Pular para o conteúdo principal

Luxo que é simples: a receita infalível das empresas para conquistar a classe A

Nada de bolsas ecológicas ou carros elétricos. Enquanto a sustentabilidade não se firma como critério básico para o consumo de luxo, desejos antigos de exclusividade, status e qualidade acabam beneficiando, de forma indireta, negócios de perfil artesanal e local. São produtos simples, mas com história para contar e capazes de proporcionar experiências diferenciadas.

Um exemplo brasileiro da estratégia de entregar produtos simples, mas com qualidade e características de exclusividade, são os produtos da linha Selezione, do Emporio Fasano, entre os quais a goiabada, que já ganhou status de iguaria.

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos

“Os produtos Fasano são todos Made in Italy, mas eles têm trabalhado a marca “Fasano Selezione”, que enaltece produtores locais. Para quem tiver oportunidade, recomendo experimentar a goiabada. Coisa de outro mundo”, resume a consultora e professora especialista em comportamento do consumidor e luxo, Mariana Cerone.

Goiabada do Emporio Fasano. Crédito: Divulgação

O Emporio Fasano não divulga o nome nem a origem de seus produtores. Explica que a seleção é feita pela curadoria de Danio Braga, Manoel Beato e Gaston Hamaoui. Nesse caso, a história para contar está no processo de seleção rigoroso, focado em identificar e selecionar aqueles que se destacam pela excelência das práticas e produtos da própria marca Fasano.

O processo começa com a visita dos produtores que apresentam seus produtos ao Emporio. Se os itens estiverem dentro dos padrões, os curadores visitam o local de produção para comprovar a qualidade. Apenas após essa verificação, a seleção é confirmada.

“Adotamos uma estratégia especial para os produtores que se destacam. Eles são convidados a colaborar conosco na criação da linha Selezione Fasano, que consiste em produtos que recebem nosso selo de aprovação, evidenciando a qualidade e a parceria”, explica o Fasano, por meio de sua assessoria de imprensa.

Emporio Fasano. Crédito: Divulgação

‘Paz de espírito’ e satisfação emocional

Para os pequenos produtores que conseguem penetrar nesse nicho, pode ser uma ajuda e tanto para alavancar os negócios. Basta considerar que o faturamento mensal máximo de uma empresa de pequeno porte ou de uma pequena propriedade rural, segundo o Sebrae, é de R$ 400 mil, o que equivale a apenas 20 vezes a renda per capita dos brasileiros que estão na faixa do 1% mais ricos, público-alvo desse mercado.

No livro “Consumer Behaviour – Buying, Having and Being”, o escritor e professor de marketing Michael  Salomon aborda a satisfação emocional e o bem-estar que o consumo proporciona. “Nesse sentido, o ato de consumir produtos com essas histórias sustentáveis traz uma certa paz de espírito, pois gera aquela sensação de que estamos fazendo nossa parte para gerar um impacto positivo no mundo. É uma camada emocional valiosa”, resume Mariana.

O que conta é a história e o posicionamento que cada marca constrói em torno de seus produtos e serviços, completa Evandro Bastos, professor na pós-graduação em Negócios e Marketing de Luxo Contemporâneo da Escola Superior de Propaganda e Marketing.

“O artesanato e a produção em pequenas escalas, para poucos, são valorizados como práticas sustentáveis e de alta qualidade e marcas como a Loro Piana e Brunello Cucinelli, conhecidas por seus produtos de cashmere e lã vicunha e peças atemporais, representam o luxo simples pela qualidade excepcional dos materiais e da atenção aos detalhes”, afirma.

Experiência também é luxo

E o luxo simples pode estar também na experiência. Um exemplo inusitado é o cafezinho. Poucas pessoas são capazes de dizer que o hábito de parar tudo na correria do dia a dia e degustar um café bem passado, de preferência acompanhado de um bolo, pão de queijo ou broa de qualidade não é um luxo. Acontece que esse luxo que vem das nossas raízes, do campo, está cada vez menos barato e mais associado a uma experiência diferenciada.

São Paulo Coffee Festival. (Crédito: Divulgação)

“É uma tendência forte na Ásia e em países como Inglaterra e Alemanha. A partir de pouco mais de 1 mil libras, eles montam uma cafeteria em casa, com torrefação, moagem, preparo. Podem fazer vários blends em equipamentos que são bonitos e adequados para as residências”, conta Henrique Sloper, da Café Camocin.

