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Após ser baleado em serviço na PM, ele se tornou líder de assessores de investimento

O estopim de tudo foi em 2016. “Fui baleado e a bala está alojada na minha C1 (primeira vértebra) da cervical”, conta Gustavo Januário. O tiro, segundo ele, partiu de uma pessoa em uma moto, que ao cruzar a rua disparou a arma no veículo de trabalho em que estava.

Naquele momento, Gustavo se encontrava em serviço no complexo de favelas da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele era um dos PMs baseados numa Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do complexo.

“Não consegui voltar a trabalhar”, relata. Ele estava há seis anos na ativa da polícia militar. Agora, é policial reformado. Gustavo tem movimento limitado no pescoço devido ao incidente na C1, a vértebra principal responsável pela rotação da coluna cervical. Membros superiores (braços) e inferiores (pernas) não foram afetados.

 Educação física

“Eu era apaixonado pela profissão de policial militar”, diz. Antes de ser PM, Gustavo trabalhava como professor de educação física, profissão na qual tem graduação. 

“Era jovem, com 21 anos. Minha filha nasceu e tinha que criá-la. E eu estava muito aflorado de ser policial”, ressalta. Temendo ser repreendido por sua escolha, só depois de aprovado na PM é que avisou a família. “Foi uma sensação muito boa, de se sentir útil à sociedade”, afirma. Mas depois do que aconteceu em 2016, se viu numa situação muito difícil.

“Perguntava toda hora para Deus o que é que eu faço ”

— Gustavo Januário, assessor de investimentos

Pensou até em voltar para educação física, mas optou em conhecer mais sobre investimentos, algo que já o tinha chamado atenção quando era policial da ativa.

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Em 2017 foi a fundo no assunto, inclusive fazendo operações de day trade e swing trade. Estudou tanto sobre o mercado financeiro que acabou se tornando um consultor informal aos amigos sobre investimentos.

Outra profissão

“Foi o mercado financeiro que me deu um chão”, resume. Em fevereiro de 2022 começou como assessor de investimentos no escritório da InvestSmart. “De 2016 a 2022 lutei muito contra eu mesmo”, afirma.

Gustavo Januário relata que não imaginava que um dia conseguiria ter outra profissão.

“Amava o que estava fazendo. Minha família sofria por ser PM. Tinha que estar às 6 horas pronto em serviço. Acordava cedo para chegar antes lá. Não tinha pressa de sair do trabalho”

— Gustavo Januário, assessor de investimentos

No trabalho de assessoria de investimentos, ele percebeu que possuía técnicas que já usava na polícia militar e outras que precisou aprimorá-las.

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“Tive que melhorar a minha comunicação e relacionamento com as pessoas. E eu descobri que era algo que eu gostava, mas não sabia fazer”, explica. Por outro lado, ele teve que tomar decisões em momento de stress na Polícia Militar.

“Na PM, o mais antigo é um tipo de ‘comandante’ da equipe. Então, quando me tornei mais antigo, tive que liderar. Não tinha percebido o quanto isso me trouxe de aprendizado”, conta.

Entender necessidades

No início desse ano, Gustavo Januário, aos 39 anos, passou a liderar equipe de 19 assessores de investimentos na InvestSmart. “As pessoas me viram com capacidade de ser líder”, comemora.

Na assessoria de investimentos, ele acha que as pessoas entram normalmente pela paixão ao mercado financeiro. Mas Gustavo foi além e estudou psicologia e comportamento pessoal antes de ingressar na atividade. “Isso me desenvolveu como pessoa em si”, diz.

“Eu era muito mais fechado. Está sendo um rompimento de tabu para mim falar de minha história. Eu acabei aprendendo muito isso na assessoria. Eu preciso deixar meus clientes superconfortáveis comigo. Então, eles tinham que me conhecer”

— Gustavo Januário, assessor de investimentos

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“Também passei a conhecer mais as pessoas. Eu me tornei mais sensível, passei a ter mais sentimentos e chorar na frente de pessoas”, relata.

Para o assessor, o trabalho na assessoria não é só sugerir um produto e o que o investidor quer, mas entender as necessidades e objetivos dele.

“Não tenho nem mais tempo de chegar em casa e ver televisão. Tenho que estudar e conhecer o comportamento dos clientes”, diz.

“Na polícia, a gente lida com a sociedade, que é meu cliente. Mas a gente não fala com a mesma pessoa todos os dias. Com o cliente de assessoria, tenho que falar com ele todo dia, toda semana, todo mês”, compara. “O principal da assessoria é gostar de pessoas – e ouvi-las”, ressalta.

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