
Para cientistas e estudiosos do meio ambiente e clima, existem alguns marcos climáticos que, uma vez atingidos, gerariam consequências permanentes para o aquecimento global. Tradicionalmente, são pontos climáticos, ecológicos e biológicos. Ou eram, até a chegada de Donald Trump ao poder, segundo pesquisadores.
Após seu primeiro mandato e seu retorno à presidência dos Estados Unidos (EUA), em janeiro deste ano, cientistas passaram a elencar o primeiro ponto de não retorno sociopolítico, o “Trumping Point“. O termo foi forjado pelo Doutor Carlos Nobre, climatologista, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, a ABC.
O pesquisador foi um dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz, em 2007, juntamente com o ex-vice presidente dos EUA, Al Gore, e com outros cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas. Atualmente, também é integrante do Grupo Planetary Guardians, coletivo global independente comprometido com a elevação da ciência dos Limites Planetários.
Nobre, um dos maiores nomes na busca de soluções para salvaguardar a Amazônia, considera possível que o Brasil seja protagonista na redução de emissões de gases do efeito estufa e que possa, ainda, liderar esforço para remoção de gases, através da reconstrução de florestas. Em sua visão, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, em novembro tem potencial de ser a mais importante já realizada.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista do Dr. Carlos Nobre ao InfoMoney Entrevista:
InfoMoney Entrevista – Como que o senhor considera que pode ser o impacto da gestão Trump no aspecto climático, tanto em financiamentos quanto em relação às decisões tomadas?
Dr. Carlos Nobre – O presidente Biden fazia investimento de muitos bilhões por ano para a transição energética sair do combustível fóssil e passar para energias renováveis, principalmente energia solar, eólica, e também a construção de linhas de transmissão muito amplas nos Estados Unidos. Por exemplo, tem alguns estados que têm uma fonte importante de energia, então ali geraria muita energia eólica e linhas de transmissão para distribuir essa eletricidade para vários outros estados que têm menos potencial de energia eólica e de energia solar. Então aquilo estava indo muito bem, mas todo mundo sabia, porque na campanha do Trump para a reeleição ele já falou que no dia que ele tomasse posse da reeleição, ele iria tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris. E assim o fez, dia 20 de janeiro desse ano.
Mas mais do que isso, ele já tinha prometido também autorizar totalmente exploração de combustíveis fósseis, principalmente petróleo, gás natural e xisto. Ele durante a campanha pediu centenas de milhões de dólares de contribuição financeira do setor do petróleo e setor de combustíveis fósseis dos Estados Unidos para financiar a campanha dele.
Agora mais uma coisa que ele não fez no primeiro mandato dele, que ele fez agora, não foi só apoiar as fontes de combustíveis fósseis, não apoiar a transição energética, mas ele também atacou a ciência, principalmente a ciência climática. Não só a climática, atacou também todo o setor de saúde, parou de financiar a Organização Mundial de Saúde, além de logicamente saindo do Acordo de Paris, para de financiar todos os aspectos, o fundo verde para o clima e vários outros fundos. Então, ele ataca a ciência.
E cortou todo o orçamento da USAID, porque a USAID exercia um orçamento de apoio, principalmente para países pobres, mas também inúmeros projetos da USAID, em muitos países do mundo, para combater a emergência climática. Aqui no Brasil também, projetos para ajudar a proteger a Amazônia. Tudo isso foi suspenso.
Ele faz outra coisa. Ele manda cortar o orçamento das melhores universidades americanas, Harvard, Princeton, Columbia, MIT, Yale, todas as verbas de universidades que faziam um trabalho muito importante a ciência para o avanço. Então, é um presidente que aquele negacionismo que ele teve no primeiro mandato.
E isso, veja bem, é quase que inacreditável um presidente fazer isso, porque o que aconteceu no primeiro mandato dele, de 2017 a 2020, para agora o aquecimento global estava ocorrendo, mas a temperatura lá por 2017 a 2020 estava na faixa 1,15 graus mais quente. De repente, ele entra em janeiro de 2025, com o mês mais quente do registro histórico. Em janeiro de 2025, a temperatura foi 1,75 graus mais quente do que 1850, 1900, antes do aquecimento global.
E essas temperaturas de 2024, 1,55 graus mais quente. E agora, janeiro, 1,75. Fevereiro e março, 1,6 graus mais quente. Nunca aconteceu no planeta Terra há 120, 130 mil anos. Nós temos que ir no último período interglacial para ter uma temperatura como essa. E agora nós estamos, pela primeira vez, atingindo essas temperaturas desde que existem civilizações.
