As ações do Goldman Sachs (GSGI34) acumulam valorização de 34% no ano, apesar de o banco ter divulgado uma perda embaraçosa de US$ 470 milhões decorrente do encerramento dos empréstimos pessoais Marcus, primeira incursão do banco na venda de seus malfadados serviços bancários ao consumidor.
Desde abril passado, quando valiam US$ 336, as ações do banco atingiram um pico histórico de US$ 470 em maio e, agora, estão sendo negociadas em torno de US$ 452. Segundo Mike Mayo, head de pesquisa de bancos de grande capitalização da Wells Fargo Securities nos EUA, as ações podem ultrapassar a marca de US$ 500 no próximo ano.
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Está muito distante dos valores de um ano atrás, quando a The Economist chamou o Goldman de “retardatária de Wall Street” e afirmou que ela havia “perdido sua arrogância”. Mayo atribui a rápida recuperação do Goldman à decisão de reduzir suas perdas na Marcus e em outros produtos financeiros de consumo, e de retornar às suas principais competências bancárias: grandes empresas.
“O Goldman está de volta”, disse Mayo à Fortune. “O mercado popular nunca foi o forte do Goldman. Ele foi adiante com isso e, na minha opinião, desperdiçou vários bilhões de dólares, desviou sua atenção da administração, e, para mim, essa foi uma incursão que nunca deveria ter sido experimentada.” Mayo classificou as ações do Goldman como “comprar”, com um preço-alvo de US$ 504. Um analista da Oppenheimer & Co. coloca a meta em US$ 517, enquanto a Morningstar a classifica como “manter a posição”, em US$ 417.
Em 2022, o Goldman anunciou planos de encerrar seu segmento de gestão de consumo e riqueza e de transferir a Marcus Invest e a Marcus Deposits, que oferece aos usuários contas de poupança de alto rendimento, para o negócio de gestão de ativos e riqueza. Com o negócio de banco de varejo “em segundo plano”, como diz Mayo, cerca de dois terços da empresa operam em mercados bancários globais e um terço em gestão de fortunas e ativos.
O Goldman também abandonou um dos seus “hobbies”, nas palavras de Mayo, ao vender seu originador de empréstimos ao consumo para melhorias residenciais, a GreenSky, à Sixth Street por um montante não revelado, mas estimado entre US$ 62 milhões e US$ 500 milhões. Apenas dois anos antes, o Goldman havia comprado a empresa como parte de sua investida no varejo por US$ 2,24 bilhões, em uma operação realizada integralmente em ações.
Goldman na era pós-varejo
Para manter sua trajetória ascendente, Mayo gostaria de ver o Goldman continuar abandonando esses projetos, incluindo as partes finais do Marcus Invest, o que deve acontecer em menos de uma semana. De acordo com o site Marcus by Goldman Sachs, todas as contas ainda abertas em 29 de junho serão transferidas para seu novo proprietário, a Betterment.
Com o varejo agora em segundo plano, Mayo diz que é provável que o Goldman volte sua atenção para o crescimento da parte de gestão de ativos e riqueza de seus serviços, visando aumentar os retornos dos investimentos, que eram de um dígito no ano passado, para “talvez um pouco mais de 10% em 2024 e cerca de 15% em longo prazo”. Mês passado, o Goldman arrecadou mais de US$ 20 bilhões junto a investidores privados para realizar empréstimos diretos.
“A captação de recursos de terceiros para capital privado alavanca o relacionamento único do Goldman com instituições e investidores”, analisa Mayo. No último relatório aos investidores do Goldman para o trimestre encerrado em 31 de março, o banco divulgou receitas líquidas de US$ 14,21 bilhões e lucro líquido de US$ 4,13 bilhões. O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio comum foi de 14,8%.
Em breve, esses fundos poderão receber um impulso, agora que o Fed está considerando reduzir os requisitos de capital dos grandes bancos. Se o requisito de capital, que se destina a mitigar o risco em caso de colapso de um banco, fosse reduzido, libertaria capital para investimentos em outro lugar.
A recuperação do Goldman pode ter pegado alguns de surpresa, mas, sob a superfície, o desempenho das ações do banco registra uma longa e lenta trajetória ascendente. Ela valorizou 131% nos últimos cinco anos e mais de 500% desde que abriu o capital, há 25 anos, em maio.
Chegando em um momento em que Wall Street está dando as costas à tomada de decisões de investimentos que levam em conta diversidade, equidade e inclusão, um movimento conhecido como DEI, semana passada o Goldman dobrou o número de participantes que admitirá em seu programa gratuito de educação “Black in Business” (Negros no Negócio), parte de um plano para investir US$ 10 bilhões em um milhão de mulheres negras empresárias.
Enquanto as ações do Goldman Sachs valorizaram, seus quatro grandes concorrentes, a Wells Fargo, a Bank of America, a JPMorgan Chase & Co. e o Citigroup valorizaram 18%, 17%, 14% e 12%, respectivamente. O S&P 500 aumentou 15% no acumulado do ano, enquanto o ETF SPDR S&P Bank, que acompanha uma seção transversal mais ampla de instituições financeiras, incluindo bancos de custódia, bancos regionais e serviços financeiros diversificados, tem permanecido relativamente neutro, caindo ligeiramente de US$ 45,64, em 2 de janeiro, para US$ 44,86 hoje, de acordo com a S&P Capital IQ.
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