Pular para o conteúdo principal

Black Friday deve repetir boom de compras básicas, com cautela dos consumidores

A Black Friday de 2025, marcada para 28 de novembro, deve repetir o mesmo perfil observado no ano passado, com maior procura por itens de consumo essencial e abastecimento doméstico, enquanto bens duráveis seguem fora do radar das famílias. O comportamento reflete o momento econômico atual, em que emprego e renda mostram resistência, mas a confiança ainda é afetada pelos juros elevados e pela inflação persistente.

“Este ano a data coincide novamente com o pagamento dos salários e da primeira parcela do 13º, o que aumenta a liquidez das famílias. Mas a confiança do consumidor segue baixa, e inadimplência e os juros altos pressionam decisões de compra de maior valor”, explica a diretora de marketing da Scanntech, Priscila Ariane.

Segundo levantamento da empresa de tecnologia para ponto de venda – que acompanha transações de varejo superiores a R$ 1 trilhão por ano, o equivalente a 9% do PIB – o padrão em 2025 deve ser o de um consumidor mais racional, guiado pela necessidade e pelo planejamento.

Calendário impulsiona varejo alimentar

A repetição do calendário, tende a reproduzir o movimento de 2024, quando muitas famílias anteciparam as compras do mês para aproveitar promoções. Ariane destaca que essa coincidência favorece o varejo alimentar muito mais do que setores tradicionalmente associados à data.

“Quando a Black Friday coincide com o pagamento do salário, há uma antecipação natural da compra de abastecimento. O consumidor fecha a compra do mês com algum nível de vantagem”, afirma.

Em 2024, por exemplo, o leite foi o produto que mais contribuiu para o crescimento absoluto das vendas, respondendo sozinho por 13% do avanço, um indicativo de que a data deixou de ser exclusivamente voltada a bens de alto tíquete.

Atacarejo

Na semana da Black Friday do ano passado, as vendas do varejo alimentar cresceram 19% em valor, segundo a Scanntech. O desempenho foi puxado pelos atacarejos, com alta de 29%, bem acima dos 18% registrados pelos supermercados. Em volume, o atacarejo cresceu 23%, ante 13% nos supermercados.

Com a decisão de abastecer despensas e geladeiras, o formato volta a ser o mais favorecido. “Com a compra de bens duráveis em suspenso, os consumidores ficam mais atentos aos descontos agressivos de itens básicos, ou nem tão básicos, especialmente antes das festas”, afirma Ariane.

Além do leite, categorias como cerveja  cresceram 12%, arroz 11%, refrigerante 10% e açúcar 5% também avançaram em 2024. Com mais dinheiro no bolso, alguns itens de maior tíquete também ganharam tração: whisky, cujas vendas subiram 291%, fralda infantil 151% e leite condensado 138%.

“A Black Friday de 2025 deve manter um perfil muito próximo ao do ano passado, com forte direcionamento ao atacarejo”, reforça a executiva. Supermercados tradicionais também devem se beneficiar, mas em menor intensidade.

Cautela

Mesmo com o reforço financeiro do 13º, o consumidor continuará seletivo. “O ambiente de juros altos e inadimplência elevada mantém as famílias avessas a compromissos longos”, diz Ariane. Com isso, setores dependentes de parcelamento – como eletrodomésticos, móveis e materiais de construção – seguem mais fracos, enquanto farmácias, vestuário de menor preço e o varejo alimentar continuam expandindo.

Descontos com estratégia

Além do comportamento do consumidor, o varejo também passou por ajustes. Em 2024, os descontos foram expressivos, mas as redes já atuaram com mais cautela para evitar erosão de margem, o que deve acontecer ainda mais neste ano. “Promoção não pode ser aleatória. Ela precisa ser estratégica e sustentável para a empresa”, afirma Ariane.

Com inflação e margens pressionadas, o setor passou a avaliar com mais rigor quais categorias suportam cortes agressivos e quais precisam preservar rentabilidade. Dessa forma, segundo Ariane, a equação de 2025 deve repetir a mesma lógica de 2024. “Um consumidor mais cauteloso, um varejo mais analítico e a busca por promoções que façam sentido sem comprometer o orçamento.”

