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Perda de concessão deve afetar Enel lá fora, mas indenização pode ser trunfo

O apagão em São Paulo, que deixou pouco mais de 2 milhões de pessoas sem luz no final de semana, colocou gasolina no debate sobre o fim da concessão da Enel. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que se a companhia italiana não apresentar solução pode abrir um “processo de recomendação da caducidade” da permissão concedida no final de 1998.

De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, o possível fim da parceria poderia afetar, sim, a operação global da empresa, já que o Brasil é um país estratégico e representa cerca de 15% a 20% de sua receita.

“A Enel estaria perdendo a sua maior operação na América Latina. Embora posicionada em mais cidades nas américas, a concessão em São Paulo é a mais significativa para a empresa no continente. Então, além de representar grande parte da receita, o país é estratégico para a operação na América do Sul”, disse Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

A medida também atrapalharia os projetos da gigante europeia fundada na década de 60. Em seu plano estratégico para os anos de 2024 e 2026, a Enel anunciou investimentos até US$ 2,9 bilhões em redes brasileiras. O montante representa 74% dos US$ 3,9 bilhões alocados para a América Latina. O total de despesas de capital (CAPEX) no país é projetado em US$ 3,7 bilhões, 45% superior na comparação com o plano de investimento anterior, que compreendia os anos de 2023 e 2025.

Percepção internacional

Gerson Brilhante, analista da Levante Inside Corp, disse que possível perda da concessão em São Paulo também poderia impactar a percepção dos investidores internacionais, especialmente porque a concessão é um ativo valioso em um mercado-chave.

“A incerteza regulatória e a instabilidade em concessões de grande porte podem gerar receios sobre a segurança dos investimentos da Enel no país, o que pode afetar o valuation da empresa”, falou. Cittadin da Manchester, no entanto, lembrou que a empresa poderia receber uma indenização de R$ 10 bilhões, o “que poderia acalmar os ânimos dos investidores”.

Apesar de todo o transtorno gerado para os moradores de São Paulo, o apagão ainda não foi precificado por investidores internacionais. As ações da Enel são negociadas a 7,209 euros na bolsa italiana na tarde desta terça-feira (15), mantendo uma tendência de alta iniciada em agosto. No acumulado de seis meses, o papél avança 24%.

Também não houve qualquer mudança entre os analistas de Wall Street. Com base em 11 análises de especialistas do principal centro financeiro do mundo, nove ainda mantém recomendação de “compra” para a ação da empresa, enquanto dois sugerem “manter”. Não há nenhuma recomendação de venda. Os dados são da plataforma tipranks.

Boletim

Em balanço divulgado nesta terça, a Enel informou que 220 mil endereços na Grande São Paulo ainda estão com problema de falta de energia. Desse total, 147 mil estão na capital, 6,5 mil em Diadema, 5 mil em São Bernardo do Campo e o restante em outras localidades.

A empresa comunicou que suas equipes seguem trabalhando no restabelecimento da energia a clientes que ingressaram com chamados ao longo dos últimos dias.

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