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Alongar prazo é regra de ouro para fundos de crédito privado em 2025; entenda 

calculadora impostos investimentos - freepik

Quando o assunto é fundo de crédito privado, aplicação que tende a sofrer com os juros altos, a regra de ouro para 2025 é alongar prazos de resgate, defendem especialistas. 

Em um momento de taxa de juros básica (Selic) subindo, volatilidade e previsão de crescimento modesto da atividade econômica, prazos maiores permitem aos gestores de crédito corporativos uma flexibilidade que não é possível na hora de compor carteiras com liquidez diária ou mensal.  Essa flexibilidade se traduz em retorno e proteção, segundo um estudo realizado pela XP.

O levantamento, com base em dados de 2020 até o final do ano passado, mostra que os fundos com prazo de resgate superior a 30 dias entregaram uma rentabilidade de 62,55%.

Os fundos D+30 (com resgate em 30 dias) tiveram um retorno de 53,95% no mesmo período, e os de liquidez diária, de 49,83%. Todos superaram o desempenho do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), de 47,59%.   

Ou seja, quanto maior o prazo de resgate, melhor a rentabilidade. A avaliação de especialistas é que isso aconteceu porque, quando tem uma liquidez alongada, o gestor pode buscar papeis de crédito corporativo com taxas de retorno maiores. 

Leia também: Crédito privado pode dobrar investimento em 10 anos e segue em alta para 2025

“Os fundos com prazo maior tendem a apresentar uma rentabilidade superior em primeiro lugar pela estrutura de gestão. Em um momento em que o mercado de crédito está com maior volatilidade, por exemplo, o gestor não é forçado a vender um ativo a valor baixo”, explica Clara Sodré, analista de alocação e fundos no Research da XP e uma das autoras do estudo.

Esses fundos mais longos, diz ela, também acabam sendo mais resistentes a crises, já que o gestor não fica sob pressão de uma série de resgates em momentos de pânico. “Isso gera a capacidade de estruturar melhor o prêmio de risco, traz uma maior resiliência em momentos de crise.”

É a mesma avaliação de Samer Serhan, sócio e CIO da estratégia de crédito privado e infraestrutura na JiveMauá, que defende o alongamento de prazo e foco em ativos atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), já que o momento é de alta da Selic. 

“Nos fundos de curto prazo, se há muitos pedidos de resgate, é necessária a venda forçada de ativos a um preço inferior ao patamar do mercado naquele momento. Isso se reflete no retorno”, diz Serhan.

Ambos os especialistas chamam a atenção em especial para os fundos com prazo de resgate de 90 dias ou mais. “Três meses é o período máximo em que o mercado de crédito tende a ficar estressado, quando olhamos os padrões históricos”, afirma Sodré.

Emissores AAA x A

O levantamento da XP mostra ainda o aprofundamento no ano passado da diferença de retorno entre as empresas classificadas como A e as AAAs, com a melhor nota de risco. As empresas A, mais arriscadas, superaram as AAAs por 3,75% em julho do ano passado, a maior diferença desde janeiro de 2020.

Isso acontece porque, no ano passado, a demanda elevada por crédito privado fez com que os emissores com melhor qualificação reduzissem os retornos oferecidos, o que fez com que os prêmios se reduzissem na comparação com títulos públicos (essa diferença é chamada de spread).

“Esse movimento de fechamento de spreads ocorreu com mais intensidade nos papeis com riscos de crédito mais conservadores, pela busca dos investidores por ativos de qualidade em um cenário macro mais desafiador”, explica Gustavo Saula, Analista de Renda Fixa do Grupo SWM. 

Quais os melhores setores para o crédito privado?

E quais são os setores que oferecem o melhor desempenho ao investidor neste momento de volatilidade? 

Para Serhan, da JiveMauá, os setores defensivos do crédito privado são as empresas que têm contratos de prazo mais longo e que portanto dependem menos do ciclo econômico para gerar receita. “São empresas que entregam previsibilidade de receita por um período longo”, afirma.

O especialista acredita que uma das principais preocupações hoje é com a desaceleração da economia prevista para 2025. “Os setores ligados à saúde, de varejo e de bens e serviços são pontos de atenção em um momento de expectativa de economia mais fraca”, diz. 

Eduardo Barbosa, sócio-fundador e diretor financeiro da Multiplica Crédito & Investimentos, avalia que previsibilidade de receitas e essencialidade de serviços é uma boa combinação. “Setores defensivos, como energia elétrica, saneamento, transporte e logística, costumam se destacar em períodos de instabilidade”, afirma.

Por fim, Eduardo Levy, diretor de novos negócios da Virgo, ressalta que é importante buscar por empresas emissoras que tenham boas garantias. “O tomador precisa ter garantias executáveis. Sem essas garantias fica muito difícil ter uma boa operação de pé.”

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