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7 passos para começar a investir em 2026 sem medo do ano eleitoral

Na virada do ano, organizar as finanças e finalmente começar a investir volta ao centro das resoluções de muita gente. Mas tirar o plano do papel exige mais do que escolher produtos: envolve hábito, disciplina e entender como navegar um cenário que deve incluir volatilidade eleitoral.

Com a chegada de 2026, que deve ser um ano de volatilidade por conta das eleições no segundo semestre, os especialistas Michael Viriato, planejador financeiro e sócio da Casa do Investidor, e Rachel de Sá, estrategista de alocação da XP, apontam estratégias para quem quer sair do zero, formar reserva, criar hábito e estruturar uma carteira capaz de atravessar ciclos políticos e econômicos – e apontam os erros mais comuns nesse caminho.

1) Não espere a eleição passar para começar

O debate eleitoral costuma trazer ruído, mas não deve ser motivo para adiar o primeiro aporte. Para Rachel de Sá, o investidor iniciante não precisa tentar prever o cenário político: o mais relevante é começar e diversificar. “A decisão de investir não deve ser adiada por causa do ano eleitoral”, afirma.

Michael Viriato reforça que o iniciante deve compreender seu perfil e aceitar que alguma oscilação no curto prazo faz parte do processo. Se pequenas quedas provocam frustração grande, talvez seja necessário ajustar a exposição a risco.

A recomendação central: comece, mesmo que pequeno, e deixe o tempo trabalhar a seu favor.

2) Supere os “três P’s” que travam o investidor iniciante

Antes do primeiro investimento, a maior barreira é comportamental. Viriato resume o problema nos “três P’s”:

  • Procrastinação, quando o investidor adia indefinidamente;
  • Preciosismo, quando busca a estratégia perfeita e nunca se satisfaz;
  • Paralisia, quando o medo de errar impede qualquer início.

“O feito é melhor que o perfeito”, diz. Por isso, o início não precisa ser ideal: precisa acontecer. O hábito importa mais do que a escolha do produto perfeito logo no primeiro mês.

3) Organize seu orçamento e encontre espaço para poupar de verdade

A capacidade de investir nasce antes da escolha dos produtos. Ela surge do diagnóstico de gastos.

Viriato recomenda mapear despesas pequenas — cafés, lanches, assinaturas — que, somadas, representam um valor relevante ao fim do mês. Também aconselha revisar contratos de serviços, como internet e telefonia, para reduzir custos fixos.

De Sá sugere reorganizar a vida financeira para que boletos essenciais sejam pagos logo após o salário cair na conta, um truque simples para não cair na ilusão de dinheiro disponível.

Para os mais indisciplinados, Viriato indica criar mecanismos de “poupança automática”, como previdência com débito no cartão ou consórcios, que funcionam como um compromisso mensal inevitável.

4) Encare a reserva de emergência como proteção, não objetivo

A reserva é o colchão que permite investir sem entrar em desespero no primeiro imprevisto. Para Viriato, ela funciona como o “visor do tanque de combustível do carro”: ninguém pensa nele até que ele fique vazio.

De Sá reforça que a reserva serve tanto para emergências negativas quanto positivas — como aproveitar uma oportunidade inesperada.

Ela deve ter três características fundamentais:

  • liquidez imediata,
  • segurança,
  • baixa volatilidade.

Os produtos mais adequados seguem os clássicos: Tesouro Selic, fundos DI simples e CDBs de bancos sólidos com remuneração mínima de 100% do CDI.

5) Use o tempo a seu favor: por que começar em 2026 faz diferença

Para mostrar o impacto do tempo, Viriato apresenta uma simulação simples para quem deseja ter uma renda de R$ 10 mil mensais na aposentadoria, considerando taxa real de 5% ao ano

  • Se começar aos 25 anos, basta investir R$ 1.200 por mês.
  • Se começar aos 55 anos, o valor dispara para R$ 12.200 por mês.

O ponto é que cada década de adiamento mais do que dobra o esforço necessário.
Por isso, dar o primeiro passo logo no início de 2026 pode ser o melhor investimento do ano, muito antes de escolher qualquer ativo específico.

6) Diversifique desde o começo

Em um ambiente com juros altos e eleições no horizonte, a diversificação ajuda a suavizar oscilações e melhora o retorno ajustado ao risco.

De Sá explica que a carteira deve misturar classes descorrelacionadas:

  • renda fixa pós-fixada, prefixada e IPCA+;
  • multimercados;
  • ações brasileiras e internacionais;
  • renda fixa global;
  • previdência como complemento de longo prazo.

“Quando você diversifica, combina ativos para atingir o melhor resultado possível dado um certo risco”, destaca.

7) Tenha paciência: não avalie resultados no calor das notícias

Para os especialistas, imediatismo é o principal inimigo do investidor. A avaliação do desempenho da carteira deve ser feita em janelas de três a cinco anos, não a cada oscilação provocada por ruídos políticos, pesquisas eleitorais ou manchetes de curto prazo.

Em 2026, com a quantidade de informações conflitantes que deve circular, essa disciplina será ainda mais crucial. Constância nos aportes, estratégia clara e respeito ao perfil valem mais do que tentar prever o noticiário.

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