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Renda fixa paga mais com Selic a 11,25%, mas prêmios ‘amassados’ preocupam

Se os investidores já tinham a renda fixa como refúgio com a Selic a 10,75% ao ano, agora, com a taxa básica de juros em 11,25%, a classe se torna ainda mais atrativa. A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), anunciada nessa quarta-feira (6), de subir os juros em 0,50 ponto percentual aumenta, automaticamente, o rendimento dos títulos atrelados à Selic e ao CDI

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Analistas avisam, porém, que os investidores ainda precisam se atentar às taxas, prazos e indexadores de títulos públicos e privados para não comprar títulos com remuneração aquém do risco que oferecem.

Títulos públicos

No Tesouro Direto, os títulos do Tesouro Selic (LFTs) passam a render mais ao mesmo tempo em que oferecem o menor risco entre todos os instrumentos de investimento do Brasil. Para Ian Lima, gestor de renda fixa ativa da Inter Asset, uma carteira saudável de renda fixa deve ter LFTs porque o mercado geralmente não acerta nas previsões para os ciclos de aperto monetário e “uma parcela mais relevante de títulos pós-fixados tende a deixar o portfólio mais equilibrado”. 

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Mas dá para ganhar mais dinheiro na renda fixa pública. Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, explica que o Tesouro Selic “é mais para uma estratégia de caixa e reserva de emergência”, já que “não tem componentes de risco que trazem prêmios maiores”. 

Ela conta que a XP prefere os papéis do Tesouro IPCA+ porque oferecem “taxa relevante para carregar os títulos até o vencimento”. Os títulos mais curtos da classe oferecem, hoje, juro real de até 6,8%. 

Apesar de admitir a possibilidade de novas aberturas no curto prazo, Ricardo Nunes, CIO de crédito da Paramis Capital, vê o juro alto do Tesouro IPCA+ como insustentável para a economia brasileira e espera arrefecimento das taxas no longo prazo, o que permitiria ao investidor que comprar os papéis agora vender os títulos antes do vencimento e ainda garantir lucro. “Olhando para um horizonte mais longo e tendo paciência para carregar os títulos, entendemos que são boas oportunidades”, diz o especialista.

Nunes dá o mesmo diagnóstico para os prefixados, que podem se valorizar no longo prazo. Para aproveitar esse fechamento das taxas, é melhor investir em papéis mais curtos, segundo a XP, que olha para a classe com mais cautela “porque são os que mais devem oscilar”, segundo Dolle. 

Crédito privado 

Saindo do risco soberano de papéis emitidos pelo governo e indo para o risco corporativo, com debêntures, CRIs, CRAs e CDBs, emitidos por empresas não financeiras e bancos, a seleção de ativos precisa ser ainda mais cuidadosa. Isso porque a alta da Selic e o desempenho fraco da Bolsa atraíram muita gente para a renda fixa privada, o que faz as empresas aproveitarem para oferecer taxas menores, seguindo a lei da oferta e demanda. 

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Nunes, especialista na área, resume o momento dizendo que “não temos visto muito prêmio nas debêntures mais high yield (de empresas mais sólidas)”. Hoje, o perigo da classe está em correr um risco mal remunerado, já que as empresas oferecem taxas próximas (e até menores) do que o praticado nos títulos públicos, considerados os mais seguros do Brasil. 

Mas o CIO de crédito da Paramis garante que ainda há boas oportunidades no crédito privado, até nos CRAs, que passam por um momento turbulento com uma explosão de pedidos de recuperação judicial no agronegócio. Em qualquer instrumento, a estratégia da casa é evitar empresas muito endividadas e setores cíclicos, como varejo, consumo e construtoras e priorizar papéis que oferecem boas garantias. 

Camilla Dolle, da XP, diz que é preciso “ver se taxa, qualidade, prazo e indexadores fazem sentido, independentemente do tipo de papel”. A avaliação é de que, com prêmios amassados, fica mais difícil identificar se a relação risco-retorno é positiva para o investidor e indicar setores ou instrumentos específicos não é um bom caminho agora. 

Ainda pode ser interessante optar por papéis mais curtos, como a Paramis tem feito por entender que os prêmios estão muito comprimidos. A ideia é não travar a carteira a ativos com spread baixo por muito tempo para conseguir aproveitar oportunidades melhores quando os spreads subirem.

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