Varejo virtual

O comportamento cauteloso do consumidor também deve se repetir no varejo virtual. Conforme levantamento feito pela rede de empresas de marketing Rakuten Advertising, 85% dos consumidores dizem que vão avaliar não apenas descontos, mas também todos os possíveis acréscimos de tarifas e custos adicionais ao preço final do produto durante a Black Friday. “Com o aumento da conscientização sobre esses custos e impostos, os consumidores estão buscando marcas que comuniquem o valor de forma clara. Por isso, o frete grátis pode impulsionar as conversões”, destaca Salomão Araújo, VP Comercial da Rakuten.

A estratégia de cupons de descontos também pode ajudar. Cerca de 98% dos consumidores buscam por esses cupons para descontos especiais antes ou durante suas compras online, segundo a Rakuten.

Leia Mais: Black Friday: saiba como comprar com segurança e fugir de golpes e endividamento

The post Black Friday deve repetir boom de compras básicas, com cautela dos consumidores appeared first on InfoMoney.



source https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/black-friday-deve-repetir-boom-de-compras-basicas-com-cautela-dos-consumidores/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Após fim do EMBI+, novo indicador desponta como alternativa para medir risco

Qual o melhor termômetro para medir a volatilidade e os riscos de investir no Brasil (e em outros países)? Um bom caminho usado até meados do mês de 2024 era o Embi+, calculado pelo JPMorgan. Esta era a sigla para Emerging Markets Bond Index Plus, que significa Índice de Títulos de Mercados Emergentes Mais, basicamente medindo o desempenho de títulos públicos de economias emergentes. O índice auxiliava os investidores na compreensão do risco de investir em determinado país. Quanto mais alto fosse, maior seria o risco. A unidade de medida usada era ponto-base, trazendo a diferença entre a taxa de retorno dos títulos de países emergentes e a oferecida por títulos emitidos pelo Tesouro americano. A diferença constituía o spread, sendo essencialmente o Country Risk Premium, ou o Prêmio de Risco País. Contudo, o índice foi descontinuado em julho de 2024, fazendo com que o mercado perdesse uma boa referência sobre investimentos nos países emergentes. Uma alternativa a ser pensada num pr...

Dow Jones Futuro cai com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA

Dow Jones Futuro recua com temor de recessão e expectativa por decisão de juros nos EUA Os índices futuros dos EUA operam em baixa nesta segunda-feira (17), com investidores à espera da decisão do Federal Open Market Committee (FOMC), que se reúne nesta semana. A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) mantenha a taxa de juros no intervalo atual, entre 4,25% e 4,50%. No entanto, o mercado já precifica um possível início do ciclo de cortes a partir da reunião de 18 de junho. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, há uma probabilidade de 57,7% para um corte de 25 pontos-base nessa data, com projeção de pelo menos mais um ajuste da mesma magnitude até o fim do ano. Também pesa sobre o mercado o comentário feito pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent , no domingo sobre não haver “nenhuma garantia” de que a maior economia do mundo evitará a recessão, apenas uma semana após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter se recusado a descartar uma possibilidade. Estados Un...

Nova tabela progressiva do IR atualiza faixa de isenção da PLR; veja o que muda

Com a atualização da base da tabela progressiva para o Imposto de Renda, a Receita Federal também ajustou a tributação para quem ganha a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) das empresas. Em fevereiro, o governo federal aumentou a primeira faixa da tabela progressiva do IR para o ano que vem, que subiu dos atuais R$ 2.640 para R$ 2.824 — o dobro do salário-mínimo em vigor em 2024 (R$ 1.412). Depois, através de uma instrução normativa, atualizou também a primeira faixa da tabela para PLRs. A mudança está válida desde fevereiro deste ano e passa a impactar os valores informados na declaração de IR 2025. A PLR é um valor pago de “bônus” aos profissionais e fica retida na fonte, ou seja, é tributada antes de cair na conta do beneficiado. A faixa de isenção atual da PLR é de R$ 7.404,11 e passará a ser de R$ 7.640,80. As outras faixas de tributação permanecem iguais. Veja a tabela válida para o IR 2025: Valor do PLR anual (em R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do impos...