A gente coloca o surgimento das civilizações mais modernas desde que nós, homo sapiens, existimos, há 200, 250 mil anos, foram nos últimos 10 mil anos que começou o desenvolvimento de civilizações. Nunca a temperatura esteve nem perto disso.
Como é que um presidente, nesse momento da emergência climática, entra completamente no negacionismo, mais até do que no seu primeiro mandato, e querendo acabar com toda a ciência? Então, eu acredito que este presidente não vai continuar a fazer todas essas medidas, porque a população americana, até mesmo pessoas que votaram nele, já estão muito preocupadas.
IM – O termo “Trumping Point” que o senhor forjou, ele já vem desde antes na campanha de Trump ou foi idealizado agora com essas decisões?
Dr. Carlos – A ciência mostra mais de 25 pontos de não retorno (“tipping points”, em inglês), isto é, que se nós continuarmos a acelerar o aquecimento global, se nós continuarmos a jogar esses gases que causam aquecimento global, como o ácido carbônico, o metano, o óxido nitroso e vários outros, e o aquecimento continuar a continuar, como eu falei, nós vamos disparar muitos desses pontos.
Hoje, a ciência conhece mais de 25 pontos. Então, o que são? São pontos climáticos, ecológicos e biológicos. Por exemplo, deixe-me dar três pequenos exemplos aqui para vocês entenderem o enorme risco.
Se a temperatura chegar a 2,5 graus, nós vamos atingir três pontos de não retorno perigosíssimos, mais até do que três, eu só quero exemplificar com esses três. Quando os oceanos ficarem 2 graus mais quentes, em menos de 50 anos, haverá a extinção de praticamente todas as espécies de recifes de corais. Os recifes de corais mantêm 25% da biodiversidade oceânica.
Então, vai começar uma grande extinção. Nós já tivemos 3,5 bilhões de anos da existência da Terra, cinco extinções de espécies, todas por fenômenos naturais. Nos últimos 66 milhões de anos, a quinta foi quando caiu um asteroide gigantesco no Golfo do México, gerou uma poeira tão grande, modificou o clima do planeta e foi gerando extinções.
Essa foi a quinta. Todas foram fenômenos naturais. Essa será a primeira causada por uma espécie. Nós, homo sapiens, vamos gerar a sexta extinção de espécies. Então, eu dei o dado aqui. Passou de 2 graus, chegou a 2,5 graus. Nós vamos extinguir praticamente todos os recifes de corais.
Aquecendo o planeta 2, 2,5 graus, nós vamos descongelar o solo congelado da Sibéria, norte do Canadá, norte do Alasca, chamado Permafrost. Isso foi congelado dezenas de milhões de anos atrás. Quando congelou, armazenou uma quantidade enorme, gigantesca, de gás carbônico e metano.
Então, se passar de 2 graus, a gente libera, até 2100, mais de 200 bilhões de toneladas desses gases metano. Metano é 30 vezes mais poderoso que o gás carbônico para aquecer o planeta e o gás carbônico.
E o terceiro ponto, de não retorno é terrível para todos nós aqui da América do Sul, é o ponto não retorno da Amazônia. Eu fui o primeiro cientista que publicou, 35 anos atrás, os primeiros artigos, dois artigos, 1990 e 1991, na Science Journal of Climate, que dizia, se eu tiver um grande desmatamento da Amazônia, naquela época era um 7% só, nós vamos passar do ponto não retorno. Nós vamos perder pelo menos 50% da Amazônia.
E agora, 35 anos depois, a ciência, e eu participei dessas pesquisas continuamente, mostra que a Amazônia está na beira do ponto não retorno. Então, se nós não pararmos imediatamente os desmatamentos, a degradação, o fogo, restaurarmos uma grande área da Amazônia, ela vai passar do ponto não retorno. Em 30, 50 anos, nós vamos perder 50, 70% da floresta, e ela vai jogar na atmosfera 250 bilhões de toneladas de gás carbônico no mínimo.
Eu acabei de mencionar para você, 3 dos 25 pontos de não retorno, tem muitos e muitos outros, por exemplo, o derretimento do gelo da Groenlândia, dos mantos de gelo na Groenlândia, na Antártica, isso vai fazer o nível do mar subir demais. Então, o derretimento do mar de gelo no Ártico, e também no oceano astral próximo da Antártica, tudo isso são pontos de não retorno. Bom, então, isso que são os tipping points.
Eu, de fato, logo no início do mandato do presidente Trump, eu estava em um evento em Brasília para discutir a importância da adaptação para a COP30, e aquilo veio na minha cabeça naquele momento, não tinha sido criado antes. Aí eu falei: “existem mais de 25 pontos de não retorno, tipping points. E agora nós estamos criando o primeiro tipping point sociopolítico”.
