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Millennials e Geração Z vão herdar US$ 84 tri até 2045; modo de investir vai mudar

Nas próximas duas décadas o mundo experimentará a maior transferência de riqueza da história. Impressionantes US$ 84 trilhões passarão do controle dos Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964) para seus herdeiros Millennials (nascidos entre 1981 e 1996) ou Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012). É inevitável – embora tenha sido postergado graças ao aumento da expectativa de vida. 

Este número não é uma novidade. Bancos e escritórios especializados em gestão de patrimônio trabalham com essa expectativa há algum tempo. Entretanto, um novo estudo da plataforma de cidadania e migração de investidores Multipolitan mostrou que todo esse dinheiro poderá ter um destino diferente na mão desses herdeiros. 

Segundo o estudo “Navegando pelo Futuro da Riqueza”, a geração mais jovem tem prioridades de investimento diferentes, que consideram situações da atualidade, como a revolução digital (inteligência artificial, blockchain, economia descentralizada), a urgência climática e social (ESG, descarbonização e filantropia) e um olhar mais globalizado para alocação

Somente nos Estados Unidos, o maior mercado financeiro do mundo, as projeções dão conta que os herdeiros receberão US$ 68 trilhões em ativos (cerca de R$ 401 trilhões). Tendências semelhantes são vistas globalmente, com o Reino Unido antecipando uma transferência de 5,5 trilhões de libras (R$ 40, 4 trilhões)e a Austrália esperando uma transferência de 3,5 trilhões de dólares australianos (R$ 12,8 trilhões).

A grande questão é, para onde vai todo esse dinheiro? O estudo da Multipolitan diz que 72% dos herdeiros ricos e ultra ricos usam o Google para pesquisar seus investimentos, sendo o YouTube a plataforma social preferida para o assunto.

“Entender a dinâmica dessa transferência de riqueza é primordial para as partes interessadas. Os consultores financeiros devem adaptar suas estratégias para atender aos valores e preferências distintas das gerações herdeiras”, diz o documento da Multipolitan.

Sustentável, social e digital 

O estudo indica que o melhor caminho para estar adaptado para o futuro é seguir a tendência dos herdeiros, que é contrária ao dos seus antecessores. “O influxo de riqueza em direção aos Millennials e à Geração Z provavelmente influenciará as tendências de mercado. Gestores de patrimônio devem se adaptar às preferências e necessidades únicas para atrair e reter esses clientes”, diz o texto. 

Alguns escritórios já estariam migrando para inovações tecnológicas nesse sentido. Segundo o relatório, soluções como robô-advisors, planejamento financeiro orientado por IA e transações em blockchain estão se tornando parte integrante dos serviços de gestão de patrimônio.

Outro caminho é o alinhamento do portfólio aos valores dos clientes mais jovens, oferecendo opções de investimentos globais e também focados em sustentabilidade e descarbonização, além dos próprios escritórios integrarem critérios ESG aos seus produtos. A Global Impact Investing Network estimava um mercado de US$ 715 bilhões em 2024. 

Dentro dessa abordagem também estão as estratégias de doações com eficiência fiscal e criando planos de legado que refletem objetivos filantrópicos dessas gerações mais jovens. Os serviços devem abordar as complexidades de gerenciar ativos em várias jurisdições globais, incluindo planejamento tributário, considerações legais e conformidade regulatória.

Conflitos atuais 

Embora os insights da Multipolitan sejam para um horizonte de 20 anos, os movimentos atuais parecem contradizer parte dessa tendência. 

Enquanto a revolução digital, com o blockchain e a inteligência artificial, parece mais vívida do que nunca com os avanços do ChatGPT (e o DeepSeek recentemente) e a tese do Bitcoin, questões de sustentabilidade e justiça social parecem mais distantes. 

Na última segunda-feira (27), a Morningstar Sustainalytics divulgou um relatório em que mostra que as entradas para fundos sustentáveis globais caíram pela metade em 2024. Na Europa, o fechamento destes ativos superou o lançamento de novos fundos. As entradas para fundos sustentáveis globais foram de US$ 36 bilhões no ano passado, o menor valor desde 2018, depois de alcançar US$ 645 bilhões em 2021.

A justificativa para o fraco desempenho foi a forte regulamentação da União Europeia, que exige a reclassificação de alguns fundos, e uma intensa campanha anti-ESG nos EUA, que estariam afastando investidores e gestores da classe de ativos. 

Segundo o relatório da plataforma de cidadania e migração, o motor para toda essa transformação é a passagem geracional da administração da riqueza. Atualmente, a maior parte desse volume continua na mão dos Baby Boomers, mas essas tendências são para as gerações seguintes

“O panorama dos indivíduos com elevado patrimônio está passando por uma mudança demográfica significativa. Tradicionalmente, os Baby Boomers dominavam e, agora, as gerações mais jovens, especialmente os Millennials, representam uma parcela cada vez maior. Esta é a tendência que está remodelando a gestão de patrimônio, visto que as preferências destes investidores mais jovens divergem dos seus antecessores”, argumenta o gerente Latam da Multipolitan, Dan Marconi.

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