Pular para o conteúdo principal

Eduardo Leite defende expansão de fundo de compensação do ICMS e de “seguro-receita” para Estados e municípios em reforma tributária

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), sugeriu, no último sábado (4), que o Senado Federal amplie o montante destinado pelo governo federal para custear o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiros-fiscais do ICMS. Ele participou da Expert XP 2023 em São Paulo, em painel ao lado de outros governadores.

“O ente federativo que tem fôlego para prestar socorro, alcançar recursos ‒ até porque emite títulos – é a União. Naturalmente, dentro do processo de transição da reforma tributária, o que se espera é que a União possa dar o suporte aos entes subnacionais. Então, ter uma expansão desse fundo de compensação para assegurar as receitas aos entes subnacionais parece importante”, argumentou em resposta a questionamento feito pelo InfoMoney.

A proposta de aumentar o tamanho do fundo vem em meio à percepção de gestores estaduais de que a previsão apontada na Proposta de Emenda à Constituição que trata da reforma tributária dos impostos sobre o consumo (PEC 45/2019), que envolve o montante de R$ 160 bilhões durante uma transição que vai até 2032, não seria suficiente para compensar todas as perdas dos entes subnacionais oriundas da perda de potência dos incentivos.

Levantamento feito pelo InfoMoney junto às 27 secretarias estaduais de Fazenda e Planejamento mostrou que apenas em 2023 a expectativa dos entes é que as renúncias de receitas com o tributo fiquem em R$ 232,49 bilhões. A conta sobe para R$ 259,50 bilhões e R$ 273,47 bilhões nos dois anos seguintes.

O substitutivo aprovado pela Câmara dos Deputados e que agora é analisado pelo Senado Federal diz que, de 2029 a 2032, as alíquotas de ICMS e ISS cairão anualmente à razão de 1/10 em relação ao que está fixado nas respectivas legislações dos Estados e que a União terá de complementar os recursos em caso de insuficiência nos valores inicialmente previstos. Para críticos, o fundo teria como resultado a prorrogação da guerra fiscal por mais dez anos, agravando o problema da disputa entre os entes.

Apenas daqui a seis anos os recursos do fundo compensatório começariam a ser usados, num momento em que ele já teria um estoque de R$ 112 bilhões. Tendo como base o montante fixo de R$ 232,49 bilhões (que são as renúncias fiscais projetada pelos estados em 2023) e desconsiderando os efeitos da inflação (que impacta tanto o estoque dos gastos tributários quanto os aportes anuais da União ao fundo), o governo teria que compensar R$ 23,25 bilhões em 2029, R$ 46,50 bilhões em 2030, R$ 69,75 bilhões em 2031 e R$ 92,99 bilhões em 2032.

Nesta conta simplificada, o montante necessário para compensação na transição somaria R$ 232,49 bilhões ‒ uma diferença de R$ 72,49 bilhões em relação ao que está previsto na PEC. O Ministério da Fazenda contesta a avaliação de que os recursos seriam insuficientes, mas até o momento não apresentou estimativas para como o fundo se comportaria ao longo do tempo.

O texto aprovado pela Câmara dos Deputados também prevê que, de 2029 a 2078, o produto da arrecadação dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios com o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) ‒ tributo oriundo da fusão entre ICMS e ISS ‒, apurado com base nas alíquotas de referência, sofrerá uma retenção de 3% para a distribuição aos entes com as menores razões entre o valor apurado com o novo tributo e a respectiva receita média entre 2024 e 2028, limitada a três vezes a média nacional por habitante da respectiva esfera federativa.

Mas o governador Eduardo Leite também advoga para que a reserva seja dobrada durante este período de transição de 50 anos. “Entendemos que se deve expandir o valor do seguro-receita para os entes subnacionais, que está estimado em 3%, para pelo menos algo em torno de 6%. É o que se está falando para poder assegurar que não haja queda de arrecadação, porque os entes subnacionais não emitem títulos de dívida”, argumentou em resposta ao InfoMoney.

