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Mesmo com juros altos, projeções para lucros de companhias seguram Ibovespa

GRáfico de bolsa

Os juros brasileiros seguem em patamares elevados, principalmente na ponta longa da curva dos DIs. No entanto, mesmo com altos e baixos, o Ibovespa vem sustentando seus patamares no ano, o que, para especialistas, se dá principalmente pelo fato de as projeções de lucros para as companhias estarem em um momento positivo.

A NTN-B para 2035, usada por parte do mercado como taxa de desconto, por exemplo, está pagando o IPCA mais uma taxa de cerca de 6,21%. Apesar de ter se afastado do pico recente, quando chegou a IPCA+ 6,40%, ela está longe dos patamares do começo do ano, quando, fora a variação do principal índice de preços brasileiro, rendia uma taxa de 5,40%.

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Rendimento NTN-B. Fonte: Bloomberg

Apesar da forte alta dos juros, impulsionada pelo cenário nos Estados Unidos e por motivos internos, o Ibovespa acumula uma queda de pouco mais de 3% em 2024, operando próxima dos 128 mil pontos.

Fora isso, a despeito de os juros terem ido aos maiores patamares desde o começo de 2023, o principal índice da Bolsa brasileira não ficou nem perto de operar próximo aos níveis dessa época — algo entre 105 e 108 mil pontos.

Se a taxa de desconto está mais alta, o esperado, usualmente, seria que o Ibovespa sentisse mais. Mas isso não vem acontecendo porque, para especialistas, os ativos brasileiros entraram em um “momento de inflexão positiva” nos ganhos. 

“A taxa de desconto é um conceito fundamental em finanças e representa a taxa de juros utilizada para trazer um valor futuro a valor presente – porque só podemos comparar o dinheiro na mesma base de tempo, especialmente por questão de inflação que corrói o poder de compra”, explica Felipe Pontes, Diretor de Gestão de Patrimônio da Avantgarde Asset Management.

Lucros em momento positivo

Marcelo Audi, gestor da Cardinal Partners, em rede social, explicou que após dois anos “duríssimos de queda de lucro e revisões para baixo” (2022 e 2023), 2024 e 2025 vêm se mostrando como um período positivo dentro do ciclo dos lucros. O fato de as empresas estarem lucrando mais, e com previsões de mais altas para ao menos o próximo um ano e meio, está sendo um “suporte” para as performances dos ativos de risco.

Recentemente, bancos como o Santander e o Itaú BBA jogaram para cima suas projeções de lucros para o Ibovespa. Em parte, o melhor desempenho de companhias de commodities sustaram a revisão para 2024 e para 2025. O BBA, por exemplo, enxerga que as companhias devem ver um crescimento de 14% no ano fiscal de 2024.

“As projeções de lucro anteriores levavam em consideração um cenário mais conturbado. No começo deste ano, houve uma tendência de baixa nas revisões das estimativas de lucro por ação do Ibovespa para 2024. Agora, com um cenário externo se mostrando um pouco mais favorável, combinados com uma pequena melhora nas perspectivas de risco internas, muitas projeções de lucro foram revisadas”, comenta Leandro Ormond, analista da Aware Investments.

Nos Estados Unidos, a visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não conseguiria cortar juros foi perdendo força, principalmente para o fim do primeiro semestre. Isso afastou os temores de que seria necessário o chamado “hard landing”, uma desaceleração mais forte da economia norte-americana, para frear a inflação. Já na China, apesar de a economia ainda estar cambaleando, as expectativas pelos estímulos ajudam a sustentar certo otimismo. 

“Com a interrupção do ciclo de corte de juros, as projeções de lucro para as empresas cíclicas domésticas foram recentemente revisadas ligeiramente para baixo, uma vez que aumentou a despesa com juros das empresas e diminuiu marginalmente o potencial de aumento de receita”, explica Marcelo Nantes, gestor de renda variável do ASA.

No entanto, para ele, o cenário macro continua benigno no curto prazo, com o PIB brasileiro sendo revisado para cima, inflação sob controle e desemprego relativamente baixo. Nantes explica que, por agora, o mercado se divide em perspectivas boas no macro — e para o lucro das companhias — e o fiscal negativo.

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