A Dimensa, joint venture de softwares para o setor financeiro de B3 e Totvs, se prepara para melhorar seus indicadores de receita recorrente em 2024 ao se tornar cada vez mais um consultor de confiança na estratégia de tecnologia dos clientes e buscando por M&As de empresas com recorrência já estável. Após um desempenho fraco no quarto trimestre de 2023, com impacto nos resultados da Totvs publicados na última quarta-feira (7), a empresa reconhece que custos de reestruturação relacionados a mudanças na gestão influenciaram os números.
Com um crescimento de apenas 0,5% na comparação entre o terceiro trimestre de 2023 com o de 2022, a receita recorrente da Dimensa tem sido tratada por executivos da Totvs como “errática” ou “volátil”. Isso se dá principalmente pelo perfil de clientes, concentrado em grandes instituições financeiras, além de um modelo de crescimento muito baseado em aquisições.
Em fala na conferência de resultados, o CEO da Totvs destacou que a joint venture “tem uma concentração grande de clientes e uma relação contratual que muitas vezes a Totvs não tem com seus clientes de ERP [sistema de gestão]”. Ele destaca o formato de renovação de contratos, a quebra entre receitas recorrentes e não recorrentes e reajustes automáticos de inflação.
Em entrevista ao IM Business, o CEO da Dimensa, Wagner Gramigna, aponta 2024 como um ano de mudança nesse perfil. Após entrar no mercado de softwares para gestão de seguros com a aquisição da Quiver, a empresa espera dedicar esforços à ampliação de parcerias e aquisições nos setores em que já atua, sem grandes movimentos em novos segmentos, para consolidar melhor a relação com seus clientes. “Nós queremos atuar nos problemas maiores dos clientes, ser o seu trusted advisor [consultor de confiança]. Isso leva na direção da nossa estratégia de cada vez mais ter uma estabilidade na nossa receita recorrente e que ela seja o grande fator de crescimento orgânico daqui para frente”, diz o executivo.
“Para nós agora os M&As têm que ocorrer de maneira estratégica. Que a gente os introduza já pensando nesse modelo de receita recorrente”, aponta o novo CEO da companhia, Wagner Gramigna. No início de fevereiro, a empresa anunciou a aquisição da Quiver, da área de softwares para gestão de distribuição de seguros. Segundo Gramigna, a empresa entra na Dimensa já com uma métrica de receita recorrente de aproximadamente 90%, valor próximo ao que a compradora espera chegar.
Gramigna chegou à Dimensa no fim de 2023 justamente com o mandato de colocar a companhia nos trilhos do crescimento e da rentabilidade. Em boa medida, afirma o CEO, os resultados fracos divulgados pela empresa no terceiro trimestre têm relação com o processo de reformulação pelo qual passa a empresa. “Muito do resultado [no fim do último ano], reflete os custos dessa reestruturação, de reforço das nossas estruturas e dos nossos processos”, explica Gramigna. “Estamos reforçando nossa capacidade de entrega. Tem reforços de equipe e senioridade nesse trabalho, mas também um olhar para capacitação de pessoas “, continua.
A empresa viu uma queda de 5% na receita líquida na comparação do terceiro trimestre de 2023 com o mesmo período de 2022. O lucro bruto da companhia cedeu 13,9% no mesmo período.
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