Pular para o conteúdo principal

Diversificação, caixa, risco calculado: quais as lições (e posições) dos fundos com casos Light e Americanas?

O mercado de capitais brasileiro foi profundamente afetado por crises na Americanas e na Light no início do ano. Com as companhias apresentando problemas graves, os investidores tiraram dinheiro de fundos de investimentos, a percepção de risco em papéis de outras empresas cresceu muito – e gestores aprenderam importantes lições com o episódio.

Não foi a primeira crise que Flávia Krauspenhar, sócia da Capitânia, viveu  no mercado – nem a pior. Na gestora, a recessão econômica entre 2015 e 2016 ajudou na melhoria de processos: “Para nós, aquela foi a verdadeira crise”, disse Flávia, em painel durante a Expert XP 2023, na última semana. “Melhoramos a governança e colocamos várias pessoas monitorando os ativos o dia inteiro”.

As mudanças que a “verdadeira crise” causou permitiram que a Capitânia se adaptasse rapidamente ao cenário adverso em 2023. “Nos antecipamos para fazer caixa e aproveitar a abertura de spreads. De crise em crise, vamos aprendendo”, diz a sócia da empresa.

Já a Augme Capital tinha posição maior do que o usual em Americanas e, por isso, o primeiro impacto foi forte. Depois, porém, o cenário amainou e os fundos conseguiram aproveitar as oportunidades que a crise gerou. “Enchemos a mão de bonds [títulos de dívida americanos] com os spreads de empresas brasileiras altos nos Estados Unidos, e acumulamos boa rentabilidade de março até agora”, diz Marcelo Urbano, diretor de investimentos da gestora.

Leia também:

Os fundos das duas gestoras provavelmente entrariam em apuros maiores se a diversificação fosse baixa, o que ensina, na prática, uma lição valiosa para quem quer investir em crédito privado. “Cada um dos nossos fundos tem de 180 a 220 ativos, que não representam, sozinhos, mais do que 0,5% do portfólio total”, afirma Flávia.

Oferta Exclusiva
CDB 230% do CDI
Invista no CDB 230% do CDI da XP e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

Para Urbano, um dos maiores erros dos investidores é acreditar em dinheiro fácil e ativos milagrosos: “É preciso tomar cuidado para não se iludir. Diversifique muito o seu portfólio ou procure um bom gestor de fundos”, recomenda.

Após a crise no início do ano, a Capitânia viu oportunidades para girar a carteira e lucrar com ativos mais defensivos. Se antes dos casos Americanas e Light ativos com nota de crédito AAA tinham remuneração baixa, próxima dos títulos públicos, o spread teve grande abertura, mesmo nas companhias consideradas mais confiáveis.

“Começamos o ano preocupados com o spread de crédito privado, que estava muito baixo. Mas, depois do caso Americanas, pegamos taxas que nunca vimos no mercado e transformamos o portfólio em uma carteira mais defensiva”, conta Krauspenhar.

Agora, com os spreads fechando novamente, a Capitânia volta a olhar para os ativos mais arriscados, que, hoje, podem trazer retorno maior para os fundos da casa.

O risco, contudo, é calculado. Tomar crédito está caro para as empresas atualmente e companhias com dívidas altas no mercado de capitais acendem sinal de alerta nos gestores “Me preocupam empresas com muita profundidade no mercado de capitais, a Americanas tinha R$ 8 bilhões em dívida bancária e R$ 20 bilhões em dívida líquida no mercado de capitais. Era muita coisa”, lembra Urbano.

Mesmo com preocupações, o diretor da Augme acha “extremamente improvável” que alguma empresa de grande porte tenha problemas para pagar dívidas no médio prazo.

Leia também: 

The post Diversificação, caixa, risco calculado: quais as lições (e posições) dos fundos com casos Light e Americanas? appeared first on InfoMoney.



source https://www.infomoney.com.br/onde-investir/como-capitania-e-augme-passaram-pela-crise-da-americanas/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Após fim do EMBI+, novo indicador desponta como alternativa para medir risco

Qual o melhor termômetro para medir a volatilidade e os riscos de investir no Brasil (e em outros países)? Um bom caminho usado até meados do mês de 2024 era o Embi+, calculado pelo JPMorgan. Esta era a sigla para Emerging Markets Bond Index Plus, que significa Índice de Títulos de Mercados Emergentes Mais, basicamente medindo o desempenho de títulos públicos de economias emergentes. O índice auxiliava os investidores na compreensão do risco de investir em determinado país. Quanto mais alto fosse, maior seria o risco. A unidade de medida usada era ponto-base, trazendo a diferença entre a taxa de retorno dos títulos de países emergentes e a oferecida por títulos emitidos pelo Tesouro americano. A diferença constituía o spread, sendo essencialmente o Country Risk Premium, ou o Prêmio de Risco País. Contudo, o índice foi descontinuado em julho de 2024, fazendo com que o mercado perdesse uma boa referência sobre investimentos nos países emergentes. Uma alternativa a ser pensada num pr...

Dow Jones Futuro cai com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA

Dow Jones Futuro recua com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA Os índices futuros dos EUA operam em baixa nesta segunda-feira (17), com investidores à espera da decisão do Federal Open Market Committee (FOMC), que se reúne nesta semana. A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) mantenha a taxa de juros no intervalo atual, entre 4,25% e 4,50%. No entanto, o mercado já precifica um possível início do ciclo de cortes a partir da reunião de 18 de junho. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, há uma probabilidade de 57,7% para um corte de 25 pontos-base nessa data, com projeção de pelo menos mais um ajuste da mesma magnitude até o fim do ano. Também pesa sobre o mercado o comentário feito pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent , no domingo sobre não haver “nenhuma garantia” de que a maior economia do mundo evitará a recessão, apenas uma semana após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter se recusado a descartar uma possibilidade. Estados Un...

Nova tabela progressiva do IR atualiza faixa de isenção da PLR; veja o que muda

Com a atualização da base da tabela progressiva para o Imposto de Renda, a Receita Federal também ajustou a tributação para quem ganha a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) das empresas. Em fevereiro, o governo federal aumentou a primeira faixa da tabela progressiva do IR para o ano que vem, que subiu dos atuais R$ 2.640 para R$ 2.824 — o dobro do salário-mínimo em vigor em 2024 (R$ 1.412). Depois, através de uma instrução normativa, atualizou também a primeira faixa da tabela para PLRs. A mudança está válida desde fevereiro deste ano e passa a impactar os valores informados na declaração de IR 2025. A PLR é um valor pago de “bônus” aos profissionais e fica retida na fonte, ou seja, é tributada antes de cair na conta do beneficiado. A faixa de isenção atual da PLR é de R$ 7.404,11 e passará a ser de R$ 7.640,80. As outras faixas de tributação permanecem iguais. Veja a tabela válida para o IR 2025: Valor do PLR anual (em R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do impos...