Pular para o conteúdo principal

FIIs de shopping valem a pena com a Selic em alta? veja o cenário

Shoppings para classe A mostram resiliência. Foto:Pexels.

Apesar do ambiente de juros altos, os fundos imobiliários (FIIs) de shopping têm mostrado resiliência e seguem como uma das classes mais atrativa do setor. Segundo analistas, mesmo com uma correlação negativa entre a Selic e as cotas dos fundos — em que o aumento da taxa tende a pressionar os preços para baixo —, os ativos consolidados e bem localizados têm se valorizado com o avanço das vendas e reajustes de aluguéis acima da inflação.

“Vimos resultados surpreendentes nos primeiros meses de 2025, acima das expectativas, mesmo em meio à política monetária contracionista”, comentam Larissa Nappo e Fausto Menezes, analistas do Itaú BBA.

Eles lembram que os FIIs de shopping são híbridos por natureza: além de imóveis, estão diretamente ligados ao varejo e ao nível da atividade econômica.

Com o CDI elevado, FIIs de papel têm se beneficiado e entregado rendimentos mensais maiores, o que acaba desviando parte do fluxo de investidores dos fundos de tijolo. Ainda assim, os dividendos dos shoppings permanecem consistentes, especialmente nos ativos mais qualificados.

“A diferença é o tempo de repasse da inflação. Enquanto os fundos de papel se ajustam rapidamente, os shoppings precisam esperar os reajustes contratuais com os lojistas”, explicam os analistas do BBA.

Para a Arton Advisors, esse descasamento abre oportunidades: “A queda nas cotações, causada pelo ciclo de juros, nem sempre reflete o faturamento dos empreendimentos — o que pode representar boas janelas de compra para investidores de longo prazo”, diz Sylvio Martins, analista de produtos alternativos da casa de investimentos.

Shoppings para classe A mostram resiliência mesmo com juros altos

Neste cenário, shoppings voltados às classes A e B devem continuar com desempenho superior. “Empreendimentos de alto padrão têm uma demanda mais resiliente e capacidade maior de repasse de preços”, diz Leonardo Garcia, analista da Trix.

“Apesar do cenário macroeconômico desafiador, os portfólios de shoppings — especialmente os de alto padrão — registraram crescimento nas vendas quase 4% acima da inflação, além de reajustes nos aluguéis (SSR) também superiores à inflação. Os chamados ativos ‘troféu’ têm uma dinâmica de consumo menos atrelada ao PIB e dominam regiões densamente povoadas, o que os torna investimentos resilientes”, acrescenta Martins.

Índice 2025 12 meses
ITRIX Shopping 8,54% – 6,20%
Ibovespa 8,29% 1,68%
ITRIX Papel 6,82% 0,80%
ITRIX Escritórios 6,58% -10,66%
IFIX 6,32% 7,49%
IDIV 6,19% 7,49%
ITRIX Tijolo 5,93% – 6,01%
ITRIX Galpões 5,76% – 3,00%
CDI 3,03% 11,26%
ITRIX — índice setorial estruturado pelo Trix, plataforma da gestora TRX Investimentos

Por sua vez, Garcia cita que, mesmo com performance negativa de -6,2% nos últimos 12 meses, o segmento ainda entrega dividend yield de cerca de 12% e negocia com desconto médio de 20% (P/VP de 0,8x), o que é atrativo frente ao histórico.

Leia Mais: FII de shopping da BB Asset aposta em setor premium para destravar valor

Segundo especialistas, a recuperação pós-Covid já foi consolidada, e o principal fator que deve influenciar a valorização patrimonial daqui em diante é a trajetória da curva de juros. “Se houver uma virada no ciclo econômico, os fundos podem apresentar bons resultados patrimoniais, reforçados por retrofits, expansões e aquisições estratégicas”, avalia o time do Itaú.

Durante a pandemia, a incerteza sobre o fechamento dos estabelecimentos gerou um impacto significativo, levando o índice a 0,82 P/VP.

Ativos se reinventam com serviços, eventos e coworkings para atrair público

Analistas ainda apontam uma nova tendência no setor: as operadoras de shoppings buscam se tornar sócias dos FIIs, mesmo em ativos premium. “Isso tem gerado um novo fluxo de transações e reforçado o potencial de valorização de fundos que vêm qualificando seus portfólios”, afirma Nappo.

