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Disciplina militar, metas agressivas e virada de chave de Filypele no day trade

Antes de se tornar trader full time, Filypele Macedo carregava nas costas uma meta mensal muito agressiva em vendas. “Imagina você com uma responsabilidade de R$ 4 milhões (de meta) por mês”, conta. O que parecia sucesso no mundo corporativo, na verdade, era o gatilho para uma guinada definitiva rumo ao mercado financeiro.

Em entrevista ao InfoMoney durante a Expert XP 2025, Filypele compartilhou como uma carreira de oito anos no Exército Brasileiro e a experiência no setor de vendas ajudaram a moldar seu estilo disciplinado de operar — e como isso o levou à consistência como trader.

“Eu tive uma carreira militar de 8 anos. Isso me ajudou bastante a formar, na minha opinião, a principal característica para um trader, que é disciplina”, ressalta.

Depois da baixa, em 2015, Filypele ainda passou cinco anos no mundo corporativo, com destaque para a atuação na área comercial da antiga Souza Cruz. “A principal empresa que eu trabalhei nessa vida pós-Exército foi a Souza Cruz, onde também me ajudou a montar um pouquinho do operacional que eu tenho hoje”, comenta.

Do estresse à independência

A pressão por resultados, aliada ao desalinhamento com o trabalho em vendas, fez Filypele buscar uma alternativa.

“Trabalhar com vendas é muito cruel. Eu acho que a pessoa que trabalha com vendas ou ela gosta muito, ou na primeira oportunidade ela quer sair fora”, reconhece. Embora não gostasse de trabalhar com vendas, sempre cumpriu seu papel com excelência.

Com o incômodo crescente, ele resgatou o interesse pelo mercado financeiro — que começou em 2015 — e aprofundou os estudos.

“Eu dei sorte de chegar no mercado antes do boom de muitos educadores. O principal professor que eu tive foi muito duro quanto ao que é o mercado financeiro de verdade. Não existe mágica. Você tem que ter dinheiro para fazer dinheiro e saber gerenciar o seu dinheiro”, pontua.

O reconhecimento como profissional veio em 2018, quando quitou o primeiro boleto com dinheiro do mercado. Mas foi apenas em 2020 que se consolidou como trader full time.

Simples mas não simplista

Com um modelo de operação construído a partir da influência de nomes como Stormer, Filypele manteve sua essência desde o início. “O operacional é o mesmo desde 2018. A gente faz algumas adaptações porque o mercado é cíclico, mas a gente não pode confundir o simples com o simplista”, afirma.

Sua tela gráfica inclui quatro médias móveis de 200, 50, 20 e 9 — essa última exponencial. A análise é voltada para regiões de força com base nas médias e contexto gráfico.

Ele também utiliza Fibonacci, com cautela. “Eu não sou um ‘fibo lunático’, utilizo muito mais para gráfico semanal, gráfico diário, para não entrar naquelas regiões de pressão”, explica.

O gerenciamento de risco é um pilar inegociável. “Se eu não tenho o meu risco de 1 para 1 livre até a próxima região, é um trecho que eu não devo executar”, enfatiza.

E alerta: “Nunca troque uma operação vencedora por uma perdedora. Se você entrou em uma operação, ela pagou o risco que você correu, seria o risco 1 pra 1, essa operação não pode mais te gerar prejuízo”, alerta.

Conselho

Para quem está começando ou ainda não alcançou a consistência, Filypele é direto: “Isso daqui não é uma profissão para amadores. Não tem problema nenhum você ser um iniciante, só que você só não pode ser um iniciante amador”, aconselha.

Ele destaca que muitos já têm conhecimento técnico suficiente, mas falham na execução por falta de disciplina e apoio.

“A maioria dos traders é muito cabeça dura. É uma profissão muito solitária. Procure um ambiente que você sinta que é realmente propício ao sucesso. Procure um mentor”, sugere. 

Confira mais conteúdos sobre análise técnica no IM Trader. Diariamente, o InfoMoney publica o que esperar dos minicontratos de dólar e índice

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