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Renda em dólar: quais os melhores bonds de 2025 para investir no exterior 

2024 foi um ano positivo para investimentos nos Estados Unidos. As ações americanas tiveram um desempenho forte e o dólar disparou frente ao real. Porém, não foi apenas a renda variável que registrou bons ganhos: os títulos do tesouro americano continuam com rendimentos atrativos e os bonds corporativos high yield tiveram 8% de ganho de capital

O cenário deve se repetir neste ano, segundo especialistas. “2025 é o ano do carrego. É possível encontrar bonds com bons prêmios para levar o título até o vencimento. Estamos falando de rendimentos de 5% mais dólar. É um nível que continua muito atrativo”, diz José Maria da Silva, coordenador de estratégia da Avenue. 

Em 2024, o Federal Reserve (Fed, o BC americano) começou a cortar os juros nos Estados Unidos, diminuindo a taxa efetiva dos fed funds de 5,33% para 4,33%. E em 2025 os cortes devem continuar. José Maria, entretanto, pondera que isso não significa necessariamente perda de rendimento nos bonds americanos

Em abril de 2024, os títulos do tesouro americano estavam no pico do ano, com os papeis de 2 anos em 4,96% e os de 10 anos – referência internacional – em 4,63%. Neste momento, a taxa dos fed funds estava em 5,33%. 

Meses depois, em setembro, o banco central cortou as taxas pela primeira vez, baixando o nível dos fed funds para 4,83%. Semanas antes do corte, o mercado já precificava a mudança na curva de juros futuros e derrubou os rendimentos  para o menor nível do ano: a taxa nos Treasuries de 2 anos foi a 3,53% e nos títulos de 10 anos, a 3,66%. Mas a queda não se sustentou

Em dezembro, as taxas já tinham voltado para níveis próximos ao de abril novamente (4,3% e 4,5%, respectivamente), mesmo com os fed funds em 4,33%. 

“O juro do Fed não está necessariamente correlacionado com as taxas dos títulos. O que determina os prêmios na renda fixa americana, sejam os do governo ou das empresas, é a curva de juros futuros e a tendência agora é de juros mais altos por mais tempo”, diz o coordenador da Avenue. 

5% mais dólar 

O retorno de Donald Trump à Casa Branca mudou as expectativas do mercado em relação à política monetária dos Estados Unidos nos próximos anos. Se antes o esperado eram cortes de juros contínuos até uma taxa terminal dos fed funds no nível de 2%, agora não se tem mais essa clareza e se espera juros altos por mais tempo. 

Isso porque, as políticas governistas do republicano – de tarifas às importações, desregulamentação e deportação de imigrantes – apontam para uma economia mais inflacionada, e o remédio para a inflação é aumento de juros. O próprio Fed sinalizou em seu último relatório de dezembro a possibilidade de voltar a subir juros em 2025. 

O Federal Reserve é um curinga em 2025. E a solução para este nível de incerteza se resume em dois conselhos, segundo os especialistas consultados pelo InfoMoney: carregue o título até o vencimento e se mantenha em prazos curtos, de até 3 anos. Só não pode perder a oportunidade de uma boa renda em dólar. 

Rodrigo Sgavioli, head de alocação da XP, afirma que as Treasuries do governo americano ainda apresentam taxas boas, mas que os bonds das empresas oferecem prêmios melhores. “Dá para encontrar títulos muito bons de empresas com grau de investimento pagando entre 4% e 7%, que é um retorno muito atrativo quando falamos de investimento em dólar.” 

Se o investidor tiver um pouco mais de apetite a risco, os bonds high yield dos Estados Unidos podem chegar a prêmios de 7%. Diferentemente dos títulos brasileiros, a grande maioria dos papeis de renda fixa americanos são pré-fixados, de modo que já dá para saber o ganho final no momento em que se compra o título. 

“A classificação é high yield, mas estamos falando de uma economia com grau de investimento, que é os Estados Unidos. Mesmo com um pouco mais de risco, é um investimento que tende a ser mais seguro do que a classificação high yield no Brasil”, diz Sgavioli. 

Exemplos de bonds 

Empresa (symbol) Rendimento  Vencimento  Rating Moody’s
Apple (AAPL5584914) 4,3% 10/05/2033 Aaa 
Visa (V4319927) 4,37% 14/12/2025 Aa3
Citibank (C5710309) 5,49% 4/12/2026 Aa3
Mastercard (MA5552137) 4,87% 9/03/2028 Aa3
Meta (FB5581188) 4,8% 15/05/2030 Aa3
CSN (SID5711928) 8,87% 5/12/2030 Ba2
Live Nation (LYV4987775) 6,5% 15/05/2027 Ba2
Banco do Brasil (CPMA5570606)  6,25% 18/04/2030 Ba1
Ford (F.GM) 7,125% 15/1/2025 Ba1
Petrobras (PTRB4443368) 7,37% 17/01/2027 Ba1
Fonte: FIMRA

Riscos 

José Maria, da Avenue, vê um 2025 com bastante volatilidade nos títulos do governo americano, devido à falta de previsibilidade em relação aos movimentos do Federal Reserve e do presidente Trump. Para os bonds corporativos, no entanto, a plataforma de avaliação de investimentos Morningstar prevê mais estabilidade. 

“Fortes lucros corporativos e baixo risco de recessão [nos EUA] significam que é improvável que os rendimentos corporativos aumentem substancialmente devido ao medo de inadimplência, mas como as avaliações dos títulos estão próximas de máximas históricas, há pouco espaço para que os rendimentos caiam”, diz análise da Morningstar. 

A seletividade, no entanto, se faz necessária. Os prêmios dos bonds em relação aos rendimentos do tesouro americano estão baixos – em 0,82% nos títulos com grau de investimento. A XP recomenda uma posição pequena para diversificação, dentro da porção internacional da carteira, com títulos de até 3 anos de duração.  

Entre título e fundos, José Maria, da Avenue, afirma que os títulos permitem uma seletividade maior, visto que é possível escolher o rendimento, o prazo e ter clareza sobre quanto vai receber no vencimento. Já os fundos são mais difusos e têm uma estratégia própria, levando a um investimento mais passivo.

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