Pular para o conteúdo principal

João “da Cimed” prepara um sucessor – para uma empresa (e um mercado) diferente

João Adibe, 52, começou na indústria farmacêutica fazendo venda porta a porta, de pasta na mão. Ainda adolescente, começou a ajudar o pai nos negócios, numa Cimed recém-batizada e de poucos produtos no portfólio. Adibe Marques, 26, pegou a empresa em uma fase muito mais próspera, com o status de terceira maior indústria farmacêutica do país e segunda em vendas de produtos genéricos. “Hoje a gente tem a maior força de vendas do mercado farmacêutico”, ressalta o rapaz, diretor de varejo independente da farmacêutica.

Isso não quer dizer que o pai deixou a “cama pronta” para o filho deitar. Como sucessor natural de João, cercado por familiares em seu dia a dia na empresa, Marques terá, em um futuro próprio, o desafio de dar continuidade a um negócio de proporções bilionárias. E enfrentar certas complexidades, diferentes das que as gerações anteriores a ele precisaram lidar. A indústria farmacêutica não é a mesma de antigamente. A empresa também não.

Leia mais: Menos remédio, mais higiene e beleza: o plano da Cimed para faturar R$ 5 bi até 2025

“Meu pai começou a se afastar do negócio quando viu o tamanho que a empresa chegou. Ele tinha dificuldade em lidar com a profissionalização do negócio”, revela João Adibe, CEO da Cimed. Seu pai, João de Castro Marques, fundou a empresa no final da década de 1970. Essa história foi contada no podcast Do Zero Ao Topo, do InfoMoney, por Karla Marques Felmanas, vice-presidente da Cimed e irmã de Adibe.

Karla tem três filhos que trabalham no negócio. Dos cinco filhos de João, três também estão na empresa. João diz que todos estão cientes de sua posição na Cimed e Adibe Marques, o filho mais velho, aprendeu, desde cedo, a encarar a profissionalização do negócio com naturalidade.

João Adibe (ao centro) e os filhos: Adibe Marques, Esther e Bruna Adibe (Crédito: Erich Shibata)

“Nos meus primeiros anos dentro da empresa, meu avô era o financeiro, tributário e jurídico. Meu pai era o vendedor. Hoje temos os melhores profissionais de finanças do mercado captando dinheiro com as melhores taxas de mercado”, diz o primogênito.

Adibe Marques também já participa das decisões estratégicas da Cimed como integrante do conselho de administração. O board, presidido por Nicola Calicchio, ex-CEO da McKinsey, é equilibrado entre membros da família e profissionais do mercado.

“A Cimed tem um board robusto, que não precisa dos acionistas no dia a dia para funcionar”, afirma Marques.

Diferentes, mas complementares

Da porta para fora, a terceira geração da Cimed lida com um mercado farmacêutico que ganha cada vez mais um perfil preventivo. Com o crescimento da “geração saúde”, a linha de prevenção, composta por suplementos vitamínicos e alimentares, já responde por 20% do faturamento da Cimed e se expande anualmente.

Ao mesmo tempo, o aumento de expectativa de vida da população mantém em alta a demanda na parte curativa da indústria. “Esses dois mercados andam e crescem juntos. São vertentes complementares”, afirma o sucessor.

Complementares também são as personalidades e estilos de gestão de pai e filho. Com quase 4 milhões de seguidores no Instagram e ativo nos stories da rede social, o “João da Cimed”, como ficou conhecido por sua participação em programas de TV, domina a conversa, fala com convicação sobre o negócio – tem o discurso típico do vendedor que ele diz nunca ter deixado de ser.

Adibe Marques é um pouco mais reservado, assertivo e durante a entrevista ao InfoMoney, na sede da Cimed, escutava com atenção a tudo o que o pai falava. “O Adibe não é muito de campo, ele é para dentro, eu sou para fora. Então somos complementares. Ele coloca no papel e eu parto para a execução”, dizia João.

“Não é porque eu sou vendedor que ele tem que ser vendedor. Eu tenho que dar o protagonismo dele e tentar direcioná-lo naquilo que ele tem mais aptidão. Essa é a nossa visão de profissionalização enquanto empresa familiar”.