Todos os anteriores são ambientais. O primeiro sociopolítico, o Trumping point. Então, eu criei isso ali na minha cabeça naquela hora, mas foi correto eu ter criado, porque estou vendo que ficou muito popular, mas é isso mesmo, é um ponto de não retorno sociopolítico, quer dizer, ele modifica a política dentro dos Estados Unidos, ele perturba todo o setor econômico, todo o setor ambiental, então é um ponto de não retorno que nunca nós tínhamos visto nenhum político no mundo querer destruir toda a busca de soluções para evitar o suicídio ecológico do planeta.
IM – E para os trabalhos previstos para a COP30, qual o senhor considera que pode ser o impacto?
Dr. Carlos – Olha, eu acho que essa deve ser a mais importante das 30 COPs, porque, nós estamos há mais de um ano e meio com a temperatura acima de 1,5 graus com todos esses eventos extremos, então essa COP tem que ser muito importante, porque a COP26, em 2021, em Glasgow, na Escócia, já sabíamos que não poderíamos passar de 1,5 graus [de aumento da temperatura]. Então, os 190 países todos assinaram, inclusive os Estados Unidos, com o presidente Biden [compromisso de zerar emissões até 2050].
Então, eu sou muito otimista que essa vai ser a COP mais importante. E o que nós estamos começando a ver também é que os países que mais emitem, hoje, historicamente, são os Estados Unidos. Mas, hoje, China em 1º, Estados Unidos em 2º lugar, Índia em 3º, Rússia em 4º, Indonésia em 5º e Brasil em 6º.
Esses países, principalmente a China, a Índia, a Rússia, vão ter que assumir uma liderança de combate porque os Estados Unidos estão fora. Eles emitem, nos últimos anos, 13% a 14% das emissões. A China, de 23% a 24%.
E nós já começamos a ver isso. As declarações atuais do presidente chinês são sobre buscar combate à emergência climática. Então, todos esses países, países de grandes emissões, eles têm que buscar, realmente, zerar as emissões logo. Porque lá na COP26, em 2021, a Índia disse que ia zerar as suas emissões líquidas só em 2070. A China disse em 2060. A Rússia, em 2060. O resto dos países falaram em 2050, inclusive o Brasil. Mas, agora, não pode mais. Não podemos esperar nem 2050.
Então, esses países, que são os maiores emissores, vão ter que atuar muito. Tem que se buscar muito recurso. O fundo verde climático tem que atingir trilhões de dólares. Mas essa é uma obrigação dos países para impedir um suicídio ecológico, um ecocídio. Agora, tem que combater esse negacionismo americano com políticas muito fortes. Então, estou otimista que essa será a mais importante das 30 COPs.
IM – Em relação à busca por recursos que o senhor acabou de mencionar, o senhor entende que há um papel para o mercado financeiro no combate ao aquecimento global?
Dr. Carlos – Sem dúvida, o mercado financeiro tem uma enorme responsabilidade de acelerar muito a busca de soluções. E estamos falando de trilhões de dólares. Mas, veja bem, hoje já começa a ter um valor muito alto um dos mercados de combate à emergência climática, que é o mercado de carbono.
Então, para acelerar quem ainda emite gás de efeito estufa, você teria que comprar o crédito de carbono. Porque, com o crédito de carbono atingindo um valor econômico alto, você tem dois benefícios. Primeiro, quem emite vai rapidamente fazer a transição, senão vai ter que ficar pagando o valor alto do seu produto combustível fóssil, a agropecuária que emite muito, a produção de cimento, a produção do aço, tudo isso emite, vai ter que pagar.
Então, esses setores todos, principalmente combustíveis fósseis, vão buscar uma mais rápida transição. Esse é um. O outro ponto é que esse recurso, se todos os setores que emitem tiverem que pagar esse valor alto do crédito de carbono, nós estamos falando de trilhões de dólares.
Aí você usa esses trilhões de dólares para uma super rápida transição energética dos países pobres. Você usa isso para a transição da agropecuária, do que a gente chama a agricultura e a pecuária regenerativa no mundo inteiro, que emite muito menos, é muito mais resiliente aos extremos climáticos, muito mais produtiva, até mais lucrativa, mas pode ser. Financiar o setor do agronegócio para fazer a transição rápida, também o setor de produção de cimento, industrial, de aço.
Já há, por exemplo, países como a Alemanha, que já querem, por exemplo, a Alemanha disse que não mais vai usar carvão. A Alemanha tem grande produção lá na Alemanha de carvão. A partir de 2035, a Noruega, que se tornou um país muito rico, dependendo do petróleo, do gás natural do Norte e do Atlântico, disse também, até 2035, não mais vai explorar nenhum combustível fóssil.
