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Abacaxi de R$ 2,3 mil e morangos gigantes: a receita de sucesso das “frutas de luxo”


Um abacaxi de US$ 396 (cerca de R$ 2.300) vem embalado em uma caixa vermelha decorativa que se desdobra como origami e tem orifícios para ventilação. Um melão, de US$ 156 (o equivalente a R$ 876), vem embalado em uma rede de espuma, ele foi cultivado em um ramo cuidadosamente podado de forma a garantir que fosse o único fruto da planta e o processo todo resultou em uma doçura excepcional.

Com uma longa história em partes da Ásia, frutas de luxo estão se tornando populares nos Estados Unidos, à medida que novas variedades são cultivadas e importadas, incluindo aquelas desenvolvidas ao longo de vários anos por empresas que buscam oferecer produtos com aparência e sabor distintos. Recentemente, o abacaxi de US$ 396 – cuja marca registrada é Rubyglow devido à sua casca vermelha e cuja produção é extremamente limitada –, esgotou em questão de semanas nos Estados Unidos.

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Algumas dessas frutas são ofertadas como presentes há muito tempo, especialmente no Japão e na Coréia. Segundo relatam especialistas em produtos agrícolas, essa tendência está se disseminando nos Estados Unidos, à medida que aumenta o apreço por frutas e melões de qualidade excepcional, semelhantes àqueles que os viajantes podem ter experimentado no exterior. Conforme a indústria de bens de luxo se expandiu, aumentou também o interesse por frutas de luxo, afirma Soyeon Shim, especialista em comportamento financeiro e de consumo da Universidade de Wisconsin-Madison.

“O mercado se tornou muito mais global”, analisou. “Você pode comprar o que quiser”, acrescentou Shim.

Leia mais: Luxo que é simples: a receita das empresas para conquistar a classe A

Eve Turow-Paul, autora e especialista em tendências alimentares globais, caracterizou frutas de luxo como parte das “experiências alimentares de ‘alta costura’”, nas quais as pessoas buscam fazer declarações de valor. “Especialmente nos últimos dez anos, a cultura alimentar global se tornou homogeneizada”, disse ela. “Como você continua superando outras pessoas neste tipo de ambiente alimentar?”

Nas últimas décadas, produtos únicos – como o melão de US$ 156, conhecido como Crown Melon; uvas especiais da Coreia do Sul, valorizadas pelo seu tamanho grande e textura crocante; morangos brancos do Japão; e o mangostão, uma fruta tropical com polpa branca e macia – têm sido importados aos Estados Unidos, disse Robert Schueller, porta-voz da Melissa’s Produce, que se descreve como o maior distribuidor de frutas e vegetais especiais do país.

As tentativas da empresa de introduzir frutas desconhecidas no paladar americano, porém, nem sempre tiveram sucesso, acrescentou. A maçã estrela, uma fruta de coloração roxo-escura nativa do Caribe e da América Central; a oca, um inhame popular na Nova Zelândia; e uma melancia quadrada – que embora possa ser “cortada como torrada” não era mais saborosa que outras – não conseguiram se estabelecer, disse Schueller. (Hoje, a Melissa’s trabalha com um produtor na Costa Rica no desenvolvimento de uma melancia em formato de caixa e doce.)

As que seguem são algumas das frutas mais sofisticadas disponíveis nos Estados Unidos:

Abacaxi de grife



Fruta tropical nativa da América do Sul, o abacaxi tem sido historicamente um produto de luxo nos Estados Unidos e na Europa, simbólica do imperialismo, do poder e da opulência. Foi apenas no início do século 20 que uma plantação no Havaí deixou a fruta mais acessível em toda a América do Norte.

Nos últimos anos, um punhado de abacaxis exclusivos e mais caros foram introduzidos nos Estados Unidos, incluindo o abacaxi Elefante Green Gold, que é nativo de Gana e tem polpa branca, miolo comestível, baixa acidez e é enviado em uma caixa devido à sua tendência a tombar. Ele custa cerca de US$ 26. Cultivado na Costa Rica, o abacaxi Pinkglow foi geneticamente modificado pela Fresh Del Monte para ter uma polpa rosa doce e baixa acidez. Ele foi lançado em 2019 por cerca de US$ 50 e hoje custa até US$ 29, dependendo do tamanho.

