Pular para o conteúdo principal

Governo quer tirar “concessões inteligentes” do papel em 2025; entenda como funcionam

Rodovia

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara novos passos para destravar a agenda de concessões de rodovias federais em 2025.

Após investir na atração de novos players para os certames, em mudanças nos desenhos de contratos, modelagens e em produtos para favorecer o financiamento de projetos de infraestrutura, a bola da vez agora são as chamadas “concessões inteligentes”.

Em conversa com o InfoMoney, o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro explicou que esta nova modalidade deverá envolver rodovias com tráfego menor do que as tradicionalmente envolvidas em leilões ─ e que provavelmente envolveriam tarifas mais elevadas se fosse mantida a modelagem conhecida.

“Quando eu tiro algumas exigências e simplifico para uma rodovia que vai ter sinalização boa, manutenção boa e eu não faço investimentos adicionais, como uma duplicação (que não tem volume de movimento para isso), eu atraio uma estrutura de capital menor e com perfil diferente do tradicional”, explicou.

Segundo o secretário, o governo federal deverá testar o novo modelo com “pelo menos seis projetos” no segundo semestre de 2025. A ideia é que o desenho, apelidado de “concessão light” pelo ministro Renan Filho (MDB), conte com o formato de cobrança free flow (eletrônica) e tarifa menor, em razão de custos reduzidos em comparação com exigências normalmente presentes em outros leilões.

George Santoro, secretário-executivo do Ministério dos Transportes (Foto: divulgação/ MT)

Neste modelo, o concessionário teria como objetivo a manutenção de boas condições da estrada, sem obrigação de investimentos em duplicação. Também haveria economia em despesas com serviços de guincho e ambulância. Após um período de 10 anos, o governo avaliaria se o trecho seria objeto de nova concessão.

“A ideia é, já com a nova regulação do free flow, ela ser toda implementada nele, que reduz muito os custos operacionais de uma concessão. Pode chegar a uma redução de 15% a 20% dos custos ─ e do capex também”, explicou Santoro.

O sistema free flow de pagamento por livre passagem tem funcionamento similar ao que já existe hoje com o pagamento automático nas praças de pedágios, por adesivos eletrônicos, ou “tags” oferecido por empresas.

A ideia é que o motorista utilize as rodovias sem precisar passar pelas barreiras físicas de pedágio, o que pode agilizar o trânsito. Já para as concessionárias, há uma expectativa de redução de custos no futuro com estrutura e contratação de pessoal para efetuar a cobrança, embora hoje a inadimplência e a educação do usuário sejam desafios.

Novos modelos e atores

O modelo foi apresentado junto com a carteira de projetos de concessões de rodovias de grande porte no pipeline do governo a grandes fundos de investimento e operadores de infraestrutura globais durante roadshow do Ministério dos Transportes em Madri (Espanha) e Londres (Reino Unido).

No velho continente, a comitiva liderada por Renan Filho diz ter recebido sinais concretos de interesse de novos operadores nos próximos certames. A aposta da atual administração é que uma agenda robusta de leilões poderá aguçar o apetite de investidores estrangeiros em um momento de liquidez favorável e taxas de retorno interessantes nos projetos brasileiros em comparação com pares internacionais.

O objetivo do governo federal é atrair interesse do setor privado projeto em rodovias menores com o desenho alternativo de concessão, de modo a permitir uma alocação mais eficiente de recursos públicos escassos em projetos que realmente não tenham aderência do capital privado.

Santoro tem destacado a importância do papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na condução da agenda de projetos de infraestrutura do País. Mas reconhece a necessidade cada vez maior de atrair novos atores do setor privado e viabilizar o uso de variados instrumentos de financiamento.

No caso das rodovias de maior porte, algumas das apostas são as debêntures de infraestrutura, e o mecanismo de Project Finance Non Recourse (modelo em que as garantias oferecidas advêm de receitas geradas no próprio projeto, reduzindo a pressão sobre o caixa dos operadores), usado recentemente pela CCR para as obras nas rodovias Presidente Dutra e Rio-Santos.

A ideia do governo tem sido trazer para os certames não apenas construtoras e concessionárias especializadas na operação de projetos de infraestrutura, mas agentes do mercado financeiro, como fundos de investimentos.

A ampliação de players é uma estratégia para dar suporte à agenda ousada de leilões planejada pela atual administração. A meta do governo é realizar 35 leilões de rodovias até o fim do terceiro mandato do presidente Lula.

The post Governo quer tirar “concessões inteligentes” do papel em 2025; entenda como funcionam appeared first on InfoMoney.



source https://www.infomoney.com.br/politica/governo-quer-tirar-concessoes-inteligentes-do-papel-em-2025-entenda-como-funcionam/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Após fim do EMBI+, novo indicador desponta como alternativa para medir risco

Qual o melhor termômetro para medir a volatilidade e os riscos de investir no Brasil (e em outros países)? Um bom caminho usado até meados do mês de 2024 era o Embi+, calculado pelo JPMorgan. Esta era a sigla para Emerging Markets Bond Index Plus, que significa Índice de Títulos de Mercados Emergentes Mais, basicamente medindo o desempenho de títulos públicos de economias emergentes. O índice auxiliava os investidores na compreensão do risco de investir em determinado país. Quanto mais alto fosse, maior seria o risco. A unidade de medida usada era ponto-base, trazendo a diferença entre a taxa de retorno dos títulos de países emergentes e a oferecida por títulos emitidos pelo Tesouro americano. A diferença constituía o spread, sendo essencialmente o Country Risk Premium, ou o Prêmio de Risco País. Contudo, o índice foi descontinuado em julho de 2024, fazendo com que o mercado perdesse uma boa referência sobre investimentos nos países emergentes. Uma alternativa a ser pensada num pr...

Dow Jones Futuro cai com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA

Dow Jones Futuro recua com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA Os índices futuros dos EUA operam em baixa nesta segunda-feira (17), com investidores à espera da decisão do Federal Open Market Committee (FOMC), que se reúne nesta semana. A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) mantenha a taxa de juros no intervalo atual, entre 4,25% e 4,50%. No entanto, o mercado já precifica um possível início do ciclo de cortes a partir da reunião de 18 de junho. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, há uma probabilidade de 57,7% para um corte de 25 pontos-base nessa data, com projeção de pelo menos mais um ajuste da mesma magnitude até o fim do ano. Também pesa sobre o mercado o comentário feito pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent , no domingo sobre não haver “nenhuma garantia” de que a maior economia do mundo evitará a recessão, apenas uma semana após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter se recusado a descartar uma possibilidade. Estados Un...

Nova tabela progressiva do IR atualiza faixa de isenção da PLR; veja o que muda

Com a atualização da base da tabela progressiva para o Imposto de Renda, a Receita Federal também ajustou a tributação para quem ganha a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) das empresas. Em fevereiro, o governo federal aumentou a primeira faixa da tabela progressiva do IR para o ano que vem, que subiu dos atuais R$ 2.640 para R$ 2.824 — o dobro do salário-mínimo em vigor em 2024 (R$ 1.412). Depois, através de uma instrução normativa, atualizou também a primeira faixa da tabela para PLRs. A mudança está válida desde fevereiro deste ano e passa a impactar os valores informados na declaração de IR 2025. A PLR é um valor pago de “bônus” aos profissionais e fica retida na fonte, ou seja, é tributada antes de cair na conta do beneficiado. A faixa de isenção atual da PLR é de R$ 7.404,11 e passará a ser de R$ 7.640,80. As outras faixas de tributação permanecem iguais. Veja a tabela válida para o IR 2025: Valor do PLR anual (em R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do impos...