“Se a União precisar de recursos, ela emite títulos e se socorre. Os entes subnacionais, não. Tanto é que, na pandemia, quem precisou socorrer os entes subnacionais foi o governo nacional, pelo fato de termos que viver simplesmente com a arrecadação que temos. Se nossa arrecadação cai e temos nossas despesas indexadas e comprometidas, precisamos ser socorridos pela União. É natural que no processo de transição olhemos para a necessidade de a União ter uma capacidade de dar atendimento aos entes subnacionais”, sustentou.

Há uma expectativa de que o debate federativo e seus desdobramentos ganhem mais espaço durante a tramitação da PEC no Senado Federal. O presidente da casa legislativa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), espera que o texto seja votado em plenário até outubro, permitindo que a Câmara dos Deputados analise eventuais modificações na sequência, de modo que a promulgação ocorra ainda em 2023.

Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

The post Eduardo Leite defende expansão de fundo de compensação do ICMS e de “seguro-receita” para Estados e municípios em reforma tributária appeared first on InfoMoney.



source https://www.infomoney.com.br/politica/eduardo-leite-defende-expansao-de-fundo-de-compensacao-do-icms-e-de-seguro-receita-para-estados-e-municipios-em-reforma-tributaria/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Após fim do EMBI+, novo indicador desponta como alternativa para medir risco

Qual o melhor termômetro para medir a volatilidade e os riscos de investir no Brasil (e em outros países)? Um bom caminho usado até meados do mês de 2024 era o Embi+, calculado pelo JPMorgan. Esta era a sigla para Emerging Markets Bond Index Plus, que significa Índice de Títulos de Mercados Emergentes Mais, basicamente medindo o desempenho de títulos públicos de economias emergentes. O índice auxiliava os investidores na compreensão do risco de investir em determinado país. Quanto mais alto fosse, maior seria o risco. A unidade de medida usada era ponto-base, trazendo a diferença entre a taxa de retorno dos títulos de países emergentes e a oferecida por títulos emitidos pelo Tesouro americano. A diferença constituía o spread, sendo essencialmente o Country Risk Premium, ou o Prêmio de Risco País. Contudo, o índice foi descontinuado em julho de 2024, fazendo com que o mercado perdesse uma boa referência sobre investimentos nos países emergentes. Uma alternativa a ser pensada num pr...

Dow Jones Futuro cai com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA

Dow Jones Futuro recua com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA Os índices futuros dos EUA operam em baixa nesta segunda-feira (17), com investidores à espera da decisão do Federal Open Market Committee (FOMC), que se reúne nesta semana. A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) mantenha a taxa de juros no intervalo atual, entre 4,25% e 4,50%. No entanto, o mercado já precifica um possível início do ciclo de cortes a partir da reunião de 18 de junho. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, há uma probabilidade de 57,7% para um corte de 25 pontos-base nessa data, com projeção de pelo menos mais um ajuste da mesma magnitude até o fim do ano. Também pesa sobre o mercado o comentário feito pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent , no domingo sobre não haver “nenhuma garantia” de que a maior economia do mundo evitará a recessão, apenas uma semana após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter se recusado a descartar uma possibilidade. Estados Un...

Nova tabela progressiva do IR atualiza faixa de isenção da PLR; veja o que muda

Com a atualização da base da tabela progressiva para o Imposto de Renda, a Receita Federal também ajustou a tributação para quem ganha a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) das empresas. Em fevereiro, o governo federal aumentou a primeira faixa da tabela progressiva do IR para o ano que vem, que subiu dos atuais R$ 2.640 para R$ 2.824 — o dobro do salário-mínimo em vigor em 2024 (R$ 1.412). Depois, através de uma instrução normativa, atualizou também a primeira faixa da tabela para PLRs. A mudança está válida desde fevereiro deste ano e passa a impactar os valores informados na declaração de IR 2025. A PLR é um valor pago de “bônus” aos profissionais e fica retida na fonte, ou seja, é tributada antes de cair na conta do beneficiado. A faixa de isenção atual da PLR é de R$ 7.404,11 e passará a ser de R$ 7.640,80. As outras faixas de tributação permanecem iguais. Veja a tabela válida para o IR 2025: Valor do PLR anual (em R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do impos...