de concessão das distribuidoras”, afirma.

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