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Com R$ 300 bi captados no ano, fundos de renda fixa evoluem e podem pagar proventos

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Em mais um ano com cenário recheado de incertezas, que culminou no início de um novo ciclo de aperto monetário pelo Banco Central em setembro, brasileiros seguem buscando a segurança da renda fixa para proteger seu capital. A diferença em relação ao passado é que a indústria evoluiu e oferece mais que um porto seguro para os seus investidores – agora é possível encontrar produtos sofisticados, com boa rentabilidade e, mais recentemente, que pagam rendimentos periódicos.

Segundo dados da Anbima, fundos de renda fixa captaram R$ 309 bilhões no ano até o fim de setembro, contra captação de R$ 800 milhões por fundos de ações e resgates de R$ 198,2 bilhões em produtos de multimercado.

Alexandre Donini, gestor de renda fixa e crédito da Genial Investimentos, afirma que o destaque têm sido os fundos de crédito privado, que depois de um primeiro semestre ruim em 2023, por conta da fraude descoberta nas Lojas Americanas, tiveram uma ótima performance, que se sustenta até agora. Além da performance, o executivo aponta outros fatores que contribuíram para captação da classe: taxação de fundos exclusivos; restrição nas emissões de LCI, LCA, CRA e CRI; e performance abaixo do esperado nos fundos de ação e multimercados.

“É notável a busca de investidores por ativos de baixo risco nesse momento”, corrobora Clara Sodré, analista de fundos da XP, notando que o patrimônio líquido dos fundos de renda fixa cresceu 8% apenas este ano e que alguns produtos da classe, nomeadamente os de crédito, têm entregado alfa relevante para além da taxa de juros, entre 115% e 120% do CDI.

Leia também: Esses fundos permitem a empresas pagar menos impostos – mas poucas sabem disso

“Mesmo com o investidor muito alocado, a demanda segue elevada. Então, já não é tão trivial encontrar temáticas vencedoras. Também por isso estamos vendo um movimento de sofisticação e maturação da indústria, com consolidação de estratégias e outras que surgem por demanda, como é o caso da busca por produtos que entreguem rendimentos periódicos”, diz Clara.

Confira abaixo, então, estratégias para além Fundos Imobiliários (FIIs) e Fiagros que combinam rentabilidade, segurança e pagamentos de dividendos:

FI-Infra

Os FI-Infras, ou Fundos Incentivados de Investimento em Infraestrutura, são produtos compostos por debêntures incentivadas em que o capital do investidor é utilizado para aportes em empresas no setor de infraestrutura, que é composto por segmentos como transportes, telecomunicações, saneamento, etc.

Estes ativos podem ser listados em bolsa, no modelo de condomínio fechado, em que o investidor é remunerado, mas só pode resgatar suas cotas quando o prazo de duração do fundo acabar. Ou condomínio aberto, disponibilizado por gestoras aos clientes através bancos e corretoras e com possibilidade de resgate.

Leia também: Debêntures da Vale terão taxas menores que as do Tesouro Direto; por quê?

A classe possui dupla isenção de impostos, nos rendimentos e também nos ganhos de capital, nota Clara Sodré, da XP, destacando que há hoje, por exemplo, fundo “hedgeado” na modalidade aberta que busca entregar rentabilidade de 110% do CDI e ainda paga rendimentos mensais.

Donini, da Genial, também gosta da classe, mas pondera que o investidor deve se atentar à composição das carteiras dos fundos, evitando os muito concentrados em poucos ativos, com duration muito longo e/ou com spread de crédito baixo.

FIDC

Os FIDCs, ou Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios, são compostos por créditos que empresas têm direito de receber de clientes. Ou seja, dívidas como parcelas de cartão de crédito, aluguéis, etc. que são convertidas em títulos e repassadas a terceiros, através de processo de securitização. Uma estrutura mais complexa, normalmente buscada por investidores mais experientes.

A modalidade tem versão aberta, em que o investidor pode aportar e resgatar quando quiser; e fechada, com prazo de captação definido e saída no encerramento do fundo ou em caso de algum evento específico. Ademais, as cotas podem ter mais (sênior, depois mezanino) ou menos (subordinada) prioridade no recebimento dos pagamentos.

“É uma modalidade que está amadurecendo, mas ainda requer etapa educacional para pessoas físicas”, diz Clara, notando que mudança regulatória na Instrução Normativa 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitirá que investidores de varejo aportem de fato na modalidade.

Em termos de rendimentos, já existem produtos voltados para players qualificados que, além da busca por um retorno estipulado, pagará proventos mensais aos cotistas (pode haver cadência de, por exemplo, 12 meses antes dos pagamentos começarem.

Leia também: O que fazer se o fundo em que invisto tomar calote de um CRA? 

High Yield

Também para investidores que buscam sofisticação de gestão, diz Clara, os fundos de crédito High Yield (alto rendimento) entregam retornos elevados e podem pagar rendimentos periódicos. Mas a analista alerta que os riscos de crédito da categoria também costumam ser mais elevados do que os de outras classes.

Em termos de definição, é difícil colocá-los em uma caixinha, pois podem investir em debêntures, letras financeiras, FIDCs, e por aí vai. A determinação de high yield” se dá, então, pelo risco de crédito elevado do produto. Os produtos high grade (alta qualidade), por outro lado, focam em empresas consolidadas e com nível de risco reduzido.

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