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Nem crise climática ajuda: títulos ligados às metas ESG perdem espaço nos EUA

As empresas sediadas nos Estados Unidos estão no caminho para reduzir para metade o montante de dívida nomeada como ESG que emitem neste ano, marcando um claro afastamento da tendência do outro lado do Atlântico, de acordo com análise do Goldman Sachs.

A queda nos Estados Unidos refelte as diferentes estruturas de regulação nas duas regiões, com a Europa dando mais suporte à dívida que incorpora objetivos ambientais, sociais e de governança, disseram os analistas do Goldman, incluindo Michael Puempel e Sienna Mori.

O desenvolvimento segue-se a mais de um ano de ataques políticos contra o ESG nos Estados Unidos, com republicanos de destaque, como o governador da Floria e pré-candidato à presidência, Ron DeSantis, tentando difamar a estratégia de investimento como antiamericana.

Combinado com as consequências de uma crise energética que aumentou os custos dos combustíveis e levou as grandes empresas petrolíferas a retrocedor nos planos de transição verde, as emissões de títulos verdes nos Estados Unidos tornaram-se um negócio complicado.

Entretanto, títulos de todos os tipos – quer tenham ou não um rótulo ESG – estão sentindo as consequências do aumento contínuo das taxas de juro. Esta semana, o rendimento dos treasuries de 30 anos subiram acima de 5% pela primeira vez desde 2007, provocando repercussões nos mercados de ações e de dívida.

Este ano, é provável que vejamos apenas US$ 40 bilhões em emissões corporativas com grau de investimento ESG no mercado do dólar americano, de acordo com os analistas do Goldman. Isso representa metade do montante emitido pelas empresas norte-americanas no ano passado e apenas 40% do nível alcançado em 2021, disseram.

A queda significa que as emissões relacionadas com ESG representam apenas 3% da oferta total denominada em dólares no mercado com grau de investimento, estima o Goldman. O valor está “muito abaixo” dos níveis observados em anos anteriores, quando a participação relativa era o dobro disso, disseram Puempel e Mori.

O Goldman observa que grande parte da queda nas emissões ESG dos EUA pode ser atribuída à falta de oferta dos setores de serviços públicos e de energia, bem como das empresas financeiras que os apoiam.

Além do mais, é pouco provável que adicionar um rótulo ESG a um título melhore o seu desempenho, de acordo com os analistas do Goldman. Dito isto, também não há desempenho inferior observável associado à classificação de um título como ESG, observaram.

Europa

Na Europa, as emissões ESG com grau de investimento das empresas “têm resistido melhor”, afirmaram os analistas do Goldman, com o nível global de oferta no bom caminho para atingir 140 bilhões de euros (US$ 147 bilhões) este ano.

Globalmente, os fundos de renda fixo ESG continuaram a atrair fluxos de clientes, com o aumento de 5,5% durante o período, superando os 3,6% observados entre os seus equivalentes não ESG, disse Goldman.

“Na nossa opinião, estes fluxos são uma evidência crescente de que este estilo de investimento continua a ganhar força à medida que os investidores procuram formas potenciais de abordar o tema da transição energética, bem como investir de acordo com outros potenciais objetivos relacionados com ESG”, disseram Puempel e Mori.

A análise do Goldman corresponde ao quadro traçado pelos dados da Morningstar Direct, que mostram que, apesar dos ventos políticos contrários, estão sendo lançados mais fundos ESG do que liquidados. Globalmente, 90 fundos ESG foram fechados até agora este ano, enquanto 253 foram abertos. Mesmo nos EUA, foram criados mais 25 fundos ESG do que encerrados.

© 2023 Bloomberg L.P.

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