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Carteiras dos “tubarões”: as ações que estão na mira dos melhores fundos de ações no ano

Em um ano em que o Ibovespa avançou 4,5% a duras penas, ações de empresas não óbvias como Marcopolo (POMO3); (POMO4), Hidrovias do Brasil (HBSA3) e Valid (VLID3) foram capazes de driblar a turbulência dentro do mercado de ações e disparar mais de 90%.

Outras menos líquidas como São Carlos (SCAR3), Tegma (TGMA3) e Iochpe-Maxion (MYPK3) também subiram pelo menos 18% no ano.

Todos esses papéis têm em comum um único detalhe: representam posições de um ou mais fundos de ações que acumulam os melhores retornos no ano, caso do Organon FIA, Alaska Black FIA BDR Nível I e Tarpon GT, que apresentam ganhos de até 43,23% desde o começo do ano até o dia 25 de setembro.

O levantamento feito pelo InfoMoney levou em conta veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de agosto. Fundos monoações ou que alocam em BDRs ficaram de fora do estudo.

As carteiras utilizadas pelo levantamento têm como referência o mês de maio – data mais recente disponível pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A reportagem entrou em contato com a Tarpon Capital e com a Alaska Asset Management para verificar se as ações citadas seguiam na carteira, mas ambas não quiseram se manifestar.

Valid: ativo em “fase de reprecificação”

Pouco conhecida e coberta por casas de análise, a Valid foi um dos papéis de destaque na alocação do Organon FIA. Raphael Maia, CIO e fundador da Organon Capital, explica que a maior posição da carteira hoje está nas ações da companhia que atua nos segmentos de meios de pagamento, sistemas de identificação e telecomunicações.

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Maia conta que a empresa passou por um processo de reestruturação em 2020 com a troca de quase toda a diretoria e que apresentou resultados muito fortes desde o fim do passado.

A realização de desinvestimentos em áreas que não representam o foco do negócio e a capacidade de melhorar o seu endividamento também foram mudanças positivas feitas pela empresa citadas pelo executivo.

“É um ativo que está em fase de reprecificação. É a maior posição do fundo, mas diminuímos um pouco depois da alta que a ação teve”, destaca Maia, que calcula que o múltiplo preço sobre lucro da companhia esteja em torno de 6 vezes atualmente.

Marcopolo: de olho no programa Caminho da Escola

Outro papel que trouxe bons ganhos para o Alaska Black e para o Organon FIA foi uma posição em Marcopolo, que foi marginalmente reduzida recentemente pela casa comandada por Maia – após a alta de mais de 100% neste ano.

A avaliação, porém, segue positiva. O executivo da Organon destaca que a companhia pode ser bastante beneficiada com a licitação do programa Caminho da Escola do Governo Federal, que teve a concorrência reaberta nesta semana após suspensão anterior.

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O edital lançado no fim de agosto pelo Governo citava a aquisição de 16,3 mil ônibus para transporte escolar diário de estudantes.

Supondo que a Marcopolo consiga obter uma participação de 50% nesse edital, analistas do J.P. Morgan calculam que a empresa seria capaz de obter R$ 3 bilhões em faturamento pelos próximos 12 a 18 meses. Não à toa, os papéis são colocados como overweight (posição acima da média de mercado) pelos profissionais do banco.

São Carlos: venda de ativos

Uma empresa de propriedades comerciais menos conhecida, a São Carlos, também é uma das integrantes da carteira de fundos de ações com bons resultados no ano, como o Alaska Black e o Organon FIA.

Em relatório recente publicado por analistas do Itaú BBA, os profissionais destacaram que o preço-alvo das ações pode chegar a R$ 35, o que representaria um aumento de mais de 35% em relação ao fechamento da última quarta-feira (27).

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Se confirmada a venda de quatro ativos da empresa, como o Morumbi Office Tower, Corporate Plaza, Alameda Santos 2477 e Central Empresarial Botafogo por R$ 865 milhões, os especialistas do banco avaliam que há um “acréscimo significativo” de valor para a empresa.

Os profissionais também ressaltam que a companhia poderá utilizar parte dos recursos para o pré-pagamento de dívidas e para realizar novos investimentos.

Iochpe-Maxion e Tegma

Outras duas companhias que integram a lista de ativos que ajudaram no desempenho dos fundos Alaska Black e Organon FIA são a Iochpe-Maxion, além da Tegma que trouxe ganhos para o Organon e para o Tarpon.

No caso da Iochpe-Maxion, Maia destaca que a companhia sofreu uma tempestade perfeita com o aumento de custos e a escalada de preços no mundo desenvolvido, o que também encareceu a mão de obra nos Estados Unidos e na Europa. Apesar do mau tempo visto no passado, a companhia vem se recuperando.

“O resultado do segundo trimestre já mostrou uma melhora. Preço da energia já caiu e enxergamos uma empresa com margens mais normalizadas em 2024 e voltando a gerar caixa”, avalia o gestor da Organon, que acredita que a companhia poderia usar a sobra no caixa para pagar dívida ou para remunerar o acionista.

Já a Tegma, uma empresa de gestão logística, pode ser beneficiada com a retomada da venda de veículos em novos programas de incentivos do governo e com o fato de que possui uma posição financeira confortável com mais caixa do que dívida, observa o gestor da Organon.

Hidrovias do Brasil: olho na safra recorde

A Hidrovias do Brasil é outra empresa de logística e que também atua com transporte fluvial que tem chamado a atenção de gestores ao avançar mais de 97% no ano. A ação foi um dos destaques da carteira do Tarpon GT e do Alaska Black.

Em relatório publicado no começo deste mês pelo Itaú BBA, o otimismo com os papéis também foi dividido por analistas do banco, que aumentaram o preço-alvo do papel em 2024 para R$ 5,50. No fechamento da última quarta-feira (27), as ações eram negociadas a R$ 4,46.

Em sua justificativa, os analistas ponderaram que o aumento de capacidade no terminal de Barcarena (PA) e uma visão mais otimista sobre o rendimento do Corredor Norte poderiam elevar os preços das ações, dada a atual dinâmica apertada de oferta e demanda no setor logístico local, além da safra recorde esperada para a próxima colheita.

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