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Duas commodities devem superar petróleo e minério de ferro, projetam gestores 

Ouro (Foto: Zlaťáky.cz/ Unsplash)

Mesmo após o fim de um período de colônias se declarando livres de seus colonizadores, independência ainda é um tema importante na geopolítica e economia mundial – e para o seu bolso. Isto porque os países perceberam que precisam de autossuficiência tecnológica, financeira e energética, o que não é boa notícias para produtores de petróleo e minério de ferro. 

A conclusão é de João Landau, sócio-fundador e CIO da Vista Capital. Em painel na Expert XP sobre commodities, ele explicou que pandemia de Covid-19 e guerra na Ucrânia fizeram as economias se voltarem para dentro de casa para não depender de outras geografias. O principal impacto dessa conclusão está no movimento da China. 

Para ganhar independência energética, o país asiático vem investindo pesado em veículos elétricos e energia nuclear. Aqui, há um vencedor e um perdedor, respectivamente: o urânio, principal combustível de energia nuclear, e o petróleo, cada vez menos demandado para abastecer motores a gasolina ou diesel. 

A avaliação é que a commodity pode perder valor mais rapidamente do que o mercado esperava porque a China já vem desacelerando a demanda pelo óleo. “Empresas de petróleo deveriam negociar a múltiplos menores; a demanda não está aparecendo, seja nos Estados Unidos, Europa ou China”, afirma Landau. 

Ele ainda diz que o urânio tem desempenho ruim no ano, mas já esteve em falta e a demanda só aumenta: “China está construindo muitas usinas nucleares, o excesso de demanda será inacreditável em quatro ou cinco anos”. 

Já o minério de ferro é um dos mais punidos pela desaceleração do crescimento econômico da China. Mas outra explicação, mais conceitual e definitiva, explica o pessimismo que ajuda a Vale (VALE3) a cair 22% no ano: “há praticamente só um comprador para o minério de ferro (China) e ele decidiu que fazer casa não é mais legal, que legal é fazer chip e carro elétrico, que não consomem aço como arranha-céus de 50 andares”, 

Por outro lado, há outro material básico vencedor com as novas dinâmicas que se desenham na geopolítica global: o ouro. Para este minério, há uma tempestade perfeita. O primeiro fator é estrutural: “há três anos, países orientais vêm acelerando a compra do ouro como diversificação ao dólar”, pontua Bruno Cordeiro, sócio e gestor da Kapitalo Investimentos. O movimento faz parte de um esforço para garantir o segundo pilar da independência citado por Landau, nas finanças. 

Só a procura do oriente por ouro já seria suficiente para garantir otimismo com o futuro da commodity, mas outro fator, este sazonal, também anima os gestores. “Ocidentais estão com baixa alocação em ouro porque dólar estava pagando bem, agora, com queda de juros nos EUA, a procura pelo ouro tende a voltar”, projeta Cordeiro. 

O pessimismo com algumas commodities é encarado com naturalidade pelos gestores.Eles explicam que a economia muda e esses materiais já têm a tendência de perder valor ao longo do tempo, quando não são mais necessários. Mas, para eles, o Brasil é o grande vencedor das mudanças geopolíticas em curso: “tudo que a China não tem (alimentos e petróleo, por exemplo), nós produzimos e tudo que nós não temos, em tecnologia, podemos importar mais baratos deles”, diz Landau.

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