Como o filho se vê no futuro? “A posição que eu sonho, com certeza, é de CEO da companhia. Se você me perguntar quando, digo que é no momento que eu estiver pronto. Pode ser daqui a um dia ou em 15 anos”.

“Hoje eu dedico 90% do meu tempo à Cimed do amanhã. Aos projetos estruturais da área comercial que vão ‘dar o laço’ à empresa daqui a dois três anos”, complementa.

Já João Adibe não se vê fora da empresa. “Vou continuar trabalhando enquanto tiver saúde, raciocínio e disposição”, afirma. “E a verdade é que eu gostaria de voltar a fazer aquilo que eu fazia quando tinha 15 anos. Ir para a rua, vender. Quando eu me aposentar, vou virar vendedor de novo”.

The post João “da Cimed” prepara um sucessor – para uma empresa (e um mercado) diferente appeared first on InfoMoney.



source https://www.infomoney.com.br/business/joao-da-cimed-prepara-um-sucessor-para-uma-empresa-e-um-mercado-diferente/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

De Pequim a Lisboa: quais são as 10 melhores cidades para combinar trabalho e lazer 

O trabalho híbrido e remoto, que ganhou força durante a pandemia, tornou-se um arranjo permanente para muitas empresas, permitindo um equilíbrio maior entre trabalho e lazer. Nesse sentido, o International Workplace Group (IWG) elaborou um ranking com as dez melhores cidades do mundo para trabalho e lazer (ou férias). Em 2024, a primeira posição da lista é ocupada pela capital húngara, Budapeste, seguida por Barcelona (Espanha) e Rio de Janeiro (Brasil). Uma mudança quase completa em relação aos locais escolhidos no ano anterior, que foram Barcelona, Dubai (EAU) e Praga (República Tcheca). Leia também: Morar fora em 2024: veja países baratos, como investir e mais para fazer real durar no exterior O resultado deste ano, divulgado pelo portal CNBC na última quarta-feira (21), corresponde a uma pesquisa com 1.000 profissionais que trabalham de forma híbrida ou remota pelo mundo. Segundo a IWG, o levantamento considera a pontuação de dez categorias: acomodação, alimentação, clima, c

Nunes, Datena e Boulos têm empate triplo em SP, mas prefeito leva melhor no 2º turno

A 68 dias das eleições municipais , o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) , o apresentador de televisão José Luiz Datena (PSDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) estão tecnicamente empatados na disputa pela prefeitura de São Paulo, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira (30). Baixe uma planilha gratuita para calcular seus investimentos em renda fixa e fuja dos ativos que rendem menos O levantamento, realizado entre os dias 25 e 28 de julho, mostra que, em cenário estimulado (ou seja, quando são apresentados nomes de candidatos aos entrevistados) de primeiro turno, Nunes (MDB), que tenta a reeleição, mantém a liderança numérica na corrida, com 20% das intenções de voto − 2 pontos percentuais a menos do que na pesquisa anterior, divulgada em junho. Logo atrás, Datena e Boulos , com 19% cada. Em um mês, o primeiro variou positivamente 2 p.p., ao passo que o segundo escorregou na mesma proporção. Como a margem máxima de erro é de 3,1 pontos percentuai

Desvendando os Segredos do Livro "Oferta de 100 Milhões" por Alex Hormozi

Vamos mergulhar em um livro que tem causado um verdadeiro alvoroço nos círculos de empreendedorismo e negócios: "Oferta de 100 Milhões", escrito por Alex Hormozi. Se você está em busca de insights valiosos sobre como construir ofertas de sucesso e impulsionar seus negócios, este livro certamente deve estar na sua lista de leituras obrigatórias. O Gênio por Trás do Livro: Alex Hormozi Alex Hormozi é um empreendedor renomado e especialista em crescimento empresarial. Ele fundou e liderou várias empresas de sucesso e, através de suas experiências e conquistas, acumulou conhecimentos inestimáveis sobre como criar ofertas que realmente vendem. O Que Você Pode Esperar de "Oferta de 100 Milhões" No livro "Oferta de 100 Milhões", Alex Hormozi compartilha seus insights, estratégias e táticas para criar ofertas irresistíveis que podem gerar retornos substanciais. A abordagem de Hormozi é pragmática e baseada em experiências reais, o que o diferencia de muitos outros