Este ano, após 16 anos de desenvolvimento, a Del Monte, que distribui produtos globalmente, apresentou o abacaxi Rubyglow, que tem uma casca externa vermelha e polpa amarela doce, na China e nos Estados Unidos. O alto preço se deve em parte ao fato de apenas alguns milhares de frutas terem sido cultivadas este ano, mas a empresa diz que o preço deve cair à medida que a produção aumenta. Nem o Pinkglow nem o Rubyglow, ambos comercializados pela Melissa’s Produce, vêm com suas coroas, que podem ser utilizadas para cultivar mais abacaxis.

Um melão único



Perfumado e doce, o Melão Crown é um produto de especialidade almiscarado originário da província de Shizuoka, no Japão, onde o clima é quente e ensolarado. Cada ramo é podado de forma a produzir apenas um fruto, o que concentra o sabor do melão.



No Japão, o melão – que tem casca reticulada, polpa verde-limão e tem seu teor de açúcar analisado antes de ser vendido – é tradicionalmente dado de presente. Cada um vem em uma caixa com haste em forma de T, uma lembrança do processo de cultivo. O melão só recentemente foi aprovado para importação nos Estados Unidos e pode sair por até US$ 156 por unidade.

Embalagem para o Crown Melon, que pode custar até US$ 156 por fruta nos EUA e é cultivado em Shizuoka, no Japão, onde cada videira é podada para produzir apenas um dos melões para concentrar seu sabor, na Melissa’s Produce em Los Angeles, maio 29, 2024. As frutas de luxo, que têm uma longa história em partes da Ásia, especialmente como presentes, estão a fazer sucesso nos EUA entre os americanos que desejam as bagas e melões impecáveis ​​que podem ter experimentado no estrangeiro. (Maggie Shannon/The New York Times)


Embora muitos compradores norte-americanos já estejam familiarizados com o melão, ele está ganhando popularidade cada vez maior, disse Ayako Yuki, porta-voz da Ikigai Fruits, que importa a fruta e outros produtos japoneses de luxo para os Estados Unidos. Os influenciadores das redes sociais também ajudaram a introduzir produtos de luxo no mercado global, acrescentou ela. “Eles ficam muito curiosos para experimentar a primeira mordida”, disse Yuki.

Morangos mimados



Meio quilo de morangos não orgânicos geralmente custa apenas alguns dólares. Uma única baga de luxo pode custar isso ou até mais – às vezes até cerca de US$ 29 cada.

A Ikigai, importadora de frutas de luxo, comercializa uma variedade de morangos vermelhos, rosas e brancos importados do Japão em caixas cujos valores variam de US$ 89 a US$ 780. Um pacote típico custa cerca de US$ 128 e contém 30 morangos grandes, disse a empresa. Cultivadas em estufas e colhidas quando estão perfeitamente maduras e doces, às vezes as bagas são embrulhadas individualmente para protegê-las de choques e marcas.

Mais tipos de manga



A manga, uma fruta tropical nativa da Ásia, foi introduzida na Flórida no século XIX. Mas até hoje, devido às práticas de cultivo, colheita e importação, as mangas mais comuns nos Estados Unidos podem ser firmes, fibrosas ou ácidas demais.

Nas últimas décadas, porém, o Ministério da Agricultura dos EUA aprovou importações de outros países, dentre os quais a Índia e a Colômbia. Algumas mangas premium também são cultivadas na Flórida e na Califórnia, embora nem sempre estejam disponíveis em outros estados. “Algumas pessoas pensam que uma manga é uma manga”, disse Schueller, da Melissa’s Produce. “Nem todas têm o mesmo sabor.”

A manga Pink Elephant, que vem do Vietnã e é comercializada pela Melissa’s, está entre as mais novas variedades importadas, disse Schueller. Uma única fruta, que pesa até 2 quilos, pode custar até cerca de US$ 25. Outra variedade, a Manga Miyazaki, também conhecida como “Ovo do Sol” e importada do Japão por outro varejista, está cotada a US$ 95 por unidade.

“À primeira vista, isso parece realmente insustentável”, comentou Turow-Paul, especialista em tendências alimentares, sobre a importação de frutas de luxo para os Estados Unidos, destacando que parte do motivo pelo qual algumas dessas frutas são tão caras é a longa distância que percorreram.

Mas ela disse que espera que as frutas cultivadas nos EUA possam gerar o mesmo entusiasmo. “Há todo tipo de coisa maluca, deliciosa e linda que cresce e que simplesmente não comemoramos”, disse Turow-Paul.
“As pessoas estão abertas a comer coisas novas e inovadoras”, ponderou.

NYT: ©.2024 The New York Times Company

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