Leia mais: Como a Insider desbancou a Hering em vendas de roupas básicas do Brasil

A tendência, diz, ainda não chegou ao Brasil porque os equipamentos para as residências ainda não são acessíveis, mas é questão de tempo. No rastro, virão oportunidades de negócios como a venda dos gadgets no mercado brasileiro e a oferta de café verde em grãos.

A oferta de café verde ainda é pequena porque essa tendência ainda é pequena no Brasil, afirma Caio Alonso Fontes, sócio da Espresso&CO, realizadora do São Paulo Coffee Festival, que aconteceu no último final de semana. A busca por cafés especiais, porém, é cada vez maior e não é baseada apenas no sabor.

“Tem origem, sustentabilidade, métodos de produção, pós-colheita”, diz, reforçando o papel da história no interesse do consumidor, mas frisando que ainda se trata de “um luxo barato”. “Comparado ao vinho, temos cafés premiados que saem por R$ 5, R$ 7 o expresso. Enquanto uma taça de vinho da casa, sem nenhum diferencial, custa R$ 35 reais no mínimo.

De fato, faz algum tempo que degustar uma taça de vinho, independentemente do preço, não é tão simples, mesmo quando o luxo passa longe. 

The post Luxo que é simples: a receita infalível das empresas para conquistar a classe A appeared first on InfoMoney.



source https://www.infomoney.com.br/business/luxo-que-e-simples-a-receita-infalivel-das-empresas-para-conquistar-a-classe-a/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Após fim do EMBI+, novo indicador desponta como alternativa para medir risco

Qual o melhor termômetro para medir a volatilidade e os riscos de investir no Brasil (e em outros países)? Um bom caminho usado até meados do mês de 2024 era o Embi+, calculado pelo JPMorgan. Esta era a sigla para Emerging Markets Bond Index Plus, que significa Índice de Títulos de Mercados Emergentes Mais, basicamente medindo o desempenho de títulos públicos de economias emergentes. O índice auxiliava os investidores na compreensão do risco de investir em determinado país. Quanto mais alto fosse, maior seria o risco. A unidade de medida usada era ponto-base, trazendo a diferença entre a taxa de retorno dos títulos de países emergentes e a oferecida por títulos emitidos pelo Tesouro americano. A diferença constituía o spread, sendo essencialmente o Country Risk Premium, ou o Prêmio de Risco País. Contudo, o índice foi descontinuado em julho de 2024, fazendo com que o mercado perdesse uma boa referência sobre investimentos nos países emergentes. Uma alternativa a ser pensada num pr...

Dow Jones Futuro cai com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA

Dow Jones Futuro recua com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA Os índices futuros dos EUA operam em baixa nesta segunda-feira (17), com investidores à espera da decisão do Federal Open Market Committee (FOMC), que se reúne nesta semana. A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) mantenha a taxa de juros no intervalo atual, entre 4,25% e 4,50%. No entanto, o mercado já precifica um possível início do ciclo de cortes a partir da reunião de 18 de junho. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, há uma probabilidade de 57,7% para um corte de 25 pontos-base nessa data, com projeção de pelo menos mais um ajuste da mesma magnitude até o fim do ano. Também pesa sobre o mercado o comentário feito pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent , no domingo sobre não haver “nenhuma garantia” de que a maior economia do mundo evitará a recessão, apenas uma semana após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter se recusado a descartar uma possibilidade. Estados Un...

Nova tabela progressiva do IR atualiza faixa de isenção da PLR; veja o que muda

Com a atualização da base da tabela progressiva para o Imposto de Renda, a Receita Federal também ajustou a tributação para quem ganha a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) das empresas. Em fevereiro, o governo federal aumentou a primeira faixa da tabela progressiva do IR para o ano que vem, que subiu dos atuais R$ 2.640 para R$ 2.824 — o dobro do salário-mínimo em vigor em 2024 (R$ 1.412). Depois, através de uma instrução normativa, atualizou também a primeira faixa da tabela para PLRs. A mudança está válida desde fevereiro deste ano e passa a impactar os valores informados na declaração de IR 2025. A PLR é um valor pago de “bônus” aos profissionais e fica retida na fonte, ou seja, é tributada antes de cair na conta do beneficiado. A faixa de isenção atual da PLR é de R$ 7.404,11 e passará a ser de R$ 7.640,80. As outras faixas de tributação permanecem iguais. Veja a tabela válida para o IR 2025: Valor do PLR anual (em R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do impos...