Um exemplo é o XP Malls (XPML11), que participa do desenvolvimento do Shops Faria Lima, empreendimento da JHSF em uma das regiões mais valorizadas de São Paulo. “O fundo se posiciona como referência no setor, com captações bilionárias, entrada em ativos relevantes e parceria com grupos como Multiplan e Iguatemi”, aponta o BBA.

Leia Mais: FIIs elevam dividendos em até 22% em abril; veja maiores altas – e quedas – do mês

A dinâmica dos shoppings também mudou. Hoje, além das compras, os empreendimentos oferecem academias, coworkings, exposições e serviços, aumentando o fluxo de visitantes e a receita.

Entre os fundos que se destacam, os analistas citam também o HGBS11 (Hedge Brasil Shopping), pela exposição a shoppings premium consolidados, e o CPSH11 (Capitânia Shoppings), com boa gestão e indicadores sólidos.

“Os shoppings têm se reinventado e seguem sendo peças-chave na renda dos FIIs. Em um ciclo de queda dos juros, devem voltar a atrair o interesse do investidor que busca renda e valorização”, conclui Garcia.

The post FIIs de shopping valem a pena com a Selic em alta? veja o cenário appeared first on InfoMoney.



source https://www.infomoney.com.br/onde-investir/fiis-de-shopping-valem-a-pena-com-a-selic-em-alta-veja-o-cenario/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nova tabela progressiva do IR atualiza faixa de isenção da PLR; veja o que muda

Com a atualização da base da tabela progressiva para o Imposto de Renda, a Receita Federal também ajustou a tributação para quem ganha a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) das empresas. Em fevereiro, o governo federal aumentou a primeira faixa da tabela progressiva do IR para o ano que vem, que subiu dos atuais R$ 2.640 para R$ 2.824 — o dobro do salário-mínimo em vigor em 2024 (R$ 1.412). Depois, através de uma instrução normativa, atualizou também a primeira faixa da tabela para PLRs. A mudança está válida desde fevereiro deste ano e passa a impactar os valores informados na declaração de IR 2025. A PLR é um valor pago de “bônus” aos profissionais e fica retida na fonte, ou seja, é tributada antes de cair na conta do beneficiado. A faixa de isenção atual da PLR é de R$ 7.404,11 e passará a ser de R$ 7.640,80. As outras faixas de tributação permanecem iguais. Veja a tabela válida para o IR 2025: Valor do PLR anual (em R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do impos...

De Pequim a Lisboa: quais são as 10 melhores cidades para combinar trabalho e lazer 

O trabalho híbrido e remoto, que ganhou força durante a pandemia, tornou-se um arranjo permanente para muitas empresas, permitindo um equilíbrio maior entre trabalho e lazer. Nesse sentido, o International Workplace Group (IWG) elaborou um ranking com as dez melhores cidades do mundo para trabalho e lazer (ou férias). Em 2024, a primeira posição da lista é ocupada pela capital húngara, Budapeste, seguida por Barcelona (Espanha) e Rio de Janeiro (Brasil). Uma mudança quase completa em relação aos locais escolhidos no ano anterior, que foram Barcelona, Dubai (EAU) e Praga (República Tcheca). Leia também: Morar fora em 2024: veja países baratos, como investir e mais para fazer real durar no exterior O resultado deste ano, divulgado pelo portal CNBC na última quarta-feira (21), corresponde a uma pesquisa com 1.000 profissionais que trabalham de forma híbrida ou remota pelo mundo. Segundo a IWG, o levantamento considera a pontuação de dez categorias: acomodação, alimentação, clima, c...

Quanto rendem R$ 100 mil no CDB? Veja simulação para diferentes prazos e tipos

A taxa básica de juros do Brasil, a Selic, foi elevada para 10,75% ao ano em setembro e, diante do cenário macroeconômico local, a expectativa do mercado é que o Banco Central faça novos ajustes para cima ainda em 2024, o que pode beneficiar os CDBs, muito procurados por pessoas físicas. O InfoMoney simulou quanto R$ 100 mil investidos nesses títulos de renda fixa renderiam em um, dois e três anos. Foram considerados tanto os CDBs atrelados à inflação como os pós (indexados ao CDI) e os prefixados. Quanto rendem R$ 100 mil em CDB de inflação Os CDBs de inflação devolvem ao investidor o montante aplicado corrigido pela média da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período, mais uma taxa prefixada. No caso desse tipo de aplicação, R$ 100 mil alocados nesta segunda-feira (14) gerariam um rendimento líquido de  R$ 8.762,47  a  R$ 28.483,34  entre um e três anos, já descontado o imposto de renda (IR), que varia entre 22,5% e 15%, con...