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Minoria na liderança do BC, mulheres fazem bonito quando assunto é inovação

Sede do Banco Central em Brasília 25/08/2021 REUTERS/Amanda Perobelli

A exemplo do que acontece no mercado de trabalho em geral, também no Banco Central as mulheres ainda estão longe de ocupar espaço para além das cotas na diretoria.  Ocupam apenas 11% dos cargos de liderança, aponta estudo publicado no Caderno EBAPE.BR, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). É delas, porém, a linha de frente da estratégia de transformação digital do mercado financeiro, envolvidas diretamente com inciativas como o PIX, a moeda digital DREX e o Open Finance.

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Foi o que o BC mostrou recentemente na agenda do evento Finance of Tomorrow (FoT). Nas plenárias, que trazem as principais agendas do dia e ocupam o maior espaço, o órgão foi representado pelo diretor de regulação, Otávio Damaso, e pelo diretor de política monetária indicado para a presidência, Gabriel Galípolo. Nos painéis, porém, um time feminino para lá de capacitado puxou a agenda de modernização – e de muita atenção aos riscos e controles – do mercado bancário e financeiro.

Dificuldade de conciliação

São representantes dos Departamentos de Tecnologia da Informação (DEINF), Regulação do Sistema Financeiro (DENOR) e de Supervisão de Conduta (DECON) do banco. Nomes como o de Juliana Mozachi Sandri, Chefe do Departamento de Supervisão de Conduta, responsável por supervisionar o sistema financeiro brasileiro em relação à lavagem de dinheiro e combate ao terrorismo e à proteção do consumidor financeiro brilharam. Ela é uma possível indicada para a vaga da diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, ocupada hoje por Carolina de Assis Barros, que deixará o banco.

Perguntada sobre qual o maior desafio que já enfrentou na carreira, Sandri exemplifica bem o que é apontado no estudo publicado no Caderno EBAPE.BR como o maior desafio à ascensão de mulheres na carreira do BC: a dificuldade de conciliar a agenda profissional e de capacitação com a pessoal – família, filhos, pais.

“Optei por fazer o doutorado sem me afastar. Tive o apoio de minha família e do BC, mas não posso dizer que não foi desafiador. Eu tinha aulas à distância, muitas vezes, de noite ou de madrugada, e ainda tinha que gerenciar a casa, filhos adolescentes, e os efeitos da pandemia que todos nós sofremos”, conta.

Open Finance

Ao lado de Juliana Mozachi, estão mulheres como Veruska Aragão, chefe-adjunta no Departamento de Tecnologia da Informação do BC e líder do Escritório de Inovação e Segurança Cibernética (ITSeC), Janaina Pimenta Attie, chefe da divisão responsável pela regulação do Open Finance, e Thaís Figueiredo Pinto, Natália Falcão e Janaína Balsanupho Soares, todas atuantes na regulação do Open Finance.

Para elas, o Open Finance, a exemplo do que já aconteceu com o PIX, representa uma boa oportunidade de inclusão. A hiperpersonalização permitirá a criação de soluções específicas para mulheres, como produtos de planejamento familiar e de previdência que considerem a expectativa de vida mais longa do público feminino. Nesse processo, porém, elas apontam como desafio a necessidade de coordenar e equilibrar interesses.

“O projeto Open Finance é desafiador. Envolve uma variedade de assuntos tratados todos os dias, de aspectos muito técnicos até questões estratégicas, ligadas à coordenação de participantes com interesses diversos, por vezes opostos” conta Figueiredo. 

“Exige um processo de interlocução permanente com o mercado, e uma forte atuação do BC na busca do melhor equilíbrio possível entre os diferentes interesses dos agentes de mercado”, confirma Pimenta.

Questões de gênero expostas

De fato, não deve ser fácil, principalmente sendo mulher (e, nesse aspecto, a repórter que assina essa reportagem tem lugar de fala, sem necessidade de nenhuma outra fonte). A um mês da sabatina de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, mesmo com as questões de gênero expostas no governo federal, o mercado financeiro segue especulando sobre a necessidade de indicação de uma – apenas uma – mulher para garantir a diversidade na diretora da instituição.

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Ruim, dado que a representatividade feminina na instituição é pequena. Embora a principal forma de ingresso na instituição seja o concurso público, sem uma política afirmativa, do total de 3214 servidores do BC, apenas 23% são mulheres. Entre os cargos, a participação só supera a faixa dos 20% na função procurador. As mulheres ocupam 38% desses cargos. São apenas cinco entre os 39 chefes de departamento.

Sobre esse ponto, Mozachi faz o advocacy da diversidade. “É fundamental que tenhamos mais mulheres em diferentes posições, seja no governo ou nas instituições financeiras. A diversidade (que não se resume a questões de gênero) de quem toma as decisões é fundamental para que as inovações do sistema financeiros beneficie a todos os cidadãos”, declara.

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