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Debêntures devem chegar mais a pequeno investidor – mas será preciso observar taxas

Ilustração mostra um cofrinho 'pegando carona' em foguete, simbolizando o aumento de rendimentos para poupadores e investidores.

Após ano de forte aumento de aportes em ativos de renda fixa isentos de Imposto de Renda, debêntures devem ganhar tração em 2024 e ficar mais acessíveis ao investidor final, entre outros motivos, por não terem tido emissões restringidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Mas, segundo especialistas, será preciso ficar atento às taxas contratadas.

Na semana passada, o CMN restringiu emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRAs), além de Letras de Crédito Imobiliárias (LCIs) e do Agronegócio (LCAs). “Debêntures incentivadas não foram afetadas pela medida e devem ver um aumento de demanda”, explica Ricardo Nunes, CIO de crédito e Wealth Management da Paramis Capital. Para ele, muitas empresas que emitiam dívida via CRIs e CRAs podem procurar as debêntures para se financiar.

Outro ponto a favor para as debêntures é o momento mais favorável do mercado de crédito após alívio das crises causadas por Light e Americanas. Como consequência, o mercado espera mais emissões de debêntures incentivadas e não incentivadas, fazendo as captações com esse instrumento superarem os R$ 236,3 bilhões registrados 2023.

A hora do investidor comum…

A participação do investidor comum é restrita nesse tipo de operação. Dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostram que pessoas físicas responderam por apenas 5,62% do volume emitido em debêntures em 2023. O restante ficou na mão de investidores profissionais – fundos de investimento, bancos, corretoras – e qualificados – que têm mais de R$ 1 milhão de patrimônio em investimentos. 

A rolagem (refinanciamento) de dívidas é um dos fatores que pode contribuir para mais emissões abertas a todos os investidores. Rodrigo Mendes, analista de crédito da Warren Investimentos, explica que essas operações são feitas por empresas que já acessam o mercado de crédito privado e que geralmente conseguem realizar os trâmites de emissão mais rapidamente.

O exemplo mais recente de empresa rolando dívida com debêntures é da Sabesp, que anunciou, no último dia 29, a emissão de até R$ 3 bilhões destinados a “refinanciamento de compromissos financeiros vincendos em 2024 e recomposição e reforço de caixa”. 

Lucas Sacramone, distribuidor institucional sênior da XP, explica que emissores frequentes de debêntures conseguem seguir o rito automático de emissão, que leva até dois meses, enquanto o ordinário, geralmente usado por companhias que não costumam acessar o mercado de crédito privado, demora entre três e quatro meses. 

“A maioria dos emissores está aberta a abrir as emissões para o público geral quando tem a possibilidade de fazer isso via rito automático”, diz Sacramone. “Provocamos isso para criar mais capilaridade e atender mais clientes do mercado como um todo”. 

…mas de olho nas taxas

Marcelo Marin, gestor de investimentos da Azimut Brasil Wealth Management, cita o estoque de R$ 96 bilhões em debêntures que vencem em 2024 para mostrar que “o pipeline de emissões é gigante” neste ano. É muito comum que empresas com debêntures próximas do vencimento façam novas emissões, o que é ainda mais incentivado com condições melhores no mercado atualmente. 

Se por um lado o público geral pode se animar com mais acesso ao mercado, é preciso saber que sua participação ajuda na queda das remunerações.

“Quanto mais pessoas têm acesso às debêntures, mais baixas as taxas ficam.”

— Marcelo Marin, gestor de investimentos da Azimut Brasil Wealth Management

As taxas ofertadas pelos emissores também entram na conta antes de decidir abrir ofertas ao público geral. Isso porque as emissões podem ser caras e demoradas demais, fazendo com que algumas empresas prefiram remunerar mais alto os investidores qualificados e profissionais, a arcar com esses custos.

E no mercado secundário?

O mercado secundário de debêntures cresceu 61,5% em volume de negociações em 2023, dando bom presságio ao investidor comum: com um secundário desenvolvido, fica mais fácil encontrar compradores para os títulos e sair de uma aplicação mais rapidamente

Marin diz que há muitos bancos e corretoras comprando debêntures nas emissões para ofertá-las a seus clientes, movimentando ainda mais o mercado secundário. Em 2023, os intermediários e demais participantes ligados à oferta foram os principais subscritores de debêntures, segurando 56,55% do volume emitido. 

Sacramone lembra que os papéis exclusivos de qualificados e profissionais podem ser negociados no mercado secundário com pessoas físicas seis meses após as emissões. Como o segundo semestre de 2023 foi forte em emissões, bons papéis ficarão disponíveis ao investidor comum ainda no primeiro semestre deste ano. 

“Quando há ampliação do escopo das ofertas e possibilidade de negociação no secundário, há mais liquidez no mercado. Estamos confiantes em um bom ano”, conclui o distribuidor institucional sênior da XP. 

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