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Dólar + 8%: a oportunidade escondida nos bonds de empresas dos EUA

Como as eleições dos EUA impactam o Brasil e o mundo

O crédito privado está em alta no Brasil após os recordes de emissão e captação registrados em 2024. Com os juros nas alturas, os investidores buscam por opções de diversificação de renda fixa que ofereçam previsibilidade. Acontece que este fenômeno não é exclusividade tupiniquim. Os bonds de empresas americanas também estão nas alturas, com as taxas americanas ainda pagando bons juros

A renda fixa global pagou 8,59% de rendimento aos investidores no ano passado, desconsiderando a valorização do dólar. Com a apreciação da moeda estrangeira, o retorno chegou a 33,36%. Para 2025, a expectativa dos agentes financeiros é de um retorno similar para os ativos, visto que as chances de novos cortes de juros diminuíram, conforme sinalização do Federal Reserve. 

Para Rodrigo Aloi, head de estratégia e pesquisa da HMC Capital, a economia americana vai muito bem e, mesmo com a expectativa de alguma deterioração de cenário com o aumento da inflação, a projeção maior é de crescimento econômico e manutenção de juros – uma combinação boa para a tese de crédito privado. 

“2025 deve manter a toada positiva do ano passado, com retornos altos e boa eficiência quando se considera risco-retorno”, diz Aloi. “Os títulos das empresas estão pagando quase o mesmo que a Bolsa americana, porém com uma volatilidade muito menor e previsibilidade.” 

Aloi argumenta que os rendimentos variam entre 8% e 12% nas diferentes classes de crédito, como bonds high yield, crédito estruturado (CLO) ou subordinado (Preferred Securities). No investment grade, ele acredita que a atratividade está menor porque os spreads (prêmios acima do título público) diminuíram muito no fim do ano passado com os cortes de juros. 

Porém, entre os bonds high yield, como se trata de uma avaliação de crédito em um país com grau de investimento, o risco é menor do que o de papéis com a mesma classificação no Brasil. “É uma questão de seletividade. Tem muita oportunidade boa entre os high yield se o gestor conseguir filtrar bem. É uma questão de olhar para os fundamentos, em setores que historicamente oferecem bons prêmios”, diz Aloi.  

Saída dos fundos 

A estratégia do investidor brasileiro de pontualmente procurar títulos de crédito americanos não é indicada pelos especialistas. Segundo eles, alguns dos problemas com essa alternativa são concentração de risco em um único título, regulamentação diferente, dificuldade de informação sobre a empresa e menor compreensão do mercado estrangeiro. 

A escolha por fundos, sejam eles internacionais ou locais (mas que investem em crédito no exterior), é o caminho recomendado. 

“Os fundos têm melhores condições de avaliar os ativos e podem diversificar para mitigar riscos. É possível encontrar fundos com mais de 300 títulos na carteira, algo pouco plausível para um investidor comum”, diz Michel Dazzi, head de produtos e soluções da Principal Claritas. 

Para o investidor que quer a exposição ao dólar, Dazzi afirma que as contas internacionais têm boas opções de fundos, com muita liquidez. É uma questão de entender qual estratégia de crédito privado faz mais sentido para, então, escolher o ativo. 

Já para o investidor que aplica em real, há fundos locais que também operam com essas estratégias internacionais. “A casca de fundo local dá acesso ao investidor brasileiro que quer essa exposição no exterior. Normalmente são fundos ‘hedgeados’ [protegidos da variação do câmbio], para focar no rendimento dos ativos e mitigar o risco do dólar”, diz Dazzi. 

Exemplos de fundos internacionais: 

  • Oaktree Global Credit 
  • Pimco Income FIM IE
  • BlackRock High Yield Bond
  • Fidelity Capital & Income Fund
  • Credit Suisse Strategic Income Fund

Exemplos de fundos locais: 

  • Man GLG High Yield Opportunities BRL FIM IE
  • Gama Pearl Diver Global Floating Income 
  • Morgan Stanley Global Fixed Income Advisory FIC FIM IE
  • Principal Global High Yield
  • Principal Preferred Securities

Menos risco 

A exposição ao exterior, dolarizada ou não (com hedge) deve ser considerada uma mitigação de riscos, não um adicional, na opinião dos especialistas. Eles explicam que o Brasil é um país mais arriscado, com mais volatilidade e incertezas político-econômicas do que os Estados Unidos. 

O investidor precisa parar de olhar para o internacional como uma parcela que adiciona risco à carteira. Na verdade, é o contrário. É sempre um mitigador de risco”, diz Aloi. Segundo ele, as chances de um evento de crédito nos EUA são muito menores do que no Brasil. 

Para ele, o investimento por meio de fundos é possível para qualquer perfil de investidor brasileiro, do conservador ao arrojado, a questão é escolher a estratégia que mais se adequa a cada um. 

Dazzi afirma que a Principal Claritas aumentou seu chamado positivo para crédito privado nos Estados Unidos em 2025. Para eles, do investment grade ao high yield, há oportunidades de rendimentos.

As empresas estão bastante lucrativas. Hoje vemos um risco menor de se investir em crédito. O mercado é muito líquido e a economia americana está pujante”, diz.

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