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Por que os investidores preferem CDBs ao Tesouro Direto? Qual o melhor em 2025?

Os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) foram os ativos mais buscados pelos investidores brasileiros em 2024. Os títulos bancários superaram com folga os papéis emitidos pelo governo, considerados os investimentos mais seguros do mercado – R$ 1,01 trilhão em investimentos de pessoas físicas contra R$ 181,9 bilhões no Tesouro Direto, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

É possível encontrar boas taxas nos títulos emitidos pelos bancos. Mas um levantamento da Quantum Finance mostra que, em média, a remuneração fica muito próxima ou até abaixo do CDI nos papéis pós-fixados (mais comuns entre os CDBs). Então, o que explica a preferência do brasileiro pelos CDBs? E qual o melhor instrumento para as carteiras de renda fixa?

Por que os CDBs são os favoritos?

Alguns fatores ajudam a alavancar os títulos bancários. Um deles é a variedade maior de prazos e taxas na comparação com os títulos públicos, “permitindo que os investidores escolham conforme seus objetivos financeiros”, diz Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos. 

Julio Ortiz, CEO e co-fundador da CX3 Investimentos, cita a reversão na política monetária ao longo de 2024 para explicar o sucesso dos CDBs no ano passado. “Os bancos, de forma conservadora, iniciaram um processo de reforço de caixa, pagando taxas mais altas; houve uma grande corrida por ativos pós-fixados”, contexto que gera grande procura pelos clientes bancários por conta da proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), explica o especialista. 

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A proteção do FGC funciona como um seguro que garante ao investidor o ressarcimento de até R$ 250 mil caso a instituição emissora do título quebre. 

Mas e o Tesouro Direto? 

Os títulos públicos foram superados por outros títulos bancários em 2024. LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio) receberam mais investimentos de pessoas físicas do que os papéis do Tesouro Direto. Mas os analistas defendem a atratividade dos papéis emitidos pelo governo. 

“O Tesouro Direto tem um risco mais baixo, o que traz maior segurança ao investidor quanto ao retorno de capital”, diz Rafael Bellas, coordenador de produtos da InvestSmart. Ele defende que, hoje, as taxas dos títulos públicos “são atraentes, refletindo as preocupações do mercado com o risco fiscal”. 

Além da segurança, a liquidez também é uma vantagem dos papéis públicos, já que é possível sair do investimento a qualquer momento. Nos CDBs, a liquidez depende do tipo de papel. Há títulos de liquidez diária, que permitem o resgate assim que necessário, mas esses títulos geralmente têm taxas menores. 

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Nos títulos sem liquidez diária determinada, o investidor depende do mercado interno da instituição onde comprou o papel se quiser sair antes da aplicação e pode precisar pagar spreads altos nessa operação. 

Outra diferença importante entre os títulos de renda fixa está na precificação dos papéis ao longo da aplicação. Os títulos públicos são marcados a mercado. Ou seja, o preço do título varia de acordo com as condições de mercado e é possível lucrar ou ter prejuízo em uma saída antecipada. Já os títulos bancários são marcados na curva, onde o valor é atualizado diariamente conforme o indexador. 

Taxas maiores valem a pena? 

Patzlaff diz que “emissores pequenos têm necessidade maior de captação, então oferecem uma rentabilidade maior”. Por isto não é comum ver os grandes bancos como os emissores dos CDBs mais atrativos. Portanto, conforme uma das regras dos investimentos, mais taxa significa mais risco. 

Para saber se vale a pena correr mais risco em troca de rentabilidade maior, Mariana Conegero, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital, aconselha considerar a nota de crédito do banco emissor, investir dentro do limite da garantia do FGC e se atentar à liquidez: “CDBs geralmente exigem manutenção até o vencimento”. 

Para ela, se a diferença de rentabilidade na comparação com o Tesouro Direto for pequena, “pode não valer o risco”. 

Para Ortiz, da CX3, os investimentos devem ser conservadores, seja via Tesouro Direto ou CDBs: “acreditamos que não é hora de assumir grandes riscos e o melhor é investir em ativos de grandes bancos”. 

Por fim, os especialistas destacam que cada aplicação tem vantagens e desvantagens e a escolha entre os papéis depende dos objetivos e perfil de cada investidor. “Em um cenário em que as operações tiverem a mesma taxa e vencimento, não podemos necessariamente garantir qual seria a melhor opção, uma vez que o Tesouro tem maior segurança e liquidez, enquanto o CDB evita a marcação a mercado e pode ter rentabilidade líquida melhor se for isento de taxa de custódia”, conclui Conegero. 

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