Quem disse que a brincadeira acabou para a Gulliver? A fabricante de brinquedos, com sede em São Caetano do Sul, município da região metropolitana de São Paulo, está em recuperação judicial (RJ) desde 2017, mas afirma que nunca parou de produzir os itens que tornaram a empresa um ícone. Recentemente, relançou seus toy soldiers, os soldadinhos verdes em miniatura que atravessaram gerações. Figuras estáticas e monocromáticas de super-heróis, além do clássico Forte Apache, também se tornaram marcas inconfundíveis da fabricante, fundada no final dos anos 1960 por Mariano Lavin Ortiz, um espanhol que migrou de seu país de origem durante a ditadura franquista.
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Exército de brinquedo, batalha de verdade
O exército da Gulliver é de brinquedo, mas a empresa trava uma batalha real para manter sua estrutura produtiva, que atualmente emprega cerca de 50 funcionários. Por determinação da Justiça, seu principal parque fabril irá a leilão em outubro para quitar dívidas.
“Com vocações comercial e industrial, o imóvel composto por dois galpões será oferecido em leilão eletrônico com datas previstas para 9 e 23 de outubro”, anuncia a Taba Leilões, empresa responsável pelo certame. “A unidade deverá ser disputada por indústrias, hospitais, construtoras e investidores”, complementa, em nota.
Não se depender da Gulliver. Kathia Lavin, gerente geral da empresa, disse ao InfoMoney que a fabricante de brinquedos tentará suspender o leilão. Segundo ela, a Gulliver chegou a um acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e conseguiu uma “redução significativa” de sua dívida tributária, utilizando créditos de prejuízos fiscais para abater o valor (não revelado), o que é permitido desde 2022.
Com a diminuição dessa dívida, a gerente explica que a venda de apenas uma parte do imóvel seria suficiente para honrar compromissos. “Vamos desmembrar o prédio, vender apenas uma parte, mas manter a fábrica”, afirma Lavin. “Já temos até um comprador em vista”, complementa.
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Leilão de R$ 52 milhões
A fábrica da Gulliver, objeto do leilão marcado para outubro, possui 11.551 metros quadrados de área construída e 7.278 metros quadrados de área total. A empresa responsável pelo certame estima que o ativo seja arrematado por mais de R$ 52 milhões.
Não é a primeira vez que o imóvel vai a leilão. Em outro certame, realizado pela empresa Leilão Judicial Eletrônico, a fábrica chegou a ser arrematada, mas o comprador não pagou pelo valor combinado — e a Gulliver acabou ganhando tempo com isso.
Kathia explica que a dívida tributária é o principal entrave financeiro da empresa hoje. “Estamos cumprindo direitinho a recuperação dos credores”, afirma. O plano da recuperação judicial, segundo ela, prevê o pagamento aos credores em 24 parcelas semestrais, e sete foram pagas até agora.
“Cachorro morto”
“A Gulliver não é ‘um cachorro morto’. Pelo contrário, estamos reestruturando toda a parte da empresa para que ela volte a ter importância no mercado”, afirma Cristine Pricoli, gerente comercial e de marketing da empresa.
Segundo ela, a fabricante de brinquedos tem 110 produtos no portfólio, com mais lançamentos previstos para o final deste ano e início de 2025.
Os planos de curto prazo podem ser frustrados se o leilão da fábrica seguir adiante. A empresa responsável pelo certame diz que a produção da unidade seria desativada de três a seis meses após o imóvel ser arrematado. “Mas isso vai se reverter”, dispara Cristine, confiante de que o certame não irá para frente, apostando em uma reviravolta.
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