Pular para o conteúdo principal

Vacina da gripe em 2025: como funciona e quem deve tomar?

A lei obriga todos os estabelecimentos que recebam recursos públicos a participar do programa de vacinação (Foto: Sergio Andrade/Governo de São Paulo)

Começou nesta segunda-feira (7) a campanha nacional de vacinação contra a gripe. A meta é imunizar 90% dos chamados grupos prioritários, que incluem crianças de 6 meses a menores de 6 anos, idosos e gestantes.

De acordo com o Ministério da Saúde, o imunizante distribuído na rede pública protege contra um total de três vírus do tipo influenza e garante uma redução do risco de casos graves e óbitos provocados pela doença.

Em 2025, a dose contém as seguintes cepas: H1N1, H3N2 e B. A administração, de acordo com o ministério, pode ser feita junto com outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação.

De acordo com Rosana Richtmann, médica infectologista e consultora em vacinas da Dasa, a principal novidade da campanha de vacinação neste ano é justamente a inclusão da vacina no Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e idosos a partir de 60 anos.

Leia mais: Campanha de vacinação contra a gripe começa nesta segunda (7)

“Isso significa que esses grupos prioritários terão acesso à vacina durante todo o ano, e não apenas no período da campanha sazonal, o que amplia a proteção e facilita o acesso ao imunizante”, destaca.

A vacina contra a gripe também pode ser tomada na saúde privada, cuja distribuição é realizada em clínicas especializadas ou em farmácias, por exemplo. A infectologista explica que a diferença do imunizante oferecido na rede privada é que são vacinas quadrivalentes, ou seja, que protegem contra as mesmas três cepas da trivalente (disponível na rede pública), mais uma linhagem adicional do vírus B (Yamagata), oferecendo uma cobertura mais ampla.

“Há ainda a vacina contra Influenza de alta dose deve ser a opção preferencial para pessoas com 60 anos ou mais. O imunizante, disponível no sistema privado de saúde, contém quatro vezes mais antígenos do que a versão padrão e oferece maior proteção para uma população que apresenta resposta imunológica reduzida devido ao envelhecimento”, esclarece Rosana.

Especialistas alertam que a vacinação contra a gripe é uma das formas mais eficazes de prevenir a doença, que pode evoluir para quadros graves, especialmente entre a população idosa.

Gripe é diferente de resfriado?

Segundo Filipe Piastrelli, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a gripe é uma infecção respiratória transmissível que costuma provocar sintomas como:

  • coriza,
  • febre,
  • dor de cabeça,
  • dores no corpo,
  • tosse,
  • mal-estar.

Em geral, os casos leves duram de três a cinco dias, mas não é possível prever como cada pessoa irá evoluir. Por isso, alerta o médico, é um erro encarar a gripe como uma simples indisposição.

“O vírus Influenza pode desencadear um processo inflamatório sistêmico no organismo. Em grupos mais vulneráveis, como os idosos ou pessoas com doenças crônicas, isso pode levar a complicações sérias, como pneumonia viral, e favorecer eventos cardiovasculares, como infarto e AVC, devido à resposta inflamatória e às alterações na coagulação sanguínea”, explica o infectologista.

De acordo com o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) em 2024 as hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causadas pela gripe em pessoas com 60 anos ou mais subiram 189%, com crescimento de 157% nas mortes e taxa de letalidade de 21,7%. Em média, um em cada cinco idosos internados por gripe não resistiu.

Leia também: Vacina é aliada para a longevidade, dizem especialistas

O especialista explica que a vacina contra a gripe é composta por vírus inativo, ou seja, não tem capacidade de causar a doença. “O que pode acontecer é a pessoa se vacinar e nesse intervalo ser exposta a outro vírus respiratório que esteja em circulação. Mas a gripe não é causada pela vacina”, esclarece Piastrelli.

Os efeitos adversos da vacina são leves e passageiros, como dor no local da aplicação, febre baixa, dor de cabeça e no corpo, e afetam cerca de 1% das pessoas vacinadas. As contraindicações são raras e incluem reações alérgicas graves a doses anteriores ou ao ovo.

Conscientização

Apesar da segurança e eficácia da vacina, a adesão entre adultos ainda é afetada pela desinformação. “Sites como o do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) oferecem as informações mais precisas. Além disso, profissionais de saúde bem-informados têm maior probabilidade de recomendar vacinas da forma correta e combater a desinformação entre seus pacientes”, acrescenta Piastrelli.

A geriatra e presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatra e Gerontologia (SBGG), Maisa Kairalla, também ressalta que é preciso haver um trabalho coletivo de conscientização, envolvendo diferentes frentes – e a comunicação está entre as principais.

A médica salienta que além das campanhas já existentes, o médico precisa explicar de uma maneira mais simples para todos entenderem a importância da vacinação e os sérios riscos da gripe, uma vez que a população tende a tratar essa doença como algo simples.

“É importante ficar claro que gripe não é resfriado. Os resfriados são outros vírus e a gripe não é ‘simples’ de tratar como o resfriado. A gripe é grave e provoca o aumento da incidência de internações hospitalares, inclusive problemas cardiovasculares e infecções bacterianas.”

— Maisa Kairalla, médica geriatra

Maisa reforça ainda a importância da vacinação não apenas da população 60+, assim como de todas as pessoas que fazem parte do dia a dia da pessoa idosa, como filhos, netos e cuidadores.

“Em 2024, houve uma queda da taxa vacinal, o que provocou o aumento de mais de 150% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o que é algo bastante preocupante. E essa queda da vacinação ocorreu em um momento em que as pessoas voltaram a se aglomerar, o que agrava ainda mais a situação”, comenta a especialista.