Então, essa transição pode ser muito rápida com o setor financeiro financiando muito e com o setor econômico que ainda usa combustíveis fósseis, eles vão pagar o crédito de carbono e vão rapidamente buscar a transição. Então, eu vejo, sim, uma importância muito grande e totalmente factível.
IM – O senhor já comentou em algumas entrevistas e artigos sobre o potencial do Brasil em ser líder de uma economia de baixo carbono. Qual é o posicionamento do senhor sobre isso?
Dr. Carlos – Sem dúvida, o Brasil tem toda a condição, eu tenho ouvido isso muito, e eu acho que o Brasil deve levar isso para a COP 30, porque o presidente Lula, de uma forma muito brilhante, no seu discurso final, na reunião do G20, em novembro, no Rio de Janeiro, no seu discurso final, ele fez um desafio muito importante. Todos os países têm que zerar o saldo de emissões, que nós chamamos de emissões líquidas, em 2040, não mais que em 2045. E o presidente Lula fez essa mensagem porque a temperatura já está muito alta em 2024, continua em 2025.
Então, o Brasil tem toda a condição de ser o primeiro país de grandes emissões [a reduzir]. Por exemplo, agora nós temos sido o sexto, o sétimo, o maior emissor, quatro emissões globais. Por quê? Porque, em média, 70% das nossas emissões são uso da terra, não são queimas de combustíveis fósseis. Globalmente falando, 75% das emissões é queima de petróleo, carvão, gás natural. O Brasil, ao contrário, é desmatamento, cerca de 50% das emissões. E 20%, 25% agropecuária, principalmente a pecuária.
O governo atual, e até alguns poucos governos estaduais, mas um muito importante, que é o Estado do Pará, tem política de zerar o desmatamento, a degradação, o fogo. O Brasil quer zerar o desmatamento até 2030. Tem que zerar a degradação também e o fogo. Enorme desafio. O ano passado tivemos quase 240 mil incêndios em todos os biomas brasileiros, menos o Pampa, que choveu muito lá, mas a Amazônia, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Cerrado, até mesmo a Caatinga, teve muitos incêndios.
Esse é o objetivo do Brasil até 2030. De fato, o desmatamento reduzimos. O desmatamento da Amazônia reduzimos mais de 60% em 2024, em relação ao 2022. Mata Atlântica também. Cerrado aumentou muito em 2003. Finalmente, diminuiu em 2024. Continua diminuindo em 2025. Então, esse é o caminho. Se o Brasil atingisse os objetivos até 2030, nós já teremos reduzido 50% das nossas emissões, também reduzindo o fogo.
Com a transição energética, o Brasil tem um gigantesco potencial. Energia renovável, solar, eólica, hidrogênio verde. A primeira fábrica está lá, sendo construída lá no Ceará. Um enorme potencial. Biocombustíveis, também. Não precisaremos mais, até 2040, de nenhum veículo a combustíveis fósseis.
Sempre vão ter emissões da agricultura, da pecuária. Então, o que nós temos que fazer para as emissões líquidas serem zero? Grandes projetos de restauração florestal. Então, para salvar a Amazônia, que está na beira do ponto de não retorno, nós precisamos restaurar grande parte da área desmatada. Nós temos em toda a Amazônia mais de um milhão de quilômetros quadrados desmatados, outro milhão de quilômetros quadrados degradados. Então, nós temos que restaurar.
O Brasil lançou na COP28 em Dubai, em 2023, o arco da restauração. Um projeto enorme de restaurar 240 mil quilômetros quadrados da Amazônia brasileira, principalmente o Sul desmatado e degradado, até 2050. 60 mil quilômetros quadrados até 2030.
Com isso, o crescimento da floresta secundária remove uma grande quantidade de gás carbônico. Por exemplo, na Amazônia, remove entre 11 e 18 toneladas de gás carbônico por hectare, 10 mil metros quadrados por ano, isso por uns 40 anos. Então, em 2040, o Brasil vai ter zero desmatamento, degradação, fogo, já uma grande transição energética, quase não usando mais combustíveis fósseis e também reduzindo as emissões da agricultura, mas compensando ainda as poucas emissões do combustível fósseis e da agricultura com a remoção.
E a partir de 2040, o Brasil pode ser o primeiro país a ter uma grande remoção, a gente chama de emissões negativas, quer dizer, ele não emite mais, ele vai estar removendo centenas de milhões de toneladas de gás carbônico por ano até 2100. Isso é essencial para não deixar a temperatura passar de 1,5 graus lá em 2100.
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