Saiba mais: Mortes por gripe em idosos cresceu 157% em 2024; internações subiram em 189%

Ainda segundo a geriatra, o ideal é as pessoas se vacinarem em abril, meses antes do início do inverno, para que na estação mais fria do ano tenha-se menos vírus circulando.

“Vacina boa é aquela que está no braço. Então, qualquer uma que combata a gripe vale a pena e pode ser encontrada nas Unidades Básicas de Saúde”, atesta, ao comentar que o mesmo cuidado vale para idosos com doenças como HIV, diabetes e câncer.

Campanha na saúde pública

Em março, o Ministério da Saúde começou a distribuir 35 milhões de doses da vacina. No primeiro semestre, serão distribuídas 67,6 milhões para as quatro regiões. No segundo, mais 5,9 milhões de doses para a região Norte, alinhando a estratégia de imunização com o período de maior circulação do vírus em cada região. O valor total do investimento é de R$ 1,3 bilhão. O público-alvo total é de 81,6 milhões de pessoas.

A campanha fica dividida em dois momentos: 

  • Primeiro semestre: vacinação nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste;
  • Segundo semestre: vacinação na região Norte, durante o chamado “Inverno Amazônico”, quando há maior circulação do vírus. 

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, a vacina contra a gripe é capaz de evitar entre 60% e 70% dos casos graves e óbitos. É contraindicada apenas para crianças menores de 6 meses e pessoas com histórico de anafilaxia grave após doses anteriores.

Leia mais: Vacina da dengue: quem pode tomar e quais planos de saúde cobrem?

A infectologista Rosana Richtmann alerta que quem estiver com febre ou doença aguda moderada ou grave deve adiar a vacinação até a recuperação. “Para que não haja confusão entre sintomas da enfermidade e eventuais reações adversas à vacina”, diz.

Para além dos grupos prioritários que já fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação, como crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e idosos a partir de 60 anos, o público-alvo da estratégia também é formado por: 

  • Trabalhadores da Saúde
  • Puérperas
  • Professores dos ensinos básico e superior
  • Povos indígenas
  • Pessoas em situação de rua
  • Profissionais das forças de segurança e de salvamento
  • Profissionais das Forças Armadas
  • Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade)
  • Pessoas com deficiência permanente
  • Caminhoneiros
  • Trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso)
  • Trabalhadores portuários
  • Funcionários do sistema de privação de liberdade
  • População privada de liberdade e adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos).

The post Vacina da gripe em 2025: como funciona e quem deve tomar? appeared first on InfoMoney.



source https://www.infomoney.com.br/saude/vacina-da-gripe-2025-como-funciona-e-quem-deve-tomar/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Após fim do EMBI+, novo indicador desponta como alternativa para medir risco

Qual o melhor termômetro para medir a volatilidade e os riscos de investir no Brasil (e em outros países)? Um bom caminho usado até meados do mês de 2024 era o Embi+, calculado pelo JPMorgan. Esta era a sigla para Emerging Markets Bond Index Plus, que significa Índice de Títulos de Mercados Emergentes Mais, basicamente medindo o desempenho de títulos públicos de economias emergentes. O índice auxiliava os investidores na compreensão do risco de investir em determinado país. Quanto mais alto fosse, maior seria o risco. A unidade de medida usada era ponto-base, trazendo a diferença entre a taxa de retorno dos títulos de países emergentes e a oferecida por títulos emitidos pelo Tesouro americano. A diferença constituía o spread, sendo essencialmente o Country Risk Premium, ou o Prêmio de Risco País. Contudo, o índice foi descontinuado em julho de 2024, fazendo com que o mercado perdesse uma boa referência sobre investimentos nos países emergentes. Uma alternativa a ser pensada num pr...

Dow Jones Futuro cai com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA

Dow Jones Futuro recua com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA Os índices futuros dos EUA operam em baixa nesta segunda-feira (17), com investidores à espera da decisão do Federal Open Market Committee (FOMC), que se reúne nesta semana. A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) mantenha a taxa de juros no intervalo atual, entre 4,25% e 4,50%. No entanto, o mercado já precifica um possível início do ciclo de cortes a partir da reunião de 18 de junho. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, há uma probabilidade de 57,7% para um corte de 25 pontos-base nessa data, com projeção de pelo menos mais um ajuste da mesma magnitude até o fim do ano. Também pesa sobre o mercado o comentário feito pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent , no domingo sobre não haver “nenhuma garantia” de que a maior economia do mundo evitará a recessão, apenas uma semana após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter se recusado a descartar uma possibilidade. Estados Un...

Nova tabela progressiva do IR atualiza faixa de isenção da PLR; veja o que muda

Com a atualização da base da tabela progressiva para o Imposto de Renda, a Receita Federal também ajustou a tributação para quem ganha a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) das empresas. Em fevereiro, o governo federal aumentou a primeira faixa da tabela progressiva do IR para o ano que vem, que subiu dos atuais R$ 2.640 para R$ 2.824 — o dobro do salário-mínimo em vigor em 2024 (R$ 1.412). Depois, através de uma instrução normativa, atualizou também a primeira faixa da tabela para PLRs. A mudança está válida desde fevereiro deste ano e passa a impactar os valores informados na declaração de IR 2025. A PLR é um valor pago de “bônus” aos profissionais e fica retida na fonte, ou seja, é tributada antes de cair na conta do beneficiado. A faixa de isenção atual da PLR é de R$ 7.404,11 e passará a ser de R$ 7.640,80. As outras faixas de tributação permanecem iguais. Veja a tabela válida para o IR 2025: Valor do PLR anual (em R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do impos...